Santo André,
1º de outubro de 2013
Caro prefeito Carlos Grana
Em resposta à sua nota sobre o
compromisso com a manutenção do projeto artísco-pedagógico da Escola Livre de
Teatro de Santo André, vimos esclarecer nosso ponto de vista, bem como
ressaltar algumas reivindicações fundamentais à manutenção do projeto. Nossas
respostas vêm abaixo dos itens elaborados pelo senhor.
1.
O
projeto Escola Livre de Teatro será mantido;
Manter o projeto Escola Livre pressupõe
não apenas a afirmação de um acordo, mais do que isso, pressupõe a autonomia de
práticas e decisões pedagógicas sistemáticas e diárias, tais como o uso e a
intervenção no espaço físico, incapaz de ser realizada sem um diálogo profícuo
com a Secretaria de Cultura e com os funcionários da Escola, o oposto do que
vem acontecendo com os nossos interlocutores atuais.
Portanto,
MANTER o projeto pedagógico da ELT SIGNIFICA:
A. Abertura da licitação de funcionamento da escola em 2014, que possibilita a permanência dos mestres que lá lecionam e da Cooperativa Paulista de Teatro como pessoa jurídica, que os representa na contratação.
B. Autonomia dos processos pedagógicos na utilização do espaço da escola e do calendário escolar de acordo com as necessidades dos projetos desenvolvidos.
C. Manutenção de um corpo de funcionários engajado e colaborativo.
2. NUNCA foi determinado o término desse projeto, pois trata-se de política pública instituída na gestão Celso Daniel que se mostrou exitosa;
Reconhecemos e trabalhamos para o êxito
desse projeto há mais de 20 anos e NUNCA cogitamos a possibilidade de seu
término, dada a grandeza de sua história e o vigor atual de sua execução.
Infelizmente, a gestão atual mantém o mesmo discurso da anterior, e tal
discurso sobre a continuidade não se comprova nas ações de sabotagem e
sucateamento que vêm sendo realizadas pela prefeitura.
3. Informamos que na sexta-feira (27 de setembro), a ELT teve suas aulas diurnas interrompidas para uma vistoria técnica, e foi reaberta para seu funcionamento normal das aulas noturnas, e assim se mantém aberta até a data de hoje.
Na realidade a
Escola foi fechadas as 9:00hs, sem nenhuma explicação, e permaneceu trancada sem que qualquer
vistoria acontecesse e sem a presença de funcionários para esclarecimentos.
Somente às 17:00hs, o gerente de teatro, Donizeti Meira, afirmou à coordenação
pedagógica que a escola permaneceria fechada até que uma vistoria fosse feita,
e que quaisquer informações poderiam ser obtida somente na segunda-feira,
diretamente com o secretário de cultura. A reabertura, no entanto, ocorreu por
volta das 20:00hs da própria sexta-feira, coincidentemente logo após o
telefonema da Folha de São Paulo à Secretaria de Cultura pedindo esclarecimentos.
As aulas noturnas, que deveriam ter sido iniciadas às 18:30hs, não puderam
acontecer normalmente, como dito pelo senhor.
4. É notório que as
condições físicas do prédio onde os alunos da ELT recebem aulas estão em
péssimo estado, decorrente dos desmandos da administração anterior;
Sim, inclusive um
relatório detalhado destas condições foi entregue à atual Secretaria de Cultura
na primeira reunião, em janeiro deste ano, mês da publicação da licitação da
reforma do telhado, até a presente data não realizada.
5. É sabido que os
três teatros de Santo André, encontram-se interditados para adequação às normas
de segurança, sem que esse fato fosse decorrente da vontade dessa
administração. Assim, estamos diante de valores, tais como, a preservação da
vida;
Uma vez que o
teatro Conchita de Morais é um dos três teatros da cidade e sede da Escola
Livre de Teatro, é notável que o prefeito já considere o Teatro Conchita de
Morais interditado, contradizendo sua fala anterior de que a escola ainda estava
aberta.
6. De fato, a administração anterior elaborou uma licitação no valor de R$ 1.700.000,00 para a adequação da parte elétrica e telhado do teatro Conchita de Moraes. Entretanto, os recursos não foram apontados na peça orçamentária do ano fiscal vigente, razão pela qual a Secretaria de Obras não pode realizar tais melhorias.
Agradecemos pelo
primeiro pronunciamento do ano a respeito do processo nº 26.100/2012-3, do
edital nº 501/2012, de reforma nos telhados do Teatro Conchita de Morais, já
licitado e sobre o qual permanecemos sem respostas até agora. Trata-se de um
projeto de reforma duramente batalhado para que ocorresse sem prejuízo do
processo pedagógico, prevendo a permanência da escola no prédio mesmo durante
as melhorias e a utilização do período de férias para a realização dos ajustes
principais. Qualquer plano de reforma ou interdição que ignore este processo só
pode ser entendido como sabotagem com objetivos políticos.
