Encontraram na pesquisa da identidade brasileira (manifestos Pau Brasil e Antropófago, Movimentos de vanguarda européia, Semana de Arte Moderna de 1922 e Tropicalismo) fonte de inspiração para a construção de poéticas e pensamentos artísticos, criando cenas à luz dos conceitos presentes, misturando linguagens, materiais, estilos musicais, e tendo como resultado um trabalho autoral com múltiplos apontamentos estéticos.
Ainda na Formação 11, depois de pesquisarem a dramaturgia de Nelson Rodrigues, também com os mestres Denise Weinberg e Alex Tenório, os artistas aceitaram a indicação do mestre Antônio Rogério Toscano e chegaram ao romance brasileiro “Asfalto Selvagem: Engraçadinha seus amores e seus pecados”. A escolha deste material permitiu ao grupo experienciar a desconstrução da narrativa a serviço da construção dramatúrgica. Depois, antropofagizado, foi reorganizado de diferentes maneiras para a construção cênica, livre de formas pré-concebidas, as quais alguns poderiam chamar de “tradicional teatro Rodrigueano”.
Esta foi alimentada, principalmente, pela análise de Nuno Ramos (conceituado artista plástico e, recentemente, muito criticado pela exposição da obra “Bandeira Branca” – Urubus em Cativeiro, na 29a Bienal de São Paulo), em “A noiva desnudada”, acerca da composição teatral de Nelson e que trata, principalmente, das relações de oposição em sua escrita, como belo/grotesco e arcaico/moderno.
Já fora das paredes - sempre penetrantes e que nunca aprisionam - da Escola Livre de Teatro, espaço que ensina a voar e a firmar os pés, o Coletivo Teatro da terra continua sua pesquisa, agora trilhando novos caminhos, tendo como parceiro o Teatro da USP: a oportunidade de visitar e compartilhar seu trabalho com novas plateias pelo interior do Estado, e divulgar a prática da ELT.
Trecho da Provocação Inicial feita à Formação 11 pelo mestre Antônio Rogério Toscano:
“A provocação era clara: seria possível reconhecer uma cena derivada do encontro multicultural de tradições, em que se reconhecessem como procedimentos de linguagem legítimos os elementos derivados de ritos, folguedos, festas populares - especialmente das formas híbridas de manifestação cênica local, vislumbrada no entroncamento das culturas indígenas, negra e européia? Em que medida o reconhecimento destes aspectos permite elaborar uma cena contaminada de nítida influência da "ninguendade" cultural brasileira e de profundo acesso à sensibilidade de artistas contemporâneos, curiosos por problematizar a visão tradicionalmente eurocêntrica do nosso teatro? É possível que esta teatralidade consiga espelhar algo do "homem brasileiro contemporâneo", em registros cênicos que envolvam o uso de linguagens diversas que habitam a fronteira da teatralidade com a dança, com as artes visuais, com a performance?”(Antônio Rogério Toscano)
O espetáculo CURRAL integra o Circuito TUSP de Teatro 2010, programa de ação continuada do Teatro da USP-TUSP, órgão da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da USP, e cumpre a seguinte agenda de apresentações:
7 out - Auditório Profº Sérgio Mascarenhas
PIRASSUNUNGA - 26 out - Centro de eventos do Campus
PIRACICABA - 27 out - 19h30 - Teatro Municipal - sala 2
28 out - 20h - Teatro do SESI
FICHA TÉCNICA
Dramaturgia: Coletivo Teatro da Terra [livremente inspirado na obra Asfalto Selvagem, de Nelson Rodrigues].
Atores-criadores: Aila Rodrigues, Fernando Gimenes e Marcos Reis.
Ator Stand in: José Renato Noronha
Direção e encenação: Coletivo.
Assistência de direção e preparação de elenco: Viviane Palandi
Caracterização, sonoplastia e cenário: Coletivo / Iluminação: Fernando Gimenes / Técnico de luz: Fabrício Zavanella / Operação de Luz: Viviane Palandi / Provocador Inicial: Antônio Rogério Toscano / Fotos divulgação: Mário Augusto Matiello
Agradecimentos: Aos mestres e aprendizes da Escola Livre de Teatro de Santo André, Espaço Cultural Pyndorama e ao TUSP - Teatro da USP.
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COLETIVO TEATRO DA TERRA.
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