sábado, dezembro 30, 2006

EDITAL INTERNO PARA A OCUPAÇÃO DE SALAS DE ENSAIO NA ESCOLA LIVRE

A Escola Livre está recebendo projetos para ocupação de duas das suas salas de ensaio, como extensão às atividades pedagógicas regulares, sem prejuízo destas. Serão contemplados preferencialmente projetos de trabalho continuado e de grupos cujos integrantes residam, em sua maioria, no município de Santo André. Tais grupos deverão apresentar propostas de trabalho, segundo os termos definidos em edital interno próprio (a ser consultado na secretaria da ELT). Poderão encaminhar propostas de trabalho grupos de pesquisa teatral e/ou em artes cênicas (como dança, performance, circo) interessados em desenvolver atividades em contato com a Escola.

ESCOLA LIVRE DE TEATRO ABRE INSCRIÇÕES PARA A SELEÇÃO DE NOVOS APRENDIZES

As inscrições para os cursos oferecidos no ano 2007 já estão abertas e vão até 31 de janeiro. Os cursos são gratuitos.


O que é a Escola Livre?

A ELT é um centro de formação, pesquisa e experimentação das linguagens teatrais de acesso público e gratuito. A Escola é um espaço mantido pela Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer da Prefeitura de Santo André e mantém atividades nas diversas áreas do fazer teatral. Em 2007, a ELT recebe novos aprendizes em alguns dos seus núcleos de pesquisa e criação:


Núcleo de Formação de Atores

Com duração mínima de três anos, é o curso fundamental e mais tradicional da Escola Já no primeiro ano são cinco dias de aula por semana (18:30 às 22:30h), de segunda a sexta. Não há pré-requisitos para a inscrição, a não ser a idade mínima de 18 anos (candidatos menores de 18 anos devem obrigatoriamente se inscrever para o Núcleo de Teatro-Laboratório). Os inscritos farão parte da seleção, que ocorrerá no período de 02 a 16 de fevereiro.


Núcleo de Teatro Laboratório (Iniciação Teatral)

Este curso tem por objetivo receber jovens (maiores de 16 anos, porém menores que 18 anos) interessados em uma iniciação ao universo do teatro. Aulas práticas, duas vezes por semana, são coordenadas por estagiários do Núcleo de Pedagogia da ELT e monitoradas por este Núcleo. Candidatos maiores de 18 anos também poderão se inscrever para o Teatro-Laboratório. Neste caso, ficam impedidos de participar da seleção para o Núcleo de Formação do Ator.
Coordenação: Eder Lopes e Juliana Osmondes (Atores formados pela ELT)

Núcleo de Direção Teatral

As atividades do núcleo são oferecidas a diretores ou interessados em direção teatral. Neste semestre o tema de estudo é a encenação a partir dos diferentes pontos de vista sobre uma mesma historia, tendo o teatro épico como fio condutor. Os primeiros dois meses serão dedicados a um estudo teórico dos moldes épicos de encenação para, na seqüência, iniciar-se a prática criativa.
Coordenação: Cláudia Schapira (Dramaturga e diretora do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos)

Núcleo de Narrativas de Passagem

“Narrativas de passagem” é um projeto de pesquisa e ação solidária que busca, através da criação de narrativas orais, a formação de narradores voluntários para a ação em asilos, hospitais, creches, escolas, em atividades de apoio às pessoas que estão envolvidas nas principais passagens ou mudanças fundamentais da vida (Infância, velhice, morte, etc). Depois de uma primeira fase, em que foram criados os textos a serem narrados e feitas experimentalmente as primeiras atuações no trabalho de campo, o Núcleo abre vagas para pessoas interessadas em serem formadas como NARRADORES.
Pré-requisito: ser maior de 25 anos
Coordenação: Verônica Nóbili (Atriz e mestra da ELT)

Núcleo de História do Teatro

O curso de História do Teatro neste semestre terá ênfase em Teatro Brasileiro e tem como um dos eixos a dramaturgia. Não há pré-requisito, além da idade mínima (18 anos), mas é necessário que o candidato tenha disponibilidade e gosto pela leitura.
Coordenação: Antônio Rogério Toscano (Dramaturgo, mestre em artes e professor da EAD, PUC e ELT).

Núcleo de Estudos do Teatro Contemporâneo (Iniciação à dramaturgia)

O curso de iniciação à dramaturgia é direcionado a autores em geral, dramaturgos, diretores, atores e demais interessados na escritura de textos para teatro. A dinâmica dos encontros inclui: estudo histórico e teórico sobre a literatura dramática e projetos pessoais de criação de cenas.
Coordenação: Kil Abreu (Mestre em Artes, Crítico teatral e atual coordenador da ELT).


Núcleo de Pesquisa e Montagem em Teatro de Rua

O núcleo é dedicado à pesquisa em teatro de rua. É um aprendizado prático, que envolve tentativa, erros e acertos. A cada semestre, o grupo escolhe um tema ou um texto para montagem de uma peça de rua e apresenta em praças, escolas e parques de Santo André e São Paulo. O trabalho é teórico e prático, por isso é necessário que o candidato tenha alguma experiência em teatro, mas não especificamente em teatro de rua. Em março, o Núcleo estréia sua pesquisa sobre “Mahagony” de Berthold Brecht e inicia a uma nova montagem,.
H
orário: Terças e quintas, das 14 às 18h. Duração mínima: 01 ano (montagem e apresentações). Apresentações nos finais de semana
Coordenadora: Ana Roxo (Dramaturga, diretora e atriz da Cia dos Dramaturgos).
Coordenador musical: Cristiano Gouveia (musico, ator formado pela ELT).
Vagas: indefinido
Seleção: entrevista, dia 13/02, às 15h.
Núcleo de Pedagogia Teatral

Núcleo aberto apenas a aprendizes que já passaram pela Formação da ELT e para monitores/oficineiros dos Centros Comunitários da cidade de Santo André (CESAs). Debates a respeito da Pedagogia Livre da ELT servem de ponto de partida para a reflexão sobre projetos de pedagogia teatral e de arte-educação. Os candidatos devem obrigatoriamente estagiar, acompanhando as atividades de algum dos mestres da Escola, além de estarem disponíveis nos dias de encontro do Núcleo.
Coordenação: Maria Ceccato (Atriz, Coordenadora de Teatro do Projeto Emia-Cidade)

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A ELT conta hoje com um corpo docente formado por mestres-artistas atuantes no teatro brasileiro contemporâneo: Alexandre Mate, Alexandre Tenório, Ana Roxo, Antônio Rogério Toscano, Camila Bolaffi, Cibele Forjaz, Cláudia Schapira, Denise Weinberg, Edgar Castro, Francisco Medeiros, Georgette Fadel, Gustavo Kurlat, Kil Abreu, Juliana Monteiro, Marcelo Milan, Newton Moreno, Thiago Antunes e Verônica Nóbili.

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Inscrições de 02 a 31 de janeiro de 2006
Local: Teatro Conchita de Moraes e Escola Livre de Teatro

Pça. Rui Barbosa, 12 - Bairro Santa Terezinha - Santo André

Horário de atendimento: das 9h às 12h e das 14h às 18h
Documentos necessários para a inscrição: cópia do RG, uma foto 3x4, autorização do pai ou responsável (para menores de 18 anos). Verificar exigências extras de cada Núcleo.
Mais informações: 4996 2164

domingo, novembro 19, 2006

MOSTRA DE PROCESSOS – ESCOLA LIVRE DE TEATRO

Dezembro de 2006 / Programação


02 sábado

18h Meia dúzia de Tchecov - Cenas adaptadas de contos do autor russo, montadas em processo colaborativo pelos aprendizes dos núcleos de Direção (atores e diretores, sob orientação de Cibele Forjaz), e Estudos do Teatro Contemporâneo (que assinam a dramaturgia, orientados por Kil Abreu).
Espaços da Escola Livre de Teatro. Público reduzido: 40 pessoas

20h30 Primeiro amor – uma leitura, espetáculo convidado. Texto integral da novela de Beckett escrita em 1945, levada ao palco sem adaptação.
Solo de Marat Descartes. Direção de Georgette Fadel.
Teatro Conchita de Morares

03 domingo

18h Meia dúzia de Tchecov
Espaços da Escola Livre de Teatro. Público reduzido: 40 pessoas
20h30 Primeiro amor – uma leitura
Teatro Conchita de Moraes

04 segunda-feira

18h30 No papel da vítima - work in progress da peça inédita no Brasil, dos irmãos russos Vladimir e Oleg Presnyakov. Um rapaz deixa a Universidade e entra para a polícia. Quer apenas um emprego especial. Representar o papel da vítima em reconstruções de crimes. Talvez estando perto da morte possa enganar a sua própria morte. Com a turma de Formação 09, sob orientação de Denise Weinberg e Alexandre Tenório.
Teatro Conchita de Moraes

19h Leitura de peças curtas (inéditas) dos aprendizes do Núcleo de Estudos do Teatro Contemporâneo. Por aquilo que cativas, de Renata Tavares; A leitura do fogo, de Anderson Almeida e Cidadão Tonho, de Plínio Soares . Orientação de Kil Abreu.
Casa da Palavra

05 terça-feira

20h30 Intervenções cênicas das turmas de Formação 09 e 10, a partir das aulas de técnicas circenses para o ator.
Coordenação de Marcelo Milan
Teatro Conchita de Moraes

06 quarta-feira

14h30 às 17h30 Workshop para narradores - oferecido pelo Núcleo de Narrativas de Passagem, com orientação de Luis Alberto de Abreu, Lucienne Guedes e Verônica Nóbili. Inscrições gratuitas, na ELT. 20 vagas

20:30h Aula aberta com a turma de Formação 10, sob orientação de Thiago Antunes.
Teatro Conchita de Moraes


07 quinta-feira

20h Olhos observando, solo do ator Alexandre Santo criado no Núcleo de direção teatral. Orientação de Cibele Forjaz

20h30 Experimento 2: exercício cênico com o Núcleo de Teatro Laboratório. Orientação de Michele Navarro e Márcio Castro
Teatro Conchita de Moraes

08 sexta-feira

16h Apresentação do Núcleo de experimentação corporal sob orientação de Juliana Monteiro.

18h30 Fórum Interno de mestres, aprendizes e funcionários da Escola Livre de Teatro.
Tema: “Autonomia na sala de trabalho: alcance e limites”.
Teatro Conchita de Moraes

09 sábado

18h Meia dúzia de Tchecov
Espaços da Escola Livre de Teatro. Público reduzido: 40 pessoas

20h30 No papel da vítima
Teatro Conchita de Moraes

10 domingo

18h Meia dúzia de Tchecov
Espaços da Escola Livre de Teatro. Público reduzido: 40 pessoas

20h30 No papel da vítima
Teatro Conchita de Moraes

11 segunda-feira

18h30 No papel da vítima
Teatro Conchita de Moraes

19h Leitura de peças curtas (inéditas) dos aprendizes do Núcleo de Estudos do Teatro Contemporâneo – Vermelho intenso extremamente vibrante, de Talita Araújo; Desenredo, de Tadeu Renato; Numa madrugada, de Cristina Santos e Cidadão Tonho, de Plínio Soares.
Casa da Palavra

12 terça-feira

20h Apresentação de trabalhos produzidos no ano de 2005, pela segunda turma da Escola Livre de Cinema e Vídeo.

20h30 Sobre Heróis (e tantas outras danças). Espetáculo convidado. Trabalho de finalização do processo da primeira turma do curso de formação avançada da Escola Livre de Dança.
Teatro Conchita de Moraes

13 quarta-feira

14h30 às 17h30 Workshop para narradores, oferecido pelo Núcleo de Narrativas de Passagem.

18h30 Demonstração de trabalho da Cia. São Gonçalo (grupo formado na ELT)

20h30 Jogo e improvisação no trabalho com máscaras. Exercício da turma de Formação 08. Orientação de Cuca Bolaffi

14 quinta-feira


16h Aula aberta, com o Núcleo de Montagem Circense da ELT. Orientação de Marcelo Milan
Galpão da Escola Livre de Teatro

20h30 O tempo, o poder e a morte. Exercício cênico com a turma de Formação 10, sob orientação de Edgar Castro.
Galpão da Escola Livre de Teatro. Público reduzido: 40 pessoas

15 sexta-feira

20h30 O tempo, o poder e a morte
Galpão da Escola Livre de Teatro. Público reduzido: 40 pessoas

16 sábado

18h Meia dúzia de Tchecov
Espaços da Escola Livre de Teatro. Público reduzido: 40 pessoas

20h30 No papel da vítima
Teatro Conchita de Moraes

17 domingo

18h Meia Dúzia de Tchecov
Espaços da Escola Livre de Teatro. Público reduzido: 40 pessoas

20h30 Estudo sobre o erótico. Estudo cênico com a turma F09, sob orientação de Alexandre Matte
Teatro Conchita de Moraes

Endereços:
Escola Livre de Teatro/ Teatro Conchita de Moraes
Praça Rui Barbosa, s/n – Santa Terezinha
Fone 4996 2164

Casa da Palavra
Praça do Carmo, 171 – Centro
Fone: 4992 7218

ENTRADA FRANCA para toda a programação
FOTOS (crédito obrigatório): Andréa Iseki

Inscrições (gratuitas) para os Núcleos da Escola Livre de Teatro
de 02 a 31 de janeiro de 2007

quarta-feira, novembro 01, 2006

DRAMATURGOS DA ELT PROCURAM ATORES E ATRIZES

O Núcleo de estudos do teatro contemporâneo fará, dentro da Mostra de Processos do final do ano, duas leituras, na Casa da Palavra, em Santo André, das peças curtas criadas por seis novos autores.

Pensamos em convidar os aprendizes da formação para fazer estas leituras. As peças estão na nossa pasta, é só pedir para a Dona Beth ou para o Sidnei.

Quem tiver interesse em participar é só nos procurar. Será nos dias 04 e 11 de dezembro, às 19h.

Este é um chamado para a integração dos núcleos de trabalho e criação da escola. E as peças são muito boas!

Novo espetáculo em cartaz na elt

Os Subterrâneos apresentam seu novo espetáculo:
Revolver
a Melodramatic and Trashy Cartoon

Dois sequestradores e assassinos de crianças num jogo de poder regado a drogas, sedução, acusações e muita música pop. E um revólver.
Trilha com músicas de Lou Reed, Sonic Youth, Cowboy Junkies e Madonna
De: Antônio Rogério Toscano
Direção: Jorge Pezzolo
Elenco: Ivan Ribeiro e Renata Régis
Orientação: Cibele Forjaz
Direção de Movimento: Camila Cristina
Cenário: Daniel Pedro
Iluminação: Rafaella Uhiara
Figurinos: Renata Régis
Teatro Conchita de Moraes
Praça Rui Barbosa s/n
Bairro Sta terezinha
tel 4996 2164
de 4 a 12 de Novembro, Sábados 20h e domingos 19h
R$10,00
Release:
A trama de "Revolver" sugere uma peça dramática com uma grande apoteose final. Mas o texto, escrito por Antonio Rogério Toscano, atualmente professor da EAD e ELT, foge da narrativa linear e dramática. Os anti-heróis de Revolver são feitos de lapsos de raciocínio, convidando todos a um exercício de observação do ser humano que não fala o que pensa, e sim o que lhe convém, em um jogo onde somente um poderá sair vencedor.

Por isso, o símbolo título da peça, Revólver, que simboliza o poder do opressor contra o oprimido. A violência da vida das personagens é somada ao imaginário comum da sociedade de massa, ambos desejando tornar-se ícones como os ídolos pop que ouvem ou os heróis de quadrinhos e filmes de ação. É o olhar saturado para o caos urbano.

O curioso título em inglês é fruto da pesquisa do grupo com a diretora e também professora da escola livre de teatro de santo andré e da ECA Cibele Forjaz. Como conclusão do bacharelado de direção teatral de Jorge Pezzolo, o grupo estudou a pop art, movimento que buscava tranformar as linguagens de comunicacão de massa como a música, o cinema e a televisão em criações poéticas. Isso fez com que o espetáculo ficasse multifacetado como uma uma histórinha em quadrinhos: em um momento temos a linguagem do realismo melodramático, em outra a linguagem de cartoon, mais estilizada, e por fim o video clipe pop com seu tempo e espaço poetizados. A pesquisa a partir de uma estética muito ligada a mídia ajudou na escolha do nome, visto que estamos no tempo dos ícones do cinema americano. Mas os dialogos acontecem normalmente, em português.
A peça propõe uma reprodução do universo pop, através do movimento conhecido como " Cultura sampler", prática da remixagem e da reciclagem em todos os territórios de ação artística , reproduzindo, manipulando e reutilizando fontes midiáticas pré-existentes. A estética de "Revolver" utiliza imagens desprezadas, como as da propaganda, da televisão, da literatura barata e do cinema, refletindo nas ações deste casal à influência que a mídia ganha no imaginário atual. "Revolver - a melodramatic and trashy cartoon" é um espetáculo jovem. Nele, a vida real e a ficção se espelham, deixando a dúvida para o público responder: quem representa o que na sociedade atual?
Contatos:
11 9529-6704
11 4438-8745
(jorge)

segunda-feira, outubro 16, 2006

EM CARTAZ: Meia Duzia de Tchékhov


SINOPSE DO ESPETÁCULO

Pequenas histórias de pessoas comuns às voltas com suas vidas comuns que, por um pequeno descuido, um engano, uma visita inesperada, uma brincadeira de mal gosto, uma aposta impensada... abre uma fresta para o mistério da existência. Com um humor ferino aliado à delicadeza, característicos de Tchekov, os Contos nos abrem uma brecha para o universo profundo, apenas sugerido, sob a superfície calma da vida cotidiana. Em cada pequena história se subentende um universo infinito de possibilidades, miríades de pontos de vista que refletem o homem por dentro, como um espelho que ao invés de refletir as aparências, mostrasse o que nos vêm na alma.

A CORISTA

A feminilidade infringida que ultrapassa o tempo. Não é apenas mais um triângulo amoroso. Duas mulheres se deparam no centro de um círculo de pedras. E diante deste “encontro-espelhamento” mostram suas forças, fragilidades, e porque não dizer, suas “mortes” num espaço restrito de uma sociedade patriarcal.

ANIUTA

Uma pensão barata de algum lugar. Pessoas comuns tem a paz acomodada na miséria da dominação de uns sobre os outros. A fragilidade feminina, a altivez intelectual, os diplomas acadêmicos: valores colocados em conflito quando se crê que o inferno são os outros. Se Deus está nos detalhes, no silêncio reside as maiores afirmações...

A APOSTA

Homem após uma aposta tentadora - de trocar 15 anos de sua vida por dois milhões passa a viver trancafiado na casa de um banqueiro.

O BILHETE PREMIADO

Num dia como qualquer outro um casal de classe média baixa almoça miojo com ovo e tubaína. Na hora do café conferem os números da quina e se vêem vencedores...

O ORADOR

Um homem com tanto talento para discursar que em algumas ocasiões há a necessidade de se chamar a policia para silenciá-lo. Sua retórica peculiar o acaba pondo em maus lençóis durante um velório.

dO Núcleo dE Direção

coordenação Cibele Forjaz

TODOS OS SÁBADOS ÀS 17:00h

até 11 de Novembro.

grátis

sexta-feira, outubro 06, 2006

NOVOS AUTORES TÊM LEITURA NA ELT

Neste sábado, 07 de outubro, a Escola Livre de Teatro de Santo André estará apresentando a segunda leitura de textos de novos autores, do Núcleo de Estudos do Contemporâneo. São três peças curtas:


Por Aquilo que Cativas
De Renata Tavares

Alice e João, seqüestrador e seqüestrada. Estão ambos no cativeiro, em uma situação limite. O prazo dado para o resgate está terminando. Entre eles há um afeto que surgiu com a convivência e que se manifesta de maneira absurda e violenta.


A Leitura do Fogo,
De Anderson de Almeida

Dois amigos entram em conflito na noite em que aguardam a invasão da polícia em uma biblioteca pública instalada em um prédio invadido. O que fazer quando a Lei e a justiça não andam juntas?

Tempo é dinheiro,
De Alessandra Cifalli

Generosidade ou jogos de poder? Três mulheres. Durante um almoço de família a irmã rica anuncia uma herança à mais nova e à mãe. Mas as condições impostas geram confusão e desapontamentos.

Esperamos você.

Sábado, 07 de outubro
17:00h
Teatro Conchita de Moraes - Praça Rui Barbosa, S/N Bairro Santa Terezinha - Fone 4996 2164

Prefeitura de Santo André
Secretaria da Cultura, Esporte e Lazer/ Departamento de Cultura/ Gerência de Formação e Difusão Cultural

sábado, setembro 30, 2006

Teatro da conspiração apresenta: TITO

A partir deste semestre o teatro Conchita de Moraes volta a receber espetáculos, além dos que são criados na Escola Livre.

A ELT, em parceria com a Secretaria da Cultura, Esporte e Lazer, preparou um edital de ocupação (que será lançado duas vezes ao ano), que prevê temporadas aos sábados e domingos, resguardadas as atividades da Escola.

A idéia é compartilhar o espaço do Conchita - um patrimônio da cidade - em diálogo com o projeto artístico da Escola Livre.

O próximo espetáculo é com o Teatro da Conspiração (inclusive grupo oriundo do núcleo de montagem, existente há alguns anos atrás) com seu novo Espetáculo TITO, que estréia sábado dia 30 de outubro.

Confiram o serviço e agendem-se!

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Teatro da Conspiração
da Cooperativa Paulista de Teatro
Apresenta

TITO
é melhor morrer do que perder a vida

Estréia: 30 de setembro - as 20h

Temporada: 01 a 29 de outubro. sábados às 20h e domingos às 19h

Teatro Conchita de Moraes
praça Rui Barbosa, 16, Santa Teresinha - Santo André - SP
Telefone: 4996-2164

Ingresso: R$ 10,00 (meia entrada para estudantes, classe teatral e 3º idade)

sexta-feira, setembro 22, 2006

ACUNTECEU O ACUNTECIDO NO TUSP

Nos próximos dois fins de semana estará em cartaz lá no Tusp (Rua Maria Antonia, 294)Acunteceu o Acuntecido - a comédia do fim do mundo, peça montada pela formação 7 da Escola Livre de Teatro. Dirigida por Edgar Castro, a peça conta a história de um grupo de pessoas que sobrevivem a uma catástrofe.



serviço:

Cia. 7 de Teatro
Apresenta...

ACUNTECEU O ACUNTECIDO - A COMÉDIA DO FIM DO MUNDO


Direção: Edgar Castro
Coordenação Dramatúrgica: Newton Moreno
Direção de Movimento: Georgete Fadel
Direção Musical: Gustavo Kurlat
Assistência Direção Musical: Cristiano Gouveia


DIAS: 22,23,29,30/09 E 01/10

SEXTAS E SÁBADOS ÀS 21hs - DOMINGOS ÀS 20hs

Valor: R$ 12,00 (inteira) e R$ 6,00 (meia)

TUSP - TEATRO DA USP
Rua: Maria Antônia, 294Consolação - São Paulo


terça-feira, agosto 29, 2006

Exercícios do Núcleo de Interpretação da ELT


Orientação: Renata Zhaneta



04 de setembro - 17 horas
Teatro Conchita de Moraes

quinta-feira, agosto 24, 2006

LEITURA DE TEXTOS INÉDITOS

O Núcleo de Estudos do teatro contemporâneo convida para a leitura de textos inéditos (cenas curtas) que foram criadas pelos aprendizes no semestre passado e início deste. Vai ser no próximo sábado, 26 de agosto, às 19h, no Conchita. Os textos que serão lidos são os seguintes (Depois haverá bate papo dos autores com o público):

Numa Madrugada, de Cristina dos Santos
Desenredo, de Tadeu Renato
Cidadão Tonho, De Plínio Soares
Tempo é dinheiro, de Alessandra Cifali

Em Setembro teremos mais leitura, com os textos dos outros aprendizes
Esperamos por todos lá.

terça-feira, agosto 15, 2006

Edital de Ocupação do Conchita


A partir deste semestre o teatro Conchita de Moraes volta a receber espetáculos, além dos que são criados na Escola Livre. A ELT, em parceria com a Secretaria da Cultura, Esporte e Lazer, preparou um edital de ocupação (que será lançado duas vezes ao ano), que prevê temporadas aos sábados e domingos, resguardadas as atividades da Escola.

A idéia é compartilhar o espaço do Conchita - um patrimônio da cidade - em diálogo com o projeto artístico da Escola Livre.


Entre os critérios utilizados pela comissão que seleciona os espetáculos estão: Clareza e qualidade das propostas apresentadas; propostas de temporadas continuadas, que não se restrinjam a apresentações pontuais (isso evita o assédio das chamadas montagens "caça níqueis"), o mérito artístico e o interesse cultural.

O ganho maior desta política de ocupação do Conchita é que os aprendizes da escola estarão mais próximos sobretudo da produção dos grupos locais (ainda que o edital não se restrinja a eles).

Então, a Comissão de seleção (composta pelo pessoal do Departamento de Cultura e pelo coordenador da ELT) escolheu três espetáculos, que entrarão em cartaz este semestre no Conchita, sempre aos sábados e domingos. São eles:

  • Amores Dissecados, com A cia Teatro Insano, direção de Marcos Lemes (de 02 a 17 de Setembro);

  • Tito, estréia do Teatro da Conspiração, com dramaturgia de Solange Dias e Direção de Cassio Castelan (30 de setembro a 29 de outubro);

  • Revólver: Com a Cia. os Subterrâneos, dramaturgia de Antonio Rogério Toscano e direção de Jorge Pezzolo, (04 a 12 de novembro).

Os ingressos serão vendidos sempre a preços populares. Um chamado pra prestigiar os artistas da região. Em breve, mais informações sobre as montagens.

quinta-feira, agosto 10, 2006

Lista de Selecionados ELT 2006 - Segundo semestre

Veja abaixo a lista de selecionados para os Núcleos de Montagem Circense, Teatro de Rua e Narrativas de Passagem:

Nucleo de Teatro de Rua:

Aline Anfilo da Silva
Eder do Carmo Lopes
Rafael Santos de Barros
Juscelino Rosa de Oliveira
Gabriela Braga de Jesus Santos
Edson Pedroso dos Santos


Núcleo de Narrativas de Passagem:

Beth Rizzo
Maria Elisa dos Passos Nogueira
Maria Inês Breccio
Mauro Gentil Mineiro

Núcleo de Montagem Circence:

Bruna Alencar de Lima
Carlos Cosmai
Carolina Gomes Moreira
Caroline Molgora
Caroline Rocha da Silveira
Danielle de Figueira Vasconcelos
Edson Costa Nunes
Erica Treza
Evelyn Cristine S. dos Santos
Isac Vilela de Brito
Lais Assunção de Almeida Leite
Larissa Passos Nogueira
Leandro de Almeida Dias
Luis Augusto dos Santos
Mariane Emilia Barbosa
Natascha Zacheo Guimarães
Nilson Castor da Silva
Patrícia Nogueira
Raimundo Fagner M. Martins
Sissy Fattori Moreira
Thalita Lobo de Souza
Thiago Pereira de Araújo
Thiago Alves do Nascimento
Viviani Martins Gonçalves
Vevinéia Maria Silva dias

quinta-feira, junho 22, 2006

NOVAS VAGAS PARA NÚCLEOS DA ELT NO 2º SEMESTRE DE 2006

03 a 14 de julho – inscrições para os Núcleos de:

  • montagem circense;

  • teatro de rua;

  • narrativas de passagem;

Escola Livre de Teatro
Horário: das 9h às 12h e das 14h ás 17h
Informações: 4996-2164 – escolalivre@ig.com.br

Mostra de Processos da Escola Livre de Teatro

30 de junho a 16 de julho de 2006
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Atenção: todas as atividades são gratuitas.
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Dia 30 - sexta
18h30 Fórum: Estratégias de sobrevivência para o teatro de grupo.
Convidados: Ney Piacentini (Presidente da Cooperativa Paulista de Teatro e ator/produtor da Companhia do Latão) e Luis Carlos Moreira (do Movimento Arte Contra a Barbárie e diretor do Engenho Teatral). Teatro Conchita de Moraes

Dia 01 – sábado
19h E.L. Circo Gitano
, com o Núcleo de Montagem circense, Praça Rui Barbosa
21h Acunteceu o Acuntecido – a comédia do fim do mundo, com a Turma 7 do Núcleo de Formação do ator, Teatro Conchita de Moraes

Dia 02 - domingo
18h30 E.L. Circo Gitano
, com o Núcleo de montagem circense, Praça Rui Barbosa
20h30 Acunteceu o Acuntecido – a comédia do fim do mundo, Teatro Conchita de Moraes

Dia 03 – segunda
14h Filme Édipo Rei (Pier Paolo Pasolini)
20h30 Cenas adaptadas de contos de Tchecov
, pelos Núcleos de Direção e Dramaturgia, Teatro Conchita de Moraes

Dia 04 – terça
20h30 Cenas adaptadas de contos de Tchecov
, pelos Núcleos de Direção e Dramaturgia, Teatro Conchita de Moraes

Dia 05 – quarta
18h30 Leitura dos textos criados no Núcleo de Narrativas de Passagem
20h30 Cenas adaptadas de contos de Tchecov
, pelos Núcleos de Direção e Dramaturgia, Teatro Conchita de Moraes

Dia 06 – quinta
16h Amor montado no tempo
, com o Núcleo de Teatro de Rua, Praça Rui Barbosa
20h30 Cenas adaptadas de contos de Tchecov, pelos Núcleos de Direção e Dramaturgia, Teatro Conchita de Moraes

Dia 07 – sexta
18h30 Aulas abertas com os Núcleos de Experimentação corporal e Formação 9
, Teatro Conchita de Moraes

Dia 08 - sábado
19h E.L. Circo Gitano
, com o Núcleo de Circo, Praça Rui Barbosa
21h Espetáculo convidado Os meninos e as pedras, com o Núcleo Entrelinhas de Teatro, Galpão da ELT.
Público reduzido: 50 pessoas

Dia 09 – domingo
18h30 E.L. Circo Gitano
, com o Núcleo de Circo, Praça Rui Barbosa
20h30 Espetáculo convidado Os meninos e as pedras, com o Núcleo Entrelinhas de Teatro, Galpão da ELT. Público reduzido: 50 pessoas

Dia 10 – segunda
14h Filme Spartakus (Stanley Kubrick)
20h30 Aula aberta com o Núcleo de Teatro Laborató
rio, Teatro Conchita de Moraes

Dia 11 – terça
16h Amor Montado no Tempo
, com o Núcleo de Teatro de Rua, Praça Rui Barbosa
18h30 Performances: Hai-Kai Balão, com a Cia. São Gonçalo e Flores, criação e atuação de Taynã Azevedo (Formação 8)

Dia 12 – quarta
19h Leitura de textos criados no Núcleo de Narrativas de Passagem

Casa da Palavra

Dia 13 – quinta
16h Espetáculo circense Uma besteira qualquer
, do projeto Transformando com Arte, Teatro Conchita de Moraes
18h Projeção de vídeos criados na Escola Livre de Cinema e Vídeo, Praça Rui Barbosa

Dia 14 - sexta
18h30 Workshop com o mestre de kempô Jo Azer
(Fechado para a turma de Formação 10 e platéia aberta) a confirmar (poderá ser sábado 15 ou domingo 16)

Dia 15 - sábado
19h E.L. Circo Gitano
, com o Núcleo de de montagem circense


Dia 16 - domingo
18h30 E.L. Circo Gitano
, com o Núcleo de montagem circense

terça-feira, maio 30, 2006

OS MENINOS E AS PEDRAS NA FOLHA

confiram a reportagem publicada na edição da folha do dia 28 de maio de 2006 -caderno do folha acontece:
Peças paulistanas evocam universo de judeus e árabes
Quatro espetáculos, como "Os Meninos e as Pedras" e "As Turca", trazem personagens oriundos do Oriente Médio.