7. Quanto a
eventuais atrasos nos pagamentos dos fornecedores, a Prefeitura de Santo André,
nessa atual gestão, herdou dívidas da gestão anterior na cifra de 115 milhões
de reais, e que, o resultado financeiro da prefeitura não tem sido positivo a
ponto da Secretaria de Finanças atrasar pagamentos. Considere nesse contexto, a
própria Cooperativa Paulista de Teatro, empresa que na oportunidade ganhou a
licitação e recebe a quantia de R$ 431mil reais/ano;
A troca de e-mails
entre a Secretaria de Cultura e a administração da escola, em que os atrasos
nos pagamentos ficam evidentes, está documentada e disponível para quem tiver
dúvidas. O atraso do mês de maio, um, dentre os cinco que ocorreram no ano,
aconteceu não por falta de verba, mas porque o gerente de formação cultural,
Ivan Augusto, estabeleceu repentinamente que o pagamento daquele mês só
ocorreria com a entrega do planejamento pedagógico de cada professor, aula à
aula. A medida foi desconsiderada, dias depois, pela própria Secretaria, que
reconheceu sua arbitrariedade. Note-se também que, em nenhum momento, a prefeitura
pagou as multas contratuais devidas por estes atrasos, que já somam pelo menos
45 dias neste ano.
8. A Prefeitura
apresentou a possibilidade de um espaço para a manutenção das atividades da
ELT, até a total liberação pelos bombeiros do teatro Conchita de Moraes;
Novamente o
prefeito deixa ambíguo o acontecimento: ha uma interdição da Escola Livre de
Teatro ou não? Porque não recebemos nenhuma notificação bem como a visita do
corpo de bombeiros. O secretário de governo Tiago Nogueira, de fato, mencionou a
possibilidade da Escola ser transferida para outro local, caso fosse
necessário, sem contudo falar em datas e sem propor uma visita técnica do corpo
docente a um novo espaço.
9. Não há que se
falar em falta de diálogo. Os canais de comunicação entre a empresa Cooperativa
Paulista de Teatro e a Prefeitura de Santo André sempre estiveram abertos,
sendo que só nos últimos dias os representantes da empresa Cooperativa Paulista
de Teatro se reuniram duas vezes com o secretário de gabinete Tiago Nogueira;
Diante da sua
colocação, parece evidente a falta de comunicação e coerência entre a
secretaria de cultura e o governo. As reuniões com a Secretaria de Cultura
foram interrompidas desde maio deste ano. A reunião de junho, anteriormente
marcada, foi cancelada sem justificativa. Em julho e agosto, a Secretaria não
apenas não retornou aos pedidos de reunião como deixou de responder aos e-mails
dos coordenadores pedagógicos. Diante deste quadro inaceitável, o secretário de
governo foi procurado, mas só retornou no momento em que a diretoria da
Cooperativa Paulista de Teatro assumiu a negociação. Foram prometidas por duas
vezes reuniões, com a presença do prefeito Carlos Grana e do secretário de
cultura Raimundo Salles, que só ocorrerão nesta quarta-feira, dia 02 de outubro,
após a repercussão política, na imprensa, na classe artística e nas redes
sociais, sobre o fechamento da
ELT.
10. A política de governo de manter a ELT pressupõe um conjunto de ações inter-secretariais, de forma matricial, que envolve a Secretaria de Obras, de Finanças, de Assuntos Jurídicos, de Planejamento, de Cultura e o Governo, pois o tema demanda ações conjuntas de todas essas áreas. Desta forma, ficou agendada uma reunião com os setores do Governo e representantes da empresa Cooperativa Paulista de Teatro para a próxima quarta-feira, dia 2 de outubro, às 16 horas, com a presença do prefeito Carlos Grana."
Compreendemos a
necessidade de ações inter secretariais para a solução de problemas da escola.
Mas é importante ressaltar que a reunião citada pelo senhor foi marcada por
iniciativa da ELT e não do governo. O envolvimento da secretaria de governo na
questão só ocorreu quando o diálogo com a Secretaria de Cultura, à qual, de
fato, a ELT está vinculada, foi interrompido. Apesar da responsabilidade pela
continuidade do projeto ser inter secretarial, compreendemos que a Secretaria
de Cultura deva ser nossa principal interlocutora.
Um comentário:
Sem querer partir para o trocadilho fácil, parece que o prefeito de Santo André está mais preocupado com o seu sobrenome do que em resolver rapidamente esse imbróglio injustificável. Cabe aos artistas e ao público direta e indiretamente interessado na manutenção da escola se pronunciarem. Que tal uma "manifestação", hein?
Postar um comentário