Três dos quatro espetáculos paulistanos com essa temática têm sessão hoje; preço do ingresso varia de R$ 14 a R$ 40.


Cecília Schucman e Luiz Gustavo Jahjah (na verdade é o Judson Cabral)em cena de "Os Meninos e as Pedras", em cartaz no Viga.

VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL


Sempre complexas, questões relativas ao Oriente Médio ganham abordagem, de formas direta e indireta, em quatro espetáculos na temporada teatral da cidade. Três deles tem apresentação hoje: "Os Meninos e as Pedras", no Viga Espaço Cênico; "As Turca", no teatro Bibi Ferreira; e "Emma Goldman: Amor, Anarquia e Outros Casos", no Espaço dos Satyros 1.

Já "Feliz Aniversário" tem sessões às quartas e quintas-feiras, no Teatro Folha (veja os horários no quadro à esq.).Num lugar imaginário, o "quintal" da casa deles, Yonatham, um menino judeu, e Fátima, uma menina árabe, protagonizam um encontro que traz à tona os conflitos existentes entre seus povos. Mais que isso, a possibilidade de convivência, de diálogo.

"Os Meninos e a Pedras" foi escrito por Antônio Rogério Toscano em 2002. A peça é definida pelo próprio autor como "dramaturgia para jovens".A encenação de Juliana Monteiro (assistente de Newton Moreno em "Assombrações do Recife Velho") busca contrapor um tema polêmico às brincadeiras infantis que sustentam o jogo cênico dos atores.

"Mas a gente busca fugir da caricatura da criança", diz o ator Luiz Gustavo Jahjah, 29. Sua família tem ascendência árabe, mas ele interpreta o menino judeu, papel que também é assumido em cena por seu colega Judson Cabral. Já a atriz Cecília Schucman, de ascendência judia, faz a menina árabe junto com Ligia Yamaguti. Todos integram o Núcleo Entrelinhas de Teatro, formado por aprendizes da Escola Livre de Teatro de Santo André.

Em "As Turca", Nura, Dulce e Vitória são irmãs. Na peça, a também atriz Andréa Bassitt, bisneta de libaneses, expõe o drama de uma família árabe e cristã às voltas com o fim da fartura de outrora, quando seus familiares chegaram ao Brasil na corrente imigratória do início do século 20.Apesar da crise de fundo, às vezes em primeiro plano, "As Turca" escora-se na veia comediante de atrizes como Cláudia Mello (a irmã mais velha) e Juçara Morais (a do meio). Bassitt interpreta a caçula.

Toda a ação se passa dentro de uma cozinha, onde as personagens põem a mão na massa para assar esfihas.Numa das passagens do espetáculo dirigido por Regina Galdino, chega a notícia, via telejornal, de um atentado à bomba numa universidade norte-americana em Beirute. O episódio atingirá diretamente o coração daquela família.Judeus na LituâniaAtentado, fabricação de bomba, também é por aí que mais se aproxima a relação com o Oriente Médio contemporâneo em "Emma Goldman -Amor, Anarquia e Outros Casos", solo interpretado por Agnes Zuliani e dirigido por Rodrigo Garcia.O texto da americana Jessica Litwak faz um panorama da judia da Lituânia que imigrou para os EUA em 1885 e lá exerceu a maior parte de suas atividades políticas até ser deportada em 1919. Segundo Zuliani, Goldman foi precursora da esquerda de 1968 em sua defesa da liberdade e em seu experimentalismo de comportamento.

"Ela foi uma grande divulgadora das artes em suas palestras nos EUA, sendo uma das primeiras a falar, naquele país, dos grandes dramaturgos modernos, como Ibsen, Strindberg e Tchecov", afirma a atriz, que contou com o apoio do Centro da Cultura Judaica.Uma mulher judia também está à frente de outra peça em cartaz, o monólogo "Feliz Aniversário", com Danielle Maia.

segunda-feira, maio 08, 2006

Amor Montado no Tempo

Pelo Núcleo de Teatro de Rua da Escola Livre de Teatro,
espetáculo formado por três peças curtas: “Quem paga o pacto?”, “Boneca de Madeira” e “Começo do Caminhar”
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07 de Maio - 11 h : CESA SANTO ALBERTO
Rua Petrogrado, s/nº - Jd. Santo Alberto – Santo André - 4975-1707
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13 de Maio - 11 h : RECANTO INFANTIL ESTACAO CRIANCA
Av. Dom Bosco, 1090 - Santo André - 4479-1940
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20 de Maio - 11 h : CESA VILA SÁ
Av. Nova Iorque, s/nº- Vila Sá – Santo André - 4997-7557
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27 de Maio - 11 h : CESA PARQUE NOVO ORATÓRIORua Tanganica, 385 - Parque Novo Oratório - 4479-0303
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28 de Maio - 11 h : JARDIM SANTO ANDRÉ
próximo a rua Dominicanos (Avenida 1)
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29 de Maio - 11 h e 30 min : Overdose de Teatro de Rua
Vale do Anhangabaú

quarta-feira, abril 12, 2006

Um Processo de Criação


Bárbara Zampol faz Nina em Leo não pode mudar o mundo (Formação 4)

por Mauro Fernando

Em março de 1993, no número 0 dos Cadernos da ELT, Georgette Fadel e Antônio Rogério Toscano colocam o pingo no i. “A Escola Livre de Teatro de Santo André tem como princípios de trabalho o risco e a liberdade.” Tal profissão de fé está no texto intitulado Impressões Sobre Leo não Pode Mudar o Mundo.
Risco e Liberdade. Um é inerente à outra, esta está implícita nele. O artista na corda bamba, tirando seu sustento do público boquiaberto – imagem recorrente para quem procura o belo, e não uma possível praticidade, da arte.
A ELT não se pauta pelas pragmáticas regras de um mercado sempre tão voraz. Para elas, escolas são desnecessárias. O processo colaborativo praticado pela ELT se preocupa com o amadurecimento do trabalho artístico, ignorando algum eventual tilintar proveniente da caixa registradora. A sobrevivência artística deve se equilibrar na qualidade da pesquisa – o que inclui a temática e a abordagem a ela –, subvertendo o pensamento hegemônico, neoliberal (e predador) na essência.
Um processo colaborativo se dá, necessariamente, a excessos – de produtividade, não os do rebuscamento – e, conseqüentemente, a descartes. Necessariamente admite a possibilidade do erro como ferramenta no viajar do aprendizado. Aberta a sugestão do risco, o vôo tende a ser mais intenso e prazeroso, condições para o reconhecimento do trabalho. As dificuldades – tropeços, acertos duvidosos – embutidas no difícil, por complexo, processo colaborativo de criação não o valorizam?
Trabalhar idéias coletivamente é respeitar divergências, questionar certezas, propor, fazer autocrítica. Quem possui no histórico conhecido apreço por ditaduras e falsas democracias é a CIA. Ter de abandonar convicções já cristalizadas pode ser doloroso num primeiro momento, mas recompensador num segundo instante. Se o processo estoura o prazo inicialmente definido, que se reveja o prazo – cada projeto tem seu tempo de maturação.
É o que aconteceu em Odisséia. O Ulisses épico grego transformou-se em contemporâneo, num guerreiro urbano em cacos à procura de razões, de si mesmo. O retorno a Ítaca transformou-se numa peregrinação por um labirinto interno, por um inferno íntimo. A interação entre núcleos (formação, dramaturgia, cenografia) no projeto coordenado por Francisco Medeiros (direção), Gustavo Kurlat (música), Lucienne Guedes (interpretação) e Luís Alberto de Abreu (dramaturgia) configurou uma montagem densa.
Não se trata, naturalmente, de fazer a defesa da criação sob a balbúrdia, do tatear sem se saber onde se quer chegar, da experimentação pela experimentação, desconectada de responsabilidades maiores. São precisos princípios básicos, como o respeito à criação individual em sintonia com a estrutura estabelecida – flexibilidade e fluxo contínuo de informações, além da horizontalidade nas relações. Não ao intervencionismo abrupto. Discussões enriquecedoras, não batalhas fratricidas, a moldar uma montagem.
Equilibrar todos os elementos desse processo – incluindo contradições previsíveis, mas não inconciliáveis – é trabalho árduo, maluquice para quem acredita que arte é resultado. Ao se contrapor ao simplismo de resultados, o processo colaborativo da ELT agrega ainda mais valor.
Seria mais simples montar uma adaptação de A Metamorfose, de Franz Kafka, Boca de Ouro, de Nelson Rodrigues, Romeu e Julieta, de William Shakespeare, e Um Homem É um Homem, de Bertolt Brecht, em quatro semestres. Ao final, meia dúzia de apresentações de cada exercício.
Mas essa não é a proposta pedagógica da ELT, uma escola valente apesar dos problemas, como uma certa incompreensão da proposta marcada por risco e liberdade, que isso traz.
Outro aspecto a ser colocado no tabuleiro – o teatro não é um jogo? – é o desenvolvimento dos “artistas-aprendizes”, como Georgette Fadel e Antônio Rogério Toscano se referem a eles. De Leo não Pode Mudar o Mundo a Osvaldo Raspado no Asfalto, montagens da Formação 4, percebeu-se nitidamente a evolução, com o elenco bem mais desenvolto em cena.
Em Osvaldo Raspado no Asfalto parece ter havido uma potencialização do risco e da liberdade, com a pesquisa indo diretamente a moradores de rua e conhecendo suas reais motivações. Deu-se um espetáculo (direção de Antônio Rogério Toscano, Claudia Schapira, Georgette Fadel, Gustavo Kurlat e Juliana Monteiro) contundente e orgânico.
Crime e castigo (coordenação de Antônio Araújo, Lucienne Guedes e Luís Alberto de Abreu) integrou os núcleos de direção, formação e dramaturgia sob a inspiração da obra de Fiódor Dostoievski. Revelou-se em tom certeiro em que medida a miséria da São Petersburgo do século XIX encontra equivalente nas nossas periferias de hoje.
Duas montagens, em especial, nas quais se vislumbra o espírito de colaboração mútua e conciliação das diferenças como possibilidade inequívoca e efetiva de fazer teatro. Não por acaso, Osvaldo Raspado no Asfalto e Crime e Castigo encontraram caminho próprio, o da aventura por tablados desconhecidos.
Enfim, dosar o arcabouço teórico na prática é a lição. Se é por intermédio do processo colaborativo de criação defendido pela ELT que se constrói o artista – e ser – pensante, longa vida ao risco e à liberdade.

Mauro Fernando é jornalista e escreve periodicamente no blog Rotunda

terça-feira, março 07, 2006

Acunteceu o Acuntecido

Escola Livre de Teatro e formação 7 apresentam:

Acunteceu o Acuntecido
a comédia do fim do mundo!!


“Para trás só o resto da antiga casa, agora somos pés numa seca marcha...Do pó ao perdão. Desconhecidos errantes a caminho da humanidade perdida e esquecida no silêncio das ruínas.“

Espetáculo de conclusão de curso da ELT. Trata-se de uma saga de sujeitos errantes, caminhantes que buscam uma nova terra, após a destruição do mundo que se conhecia. Com dramaturgia inspirada no poema A Máquina do Mundo, de Carlos Drummond de Andrade, e no diálogo clássico de Arjuna com Krishna, da tradição indiana. A peça é construída com depoimentos poéticos de personagens que buscam aquilo que ainda não conhecem.
Direção: Edgar Castro.

Elenco e dramaturgia: F. 7 do Núcleo de Formação do Ator da ELT.

Orientação de dramaturgia: Newton Moreno .

Direção musical: Gustavo Kurlat .

Direção de atores: Georgette Fadel.

Estréia dia 04 de Março.
Temporada aos sábados às 21h e domingos, 20h30,
no Teatro Conchita de Moraes,
até o mês de maio - GRATUITO
(recomenda-se a doação de 1kg de alimento não perecível)

quinta-feira, março 02, 2006

SEMANÃO ELT

SEMANÃO ELT

(De 06 a 10 de março, a Escola Livre de Teatro promove o Semanão, onde a escola realiza aulas abertas, aulas conjuntas e palestras; com o intuito de integrar os novos aprendizes à escola. As atividades começam sempre às 18:30hrs. Confiram a programação).
06/03 - aula aberta com o filósofo Luiz Fuganti - aberto a toda a comunidade.

07/03 - aula de música para integração dos aprendizes - somente para os aprendizes da escola .

08/03 - aula de corpo para integração dos aprendizes - somente para os aprendizes da escola .

09/03 - Fórum ELT - Relato de Processos - aberto a toda a comunidade.

10/03 - Atividade de recepção de novos aprendizes, proposta pelos aprendizes da F8 e da F9 - somente para os aprendizes da escola.

terça-feira, fevereiro 14, 2006

Lista de selecionados ELT – 2006

Veja abaixo. Para alguns Núcleos, o resultado sairá apenas após o Carnaval. No dia 06 de março, no início do ano letivo, aula aberta com o filósofo Luiz Fuganti. Todos estão convidados.

NÚCLEO DE DIREÇÃO TEATRAL (novos aprendizes que se juntarão aos antigos - veja em quais cenas, abaixo)

Gabriel Weng Maravalli
Roberta Nazaré Bechara Ventura - R
Cena: Aniuta
Direção: Alfredo Nora Neto - R

Rafael Raposo de Carvalho
Tertulina Alves de Lima
Cena: Bilhete Premiado
Direção: Iarlei Rangel - R

Thábata E. Dias Ottoni
Paula Carolina Carvalho da Selva Drumond
Cena: A Corista
Direção: Alexandre Santo - R
Assistente de direção: Marcelo Sales de Araújo - R

Emerson Gerssiano - R
Guilherme Moraes dos Santos - R
Cena: O Vingador
Direção: Marco Antônio Ponce - R
Assistência de direção: Leonardo de Oliveira L. Arasiro - R

Miriam Juliana T. Gagliardi
Renan Rodolfo Barbosa Rovida
Cena: Pamonha
Direção: Daniela Ramos - R

Carla Cristina dos Santos Antonio
Mauro Gentil Mineiro
Cena: O Orador
Direção: José Eduardo Domingues - R
Assistência de direção: Carlos Cosmai - R

José Eduardo Domingues - R
Alexandre Santo - R
Cena: A Aposta
Direção: Christian Amendola Moleiro – R

Este Núcleo terá início em 14 de março, às 14h



NÚCLEO DE TEATRO DE RUA (novos aprendizes que se juntarão aos antigos)

Adriana Gaeta Braga
Ciléia da Silva Biaggioli – R
Daniela Caielli Penteado -R
Daniela Evelise – R
Dayanne Luz das Neves
Eduardo Gusmão Valerio
Francóis Moretti dos Santos
Gislaine Perdão – R
Jill Castilho Silva Gomes - R
Julio Cesar Oliveira Costa
Kenan da Silva Bernardes – R
Laura Fajngold Costa - R
Leandro Tadeu Sousa do Rosário
Maria Cecilia Mansur Oliveira - R
Roberta Cristina Ninin
Tábata Makowski
Talita Cabral Costa
Tatiana Heide Calvoso
Thais Navas Marques Luiz – R


Este Núcleo terá início em 09 de março, às 14h


NÚCLEO DE TEATRO-LABORATÓRIO - Iniciação teatral


(Os aprovados deverão comparecer à ELT para efetuar matrícula, no dia 06 de março de 2006, às 18h. Neste mesmo dia, todos participarão da aula inaugural da ELT. Na quinta, 09/03, todos deverão comparecer ao Fórum ELT, em horário de aula – das 18h30 às 22h30. Na sexta-feira, 10/03, haverá atividade de recepção de novos aprendizes: os integrantes do Teatro-Laborátório estão convidados.)

Amanda Rodrigues – 032
Anderson Alves de Moura – 039
Bruno Henrique Pereira da Silva – 019
Camila Rodrigues de Souza – 007
Camila Uchoa da Silva – 077
Carolina Marcello Bulgarelli – 075
Christiane Okazaki – 054
Daniel da Silva Calazans – 083
Daniela Rocha Leite Setti – 063
Edson Pedroso dos Santos – 026
Evelyn Cristine Souza dos Santos – 028
Everton Granado Sgarabotto – 016
João Cesar de Sá Dantas – 042
Jônatas Marques Nascimento – 045
Julian Melo da Silva – 071
Kéroly Gritti Fontalva – 033
Larissa Passos Nogueira – 079
Leandro Lopes dos Santos – 027
Letícia Elisa Lourenço Leal Amoroso – 006
Maiara Barreto de Miglio – 030
Marcelo Molina Gomes de Souza – 062
Marina Bombachini Gonçalves – 040
Marlene de Lima Franco Domingues – 081
Mayara Pacces Vicente – 067
Mayrê Bianca da Silva Oliveira – 003
Patrícia Tavares dos Santos – 052
Rafaela Pedrozo Barbosa – 082
Raquel Moura Simas – 056
Renato Silva de Sousa – 031
Samara Alcamand dos Santos – 004
Thaís Motta Vasales – 055
Thiago Nascimento Pereira – 001
Viviani Martins Gonçalves – 025

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NÚCLEO DE FORMAÇÃO DO ATOR

(Os aprovados devem comparecer na ELT no dia 24/02, para preenchimento de matrícula. As aulas têm início em 06/03/2006, às 18h30.)

Attilio Possar da Silva – 170
Audrey Manfredini Bessa – 039
Carlos Cosmai Marciano – 005
Carolina de Souza Mesquita – 197
Carolina Nagayoshi Nogueira – 021
Caroline Akemi Mitsueda – 069
Cleide Mariano da Silva – 121
Daniela Alessandra Martins C. Polla – 109
Danielle de Siqueira Vasconcelos – 168
Fábio de Sousa Siqueira – 153
Ivan Ruy Jallageas Junior – 046
Jefferson Matias Orsalino – 042
Karina Elaine de Moraes – 124
Kenan da Silva Bernardes – 002
Larissa Esther Minghin Antunes – 155
Leandro Evangelista da Silva – 166
Marcio Carli – 003
Maria Cecília Mansur Oliveira – 085
Maria Cordélia de Souza L. Galasso – 026
Milton Florentino da Silva Filho – 048
Nádia Lúcia Bittencourt Rocha – 182
Ricardo Lopes Correia – 097
Ricardo Teles de Paiva Teixeira – 010
Sofia Botelho de Almeida – 061
Thaís Leite Dias – 045
Thaís Navas Marques Luiz – 083
Thiago Nascimento – 051
Valéria Rocha Cirilo – 096
Vanessa Villani – 028
Wagner Figueira Marzolla – 112

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NÚCLEO DE ESTUDOS DO TEATRO CONTEMPORÂNEO – Teoria e Prática da Dramaturgia


Alessandra Cifali – 003
Anderson de Almeida – 016
Andrea de Souza – 008
Cristina dos Santos Silva – 013
Daniela Baroni de Rezende – 004
Eduardo Pereira Mafalda – 005
Emerson Alcalde de Jesus - R
Janne Claudia B. Cordeiro – 007
Judson Forlan Cabral – R
Mônica Roberta Antônio – R
Plínio Augusto Soares – 002
Renata Nunes Tavares – 009
Tadeu Renato Botta Ribeiro – 006
Talita Araújo de Jesus – R
Virgílio Gonçalves da Costa – 017


(Este Núcleo terá início em 06 de março, às 16h.)

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NÚCLEO DE INTERPRETAÇÃO


Adriano dos Santos Mota – 005
Andrea Pereira Silveira – 014
Cinira da Silva Augusto – 019
Daniela Mustafci – 012
Edson Costa Nunes – 027
Fernando de Oliveira Vicente – 030
Hilara Ballestero Machado Crestane – 008
Izabelle Barbosa Lima – 024
Janne Cláudia B. Cordeiro – 020
Jefferson Matias Orsalino – 010
Lais Assunção de Almeida Leite – 029
Maira Cristina Lopes – 017
Maria Diva Mendonça Dutra – 023
Natalie Maria Pascoal – 021
Rodrigo Pavon – 022
Tainá Francis Soares de Souza – 001
Thaís Leite Dias – 002
Vânia Aparecida de Lima – 009

(Este Núcleo terá início em 06 de março, às 14h.)


____________________________________________

NÚCLEO DE NARRATIVAS DE PASSAGEM
(novos aprendizes que se juntarão às pesquisas dos antigos criadores de narrativas)


Carlos Eduardo Conceição – 012
Danielle de Oliveira Bargas – 021
Edila Rodrigues – 008
Edward B. Carvalho – 014
Eliana do Carmo S. Ferrari – 008
Gislaine Aparecida O. S. Sousa – 010
Leila Maria M. O. Rocha – 011
Luiz Antônio Tavares – 005
Maria da Graça Almeida – 008
Marina Tranjan – 007
Mario Augusto Matierllo Simões - 020
Romeu Batista Lopes – 004
Stefanie Maria Pascoal – 009

(Este Núcleo terá início em 15 de março, às 14h)


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NÚCLEO DE HISTÓRIA DO TEATRO


Adenilson Padovan – 023
Aline Dias Camoles – 021
Aline Moreno Gomes – 012
Carolina Nagayoshi Nogueira – 015
Cláudia Gobet Toller – 002
Dayanne Luz das Neves – 008
Débora Simões Macedo Lobo – 013
Dirce Thomaz dos Santos – 003
Dirceu Brambilla Junior – 014
Fernanda Henrique de Souza – 027
Giselle Cristiane de Oliveira Ribeiro – 010
Juliana Osmondes Travassos – 020
Leandro Lopes dos Santos – 005
Leonardo Laender Rodrigues de Oliveira - 029
Maira Cristina Lopes – 009
Michele Carolina Silva – 019
Patrícia da Silva Teixeira – 004
Patrícia Vieira Campos – 017
Queila Cristiane de Lima Rodrigues – 025
Raquel do Nascimento Serradas – 011
Tainá Francis Soares de Souza – 024
Viviani Renata Anze – 018

(Este Núcleo terá início em 06 de março, às 14h.)


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NÚCLEO DE PEDAGOGIA TEATRAL
(novos aprendizes que se juntarão aos antigos e aos orientadores de Centros Comunitários)


Alexandre Santos Souza (estágio F8 Cuca Bolaffi) - R
Cileia da Silva Biaggioli (estágio F10 – Thiago Antunes) - 006
Eder do Carmo Lopes (estágio Teatro de rua – Ana Roxo) - 008
Eduardo Aparecido de Souza (estágio F9 – Juliana Monteiro) - 005
Edward B. de Carvalho (estágio F10 – Antônio Rogério Toscano) - 007
Eurico de Marcos Jardim (estágio Dramaturgia – Kil Abreu) - 010
Isabela C. T. Saraiva (estágio Narrativas de Passagem – Abreu/ Luciene/ Verônica) - 003
Janne C. Barros Cordeiro (estágio Experimentação Corporal – Juliana Monteiro) - R
Juliana Osmondes Travassos (estágio F8 – Georgette Fadel) - 009
Leonardo R. Mussi de Souza (estágio F9 – Denise Weinberg) - 002
Luis Gustavo Jah Jah Pereira (estágio F8 – Newton Moreno) - 011
Marcio de Castro – orientação Teatro Laboratório - R
Marcio Rui Padoim (estágio F9 – Marcelo Milan) - 004
Michelle Navarro – orientação Teatro Laboratório - R
Roger Muniz (estágio F8 – Georgette Fadel) - R
Tiago Rodrigues C. Moura (estágio F8 – Cuca Bolaffi) - 012


(Este Núcleo terá início em 08 de março, às 18h30.)


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NÚCLEO DE EXPERIMENTAÇÃO CORPORAL (
Novos aprendizes que se juntarão aos antigos.)


Christian Amendola Moleiro - R
Daniela Giampietro - 011
Danilo Dilettoso - 013
Dirceu Brambilla Júnior - 024
Edward Carvalho - 026
Jayme Aurélio Andreotti - R
Josafá Alves de Oliveira Filho - R
José Eduardo Domingues - R
Karina Elaine Moraes - R
Leonardo R. Mussi de Souza - R
Luciene Magda Ribeiro - 010
Mafalda P. Oliveira - 020
Mariza Junqueira - 018
Martinha Soares Ferreira - R
Melissa Aguiar - 025
Neimar Bonifácio - R
Rosana da Silva Araújo Santos - R
Rosana Ribeiro 027
Samuel Vital e Silva - R
Talita de Jesus – 030
Taynã Rosana de Azevedo - R
Thelma Franco - R
Vânia dos Santos Silva - R
Welton Santos Sousa - R

(Este Núcleo terá início em 09 de março, às 15h.)

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Cálice, cavalo. Fogo e menino


Rubens Corrêa em: Artaud


De Rubens Corrêa

Ensinamentos, conselhos, recomendações para atores


Fui convidado para conversar com vocês* sobre o ator

Sei que muitos aqui jamais representaram, e outros deram apenas os primeiros passos neste caminho labiríntico que é o mundo da interpretação.

É uma tarefa que exige de mim sensibilidade e coragem; acho uma grande responsabilidade falar aos jovens, e é com muita emoção e prazer que passo adiante as humildes sementes do meu trabalho artístico, com a esperança de que alguma utilidade possa ser encontrada nelas e que de alguma maneira elas possam lhes tornar a caminhada menos solitária e mais solidária, na medida em que esta receita muito pessoal provoque dúvidas e reconsiderações, ou toque o sagrado dentro de cada um de vocês, ou reacenda aquela esperança cega que Prometeu garantiu ser a conquista mais urgente para a sobrevivência do homem neste planeta.
O grande poeta e dramaturgo alemão Büchner escreveu numa cena de sua peça Woyseck:Cada ser humano é um abismo e a gente tem vertigens quando se debruça sobre um deles.Acho que nós atores somos duplamente esse abismo-espelho: como seres humanos e como artistas.Nossa missão é provocar vertigem e o revisionamento do abismo dentro de cada espectador, para que depois de cada mergulho em nossos personagens-propostas essas pessoas pensem, se emocionem, compreendam e amem com nova e maior intensidade.

Eu, Rubens Corrêa, ator e artista de teatro, vinte e oito anos de profissão, e séculos e mais séculos de um longo período não sei onde, ofereço a vocês com apaixonada humildade o meu aprendizado nesta caminhada em cima das brasas sem se queimar que é a condição necessária para poder representar e viver com algum significado neste nosso bizarro país sul-americano.(...).

O CÁLICE

Representar para mim é a possibilidade que me foi dada de me comunicar com o meu semelhante através de uma troca de idéias, imagens, palavras, gestos e emoções.
Um divertido, fascinante, e muitas vezes cruel jogo que mistura ficção e realidade, consciente e inconsciente, sagrado e profano, amor e ódio, vida e morte. Uma Paixão.
Através dos anos venho elaborando em cima das tábuas o meu trabalho, tentando sempre o difícil equilíbrio entre as conquistas técnicas e a simplicidade da execução.Aqueles instantes, todas as noites, em que represento um papel, são sempre os melhores momentos do meu dia.
Isso quer dizer que levo para o palco meus sentimentos, minha idéia, minhas alegrias, meus abismos, meu horror e minha luz.
Diariamente filtro essas emoções através das necessidades de cada personagem, e recebo de volta para mim mesmo uma nova compreensão de meus problemas - e acrescento ao personagem um novo enriquecimento conseguido à quente, quer dizer, arrancado de dentro de mim mesmo.
Com o correr dos anos fui aprendendo a me observar como artista e ser humano, e fui tentando aproveitar em meus desenhos interpretativos a linguagem interior de minha vivência pessoal, para conseguir assim essa difícil união entre arte e vida, que foi sempre a minha grande aspiração.
Sempre acreditei que cada ator traz consigo um material fantástico, inimitável e único, muito difícil de ser conservado e desenvolvido nesta nossa era brutalizada e massificada.
É um cálice de cristal interior, que deve ser preservado e defendido através de muitos terremotos, muita contrariedade, muita decepção e sensação de abandono, mas com momentos também de enorme luminosidade que quando acontecem recompensam o artista e engrandecem o ser humano.
Cada ator é único e inimitável se ele mergulha com honestidade em si mesmo, e retrata o seu semelhante com generosidade, verdade e paixão.
Somos feitos da essência com que os sonhos são feitos escreveu Shakespeare, e essa é a melhor definição que conheço sobre o mistério da representação.

O CAVALO

Cada ator tem obrigação de zelar e desenvolver o seu instrumental, sua voz, seu corpo: seu cavalo.
Devemos transformar nosso corpo num grande arquivo de imagens com possibilidades de serem utilizadas em nossos futuros personagens; nossa voz deve poder miar, rugir, gemer, uivar, nossas mãos podem ser galhos de árvores, garras de feras, folhas secas ao vento nossos pés, colunas de um templo, patas de animais.
Nossos olhos devem poder reproduzir o enigma do olhar da esfinge, e a clareza cristalina de um poema de Brecht.
E mais, devemos nos preparar para poder receber com artística mediunidade a alma do mundo, as grandes interrogações do nosso tempo, a voracidade deste universo em constante transformação.
Devemos ser suficientemente fortes para poder reproduzir simultaneamente a maravilha e o horror do ser humano, a criatividade e a autodestrutividade de nós todos, homens, através desta difícil caminhada da vida.
O nosso cavalo deve então se preparar para poder assumir todas estas formas, e por isso ele tem de ser constantemente reabastecido e renovado.
O cavalo é também o estimulador de nossa energia, o conservador de nosso entusiasmo e de nossa fé; quando as crises vierem (e não tenham dúvida de que elas virão), nada melhor do que trabalhar na fortificação do cavalo, porque no mínimo estaremos crescendo durante a crise, estaremos trabalhando e temperando novas energias, adquirindo novas técnicas, novos conhecimentos.
Podem ter certeza de que um bom cavalo torna o ator indestrutível.

O FOGO

O fogo através do tempo sempre foi o símbolo vivo da fé, do entusiasmo e da rebeldia; mantê-lo aceso dentro de nós é também um trabalho para a vida inteira.O fogo nasce de um estado de curiosidade natural e instintivo e pode ser desenvolvido através da conquista progressiva de uma cultura geral, de uma observação apaixonada da história do homem, da história de todas as artes, da emocionante história do teatro e um profundo sentimento de observação do ser humano aqueles para quem realizaremos nossas mágicas, o nosso público.
Esse fogo interno, uma espécie de grande rol central de energia e fé, é uma grande defesa contra a acomodação, e me parece ser a grande mola propulsora da criatividade; devemos estar sempre atentos aos seus chamados, e é preciso não deixar nunca, custe o que custar, esse fogo esmorecer, porque, caso isso aconteça, seremos os artífices de uma arte morta, sonâmbula, inútil, feia e resignada.

O MENINO

A recuperação da liberdade da infância através da vida adulta foi sempre uma das minhas metas; a criança é uma fonte incrível de informação artística - e a criança que nós fomos recuperada através do nosso lado lúdico tão atrofiado pelo correr dos anos, pode nos servir de guia, mas um guia muito especial, que caminha alegre e despreocupado, que sabe descobrir o mágico dentro do cotidiano, intuitivamente Um grande exemplo da presença do menino dentro de um artista está na figura e na obra do
pintor Pablo Picasso.
Eu não procuro, eu acho afirmava o grande pintor.
E essa fala denuncía o menino que Picasso levava dentro de si, que pintava cerâmica usando como base para o desenho a espinha do peixe que tinha comido no almoço, ou fazia fantástica escultura aproveitando uma roda velha e quebrada de uma bicicleta encontrada na estrada durante seu passeio matinal.
O menino traz alegria e descompromisso racional para o trabalho artístico.
No Passeio Público do Rio de Janeiro tem um menino-anjo esculpido num bebedouro (se não me engano de Mestre Valentim) com a seguinte legenda: Sou útil, ainda brincando.
Essa é a lei e a sabedoria dos meninos.

CONCLUSÃO

Acho que preservando o cálice, domando o cavalo, estimulando o fogo e soltando o menino, o artista está preparado para viver e criar uma vida bela e uma obra útil para a coletividade.

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* Aula inaugural da Cal (Casa das Artes de Laranjeiras)Rio de Janeiro(RJ), 12 de março de 1984.Reproduzida de uma apostila do autor.

terça-feira, janeiro 31, 2006

Processo colaborativo - relato e reflexão sobre uma experiência de criação


Por Luis Alberto de Abreu.
Texto extraído do cadernos da ELT nº 0 – março de 2003

Pode-se dizer que o processo colaborativo é um processo de criação que busca a horizontalidade nas relações entre os criadores do espetáculo teatral.
Isso significa que busca prescindir de qualquer hierarquia pré-estabelecida e que feudos e espaços exclusivos no processo de criação são eliminados. Em outras palavras, o palco não é reinado do ator, nem o texto é a arquitetura do espetáculo, nem a geometria cênica é exclusividade do diretor. Todos esses criadores e todos os outros mais* colocam experiência, conhecimento e talento a serviço da construção do espetáculo de tal forma que se tornam imprecisos os limites e o alcance da atuação de cada um deles.

Esse processo desenvolveu-se ao longo do tempo, a partir das necessidades da cena e de problemas práticos percebidos em seu processo de construção, revelando-se uma forma de criação eficiente, rica e satisfatória do ponto de vista dos resultados artísticos alcançados. E esse sistema de criação polifônico, para utilizar o conceito fundamental de Bakhtin em seu estudo sobre a obra de Dostoievski** (Bezerra,97),passa, agora, a exigir maior atenção, experiências mais aprofundadas e uma reflexão sistemática que possa servir como base e objeto de estudo para outros grupos e pessoas interessadas não só na análise, mas também na prática da criação teatral... É isso o que propõe esta reflexão.

Preferimos denominar essa experiência criativa e coletiva, que tem sido objeto de estudo e desenvolvimento na Escola Livre de Teatro de Santo André, com o nome de processo colaborativo (e não método colaborativo) não só para preservar o caráter vasto e intuitivo da criação, como pelo cuidado, nunca desnecessário, de não objetivar excessivamente o fim pretendido. Não era, e nem é, nossa pretensão estabelecer um conjunto de regras para levar a bom termo a criação de um espetáculo teatral. Sabemos por experiência que a criação artística, embora seja uma geometria racional possui elementos imponderáveis, e não queríamos proceder como se estivéssemos diante de um objeto de estudo apenas científico. Isso não significa que o processo colaborativo abra mão alguns princípios norteadores, sem os quais os riscos do processo de criação cair num subjetivismo vazio são por demais evidentes. O que pretendemos com este artigo é balizar o caminho percorrido e abrir uma reflexão teórica sobre uma prática já consagrada como bastante eficiente em nosso trabalho.



Nossa cidade - temporada julho/outubro de 1999 - foto: gilberto garavello
Breve histórico

O processo colaborativo provém em linhagem direta da chamada criação coletiva, proposta de construção do espetáculo teatral que ganhou destaque na década de 70, do século 20, e que se caracterizava por uma participação ampla de todos os integrantes do grupo na criação do espetáculo. Todos traziam propostas 34 cênicas, escreviam, improvisavam

figurinos, discutiam idéias de luz e cenário, enfim, todos pensavam coletivamente a construção do espetáculo dentro de um regime de liberdade irrestrita e mútua interferência.
Era um processo de criação totalmente experimental, muitas vezes sem controle, cujos resultados, quando havia, iam do canhestro ao razoável, com algumas boas, vigorosas e estimulantes exceções de praxe. Esses bons resultados estimulavam a continuação da busca de um novo processo de trabalho criativo, principalmente porque resultados canhestros apareciam também no processo tradicional - o teatrão, como era chamado -e que se caracterizava por forte obediência ao texto teatral e por uma divisão de trabalho comandada pelo diretor.

A criação coletiva possuía, no entanto, alguns problemas de método.
Um deles era a talvez excessiva informalidade do próprio processo. Não havia prazos, muitas vezes os objetivos eram nebulosos e se a experimentação criativa era vigorosa, não havia uma experiência acumulada que pudesse fixar a própria trajetória do processo. Era ainda, uma abordagem da criação totalmente empírica que se resumi,.
muitas vezes, em experimentação sobre a experimentação. Por outro lado, a ausência de alguém que pudesse organizar idéias, ações e personagens todo material proveniente das improvisações num texto prévio - dramaturgos eram escassos na época - fez com que o diretor comumente concentrasse em suas mãos e em sua ótica, o resultado, a "amarração final", como se costumava dizer. Isso fazia com que o processo perdesse, em determinado momento, seu caráter coletivo, assumindo a visão, ou a proposta de seu diretor. Nesse caso, se anteriormente o grupo dependia totalmente de como o dramaturgo pré-organizava o espetáculo através do texto - o que acontecia no processo tradicional -, agora o coletivo também corria o risco de ter um outro criador que, isoladamente, cumpria essa função, o que fazia com que o ideal de um coletivo criador não se cumprisse integralmente.

Questão igualmente importante era que a criação coletiva, em sua proposta de dar voz e direitos a todos os criadores, muitas vezes conduzia o resultado artístico a uma somatória das criações dos indivíduos, muitas vezes sem síntese e clareza. A ferocidade da crítica da época convencionou comparar alguns desses espetáculos a festas escolares de final de ano.

Durante os anos 1980, a aventura de chegar a uma criação coletiva que se pudesse contrapor ao sistema funcionalista vigente pareceu esqotar-se dentro de suas próprias contr adiçôes. Por sua vez o diretor , assumiu de vez o papel de condutor processo da criação teatral, substituindo, muitas vezes, o dramaturgo como geômetra das ações e pensador do corpo de valores éticos e estéticos do espetáculo. Ao contrário do que possa parecer, este foi um momento bastante rico para a cena brasileira. O diretor não se resumia mais a simples montador de textos. Libertos da servidão à escrita do dramaturgo, os encenadores tornaram-se os verdadeiros criadores do espetáculo, fazendo avançar a pesquisa cênica a limites até então inexplorados.

Quando não criavam os próprios textos onde se assentavam os espetáculos, apropriavam-se da dramaturgia de autores clássicos ou contemporâneos como suporte para sua criação, remodelando, cortando, fundindo cenas, muitas vezes dando outra configuração ao trabalho original do dramaturgo. Resultados belíssimos, originais e contundentes foram criados a partir da arquitetura cênica. No entanto, um processo coletivo de criação continuava solicitando reflexão e aprofundamento. Se o processo de criação convencional havia encontrado seu equilíbrio baseado na hierarquia representada pelo texto e na especialização das funções, a busca de um processo coletivo eficiente continuou seu percurso a procura de respostas aos problemas que sua ausência de método apresentava.

O que chamamos hoje de processo colaborativo começou a se aprofundar no começo dos anos 1990, o Teatro da Vertigem, de São Paulo, dirigido por Antonio Araújo, e a Escola Livre de Teatro de Santo André, são referências na busca da horizontalidade de relações artísticas entre seus integrantes. Experiências foram desenvolvidas, dentro do âmbito da Escola Livre, por criadores como Tiche Vianna, Cacá Carvalho, Antonio Araújo, Luis Fernando Ramos, Luís Alberto de Abreu, Francisco Medeiros e outros, na busca de refletir e desvendar alguns princípios que pudessem ordenar um trabalho de intensa criação e ao mesmo tempo sem hierarquias fixas e desnecessárias.

Um novo olhar

O processo da construção do espetáculo de forma partilhada por vários criadores levou, logo de início, à necessidade da revisão de uma série de conceitos relacionados à arte teatral. Percebeu-se, logo a princípio, que esse novo processo de criação não poderia conviver com o subjetivismo exacerbado que comumente acompanha o trabalho artístico. Num processo de criação partilhada não há muito espaço para "minha cena", "meu texto", "minha idéia". Tudo é jogado numa arena comum e examinado, confrontado e debatido até o estabelecimento de um "acordo" entre os criadores. É claro que esse acordo não significa reduzir a criação ao senso comum, nem transformar o vigor da criação artística num acordo de cavalheiros. É um acordo tenso, precário, sujeito, muitas vezes, a constantes reavaliações durante o percurso. Confrontação (de idéias e material criativo) e acordo são pedras angulares no processo colaborativo.

O principal conceito a se fazer revisão diz respeito ao próprio entendimento do fenômeno teatral. O princípio norteador do processo colaborativo é o conceito de que teatro é uma arte efêmera que se estabelece na relação do espetáculo com o público. A concepção de que o fenômeno teatral só existe enquanto relação espetáculo / público foi o primeiro passo para conduzir uma série de conflitos subjetivos para um campo objetivo. Teorias, visões estéticas, impressões, sentimentos, informações, todas esses elementos que são trazidas por atores, diretores, dramaturgos, cenógrafos, figurinistas e outros criadores, para a arena do processo de criação tinham agora referenciais concretos: o espetáculo e o público.

Aparentemente situar o fenômeno teatral na relação efêmera do espetáculo com o público é uma obviedade. No entanto, essa obviedade produz profundas mudanças. De um lado recoloca o público como elemento importante a ser levado em conta no processo de criação. De outro, afasta a ilusão narcisista de que toda complexidade do fenômeno teatral possa ser reduzida um único artista (seja ele dramaturgo, diretor, ator ou outro qualquer). Arte teatral, dentro desse conceito, não é apenas expressão do artista (qualquer que seja ela), mas uma complexa relação entre a expressão do artista e o publico***. A essa concepção parecem estranhas tanto as definições do teatro como a arte do ator quanto texto dramatúrgico ou geometria cênica. É claro que o eixo principal de um espetáculo pode ser o dramaturgo, o diretor, o ator, o cenógrafo ou outro criador, mas nenhum deles, isoladamente, define a totalidade do fenômeno teatral, que permanece por sua própria história e maneira de ser uma arte coletiva feita para ser partilhada por um outro coletivo, o público.

A re-introdução do público como valor a ser considerado num processo de criação artística é assunto complexo e que pede reflexão maior que não cabe no momento. Por ora, basta levantar que o público, em geral, não tem sido incluído como elemento fundamental nas discussões estéticas. É considerado, em geral, apenas, como destinatário passivo das formulações estéticas estabelecidas nas salas de ensaio, reduzido a mero observador da expressão do artista ou simples "pagante" de um entretenimento. No entanto, o público é o elemento que traz ao artista não só o pulso da contemporaneidade como é o fio que o conduz ao universo de sua própria cultura. A cultura, o tempo e o espaço histórico tornam-se lastro do fazer artístico, o que contribui para evitar o mero formalismo, comum em processos artísticos afastados do contexto cultural. Mas nosso objeto de reflexão é a gênese e os princípios norteadores do processo colaborativo. A ele voltamos.

O processo colaborativo se propõe basicamente a romper as fronteiras, quebrar os espaços privativos de criação na construção do espetáculo. Isso é proposto não por razões morais, por mera opção por um discurso igualitário, mas por razões práticas: o processo colaborativo tem-se mostrado eficiente como resultado artístico.

Situar o foco da criação na relação do espetáculo com o público pode ser uma decisão benéfica, mas por si só não garante o resultado pretendido. São necessários outros elementos norteadores para a condução do processo. Dado que o objetivo em vista é algo concreto - a construção do espetáculo - é óbvio que o primeiro elemento norteador deve ser também algo concreto: a cena. Antes de se chegar à cena, porém, existe todo um trabalho de definição de tema, mote ou assunto do espetáculo, pesquisa teórica ou de campo e, mesmo, discussões das primeiras imagens, idéias, improvisações dos atores ou de textos da dramaturgia.
Após esse período exploratório, onde todo material de pesquisa é tornado comum a todo o grupo, cabe à dramaturgia propor uma estruturação básica das ações de ações e personagens. Damos a essa estruturação o nome de canovaccio, termo que, na Commedia dell'Arte, indicava o roteiro de ações do espetáculo, além de indicações de entrada e saída de atores, jogos de cena, etc. Embora o canovaccio seja responsabilidade da dramaturgia ele não se constitui em mera "costura" das propostas do coletivo, nem uma visão particular do dramaturgo. É a resultante de todo o trabalho preparatório organizado em propostas de cenas. No canovaccio as improvisações, propostas de cena, imagens e conceitos do espetáculo, todo o trabalho anterior já aparece estruturado. O canovaccio contém, de forma embrionária, uma visão possível do espetáculo. E, como nada é permanente no processo colaborativo o canovaccio vai à discussão para aperfeiçoamento e possível reformulação.


Odisséia - temporada julho/outubro de 2002 - foto: gilberto garavello


A cena

A trajetória do processo colaborativo, como de resto em qualquer processo criativo, vai do abstrato ao concreto e do subjetivo ao objetivo, da intuição e do material informe presente no criador até o material objetivo e comunicável. Isso significa que uma idéia clara tem um peso significativamente maior do que uma sensação difusa e que uma imagem nítida, perfeitamente comunicável, tem valor maior do que do que uma idéia ou uma sensação. É importante essa trajetória em busca do concreto e do objetivo para que o processo não se dilua no perigoso prazer da discussão intelectual ou na confrontação de impressões e sensações imprecisas. Todo material criativo (idéias, imagens, sensações, conceitos) devem ter expressão na cena. A cena, como unidade concreta do espetáculo, ganha importância fundamental no processo colaborativo. Ela é o fiel da balança (, como algo concreto e objetivo, é hierarquicamente superior à idéia, à imagem, ao projeto, às visões subjetivas"


Esse dado é importante para que um simples argumento bem conduzido ou uma idéia bem engendrada não possam destruir a organização de uma cena que, mesmo ruim, custou trabalho e esforço dos criadores. A idéia bem engendrada ou o argumento bem conduzido devem transformar-se em cena. Só uma nova cena tem o poder de refutar a cena anterior. Essa é uma regra geral no processo colaborativo: tudo deve ser testado em cena, sejam idéias, propostas ou simples sugestões.

É importante ressaltar que consideramos cena não a unidade acabada mas qualquer organização de ações proposta por atores, diretores ou dramaturgos (A cena escrita tem o mesmo valor da cena interpretada!) e qualquer uma delas deve ser testada no palco ou sala de ensaio antes de ser refutada ou modificada por acréscimos ou cortes.

Se idéias, propostas verbais e avaliações não têm o poder de inviabilizar uma cena construída no papel ou no palco, esta, ao contrário, tem o poder de modificar o canovaccio, aprofundar o tema ou até provocar uma revisão na abordagem do assunto escolhido. Canovaccio, embora seja um ganho importante no processo de organização do trabalho criativo, não é lei a ser cumprida à risca. É uma proposta que visa insuflar ainda mais a criação e só esta, expressa na cena, tem o poder de efetuar mudanças.


A crítica

O processo colaborativo é dialógico, por definição. Isso significa que a confrontação e o surgimento de novas idéias, sugestões e críticas não só fazem parte de seu modus operandi como são os motores de seu desenvolvimento. Isso faz do processo colaborativo uma relação criativa baseada em múltiplas interferências.

E aqui começamos a pisar em terreno minado porque esse processo de criação busca também preservar o terreno da criação individual. Como conciliar, então, o aparente paradoxo de fomentar o impulso criativo dos indivíduos dentro do grupo e ao mesmo tempo preservar a permeabilidade das idéias? Como promover o livre trânsito da criação entre os participantes sem eliminar a demarcação dos territórios de criação? Até que lim ite o ator pode interferir na dramaturgia, o dramaturgo pode interferir no conceito da encenação e assim por diante? Não é possível demarcar os limites dessa interferência.
Mais: acreditamos que essas fronteiras não podem nem devem ser delimitadas.
A maneira como essa interferência se dá vai depender do grau de amadurecimento do grupo e da confiança entre os envolvidos no processo.
Dentro do processo colaborativo a interferência na criação alheia é um momento extremamente delicado, pois se na fase de confrontação de idéias o trabalho corre normalmente o mesmo pode não acontecer quando existe interferência no material criativo do companheiro. Talvez este seja o principal foco de tensão no processo colaborativo, porém, sem a liberdade dessa interferência o processo colaborativo não se estabelece.

Para superar e transitar com mais desenvoltura nesse momento fundamental do processo é necessário que se preserve as funções de cada artista. De um lado existe total liberdade de criação e interferência, mas de outro é vedado a um criador assumir as funções do outro. Ou seja, um ator pode discutir, sugerir mudanças, propor diálogos ou até mesmo escrever uma cena, no entanto é o dramaturgo que deverá fazer a organização desse material. Da mesma forma é vedado ao dramaturgo assumir funções da direção ou da interpretação embora se preserve a liberdade de mútuas interferências. Nesse sentido, a responsabilidade de cada um alcança não só sua área específica de criação, mas também colabora na área do parceiro.

A interferência é algo bastante delicado e requer um certo método não só para não ferir suscetibilidades, mas, principalmente, para que essa interferência se torne ferramenta eficiente e construtora na criação. Dentro do processo colaborativo a interferência mais aguda e necessária é a crítica. E ela deve se dar de forma especial.

O desenvolvimento de um olhar crítico sobre o próprio trabalho e sobre o trabalho do companheiro é condição fundamental para o desenvolvimento do processo. No entanto, olhar crítico não significa, em absoluto, uma simples avaliação estética sobre o trabalho alheio. É muitíssimo mais que isso, é um olhar criativo sobre a criação alheia.

Em primeiro lugar, o direito à crítica poderá ser exercido somente pelos criadores envolvidos. Os resultados têm sido desastrosos quando pessoas afastadas do processo de criação, por mais competentes que sejam, são chamadas para opinar. Afastadas do processo, desconhecendo os objetivos pretendidos ou o esforço empreendido pelos criadores, essas pessoas tendem, naturalmente, a analisar o que vêem como resultados e não como "algo em perspectiva", como imagens, formas e cenas em progresso, sujeitas, muitas vezes, a radicais transformações. O olhar de pessoas alheias ao processo é evidentemente útil e necessário quando o trabalho já se encontra em sua fase final, mais sólido, e os criadores menos inseguros.
Essa talvez seja a primeira característica necessária da crítica no processo colaborativo: ela tem de ser feita em "perspectiva", ou seja, conhecer e levar em consideração o objetivo que o criador procura alcançar, afastando se da simples avaliação de resultados.
Outra característica da crítica é sua objetividade. Comentários vagos, impressões difusas ou subjetivas, enfim, todo um conjunto de expressões imprecisas ou metafóricas devem ser banidas por serem inúteis e não contribuírem em nada para a compreensão dos problemas existentes no material criado. A crítica, como o olhar racional sobre o material criado, deve ser ampla, completa, profunda e objetiva. Mas, dentro do processo, colaborativo isso ainda não é o bastante. Se não é fácil identificar de forma objetiva o problema existente na cena ou não improvisação e, após isso, discuti-lo e aprofundá-lo, ao cabo de tudo, é imprescindível que o crítico traga propostas para solucionar o problema. É somente neste momento que a crítica transcende a mera avaliação e se insere no caudal criativo do grupo, tornando se um dos fundamentos da criação. A crítica, nesse sentido, agrega ao seu conteúdo racional, um esforço de criação, um valor sensível e intuitivo. Isso faz com que o momento da crítica, no processo colaborativo, seja ansiosamente esperado, pois é o momento quando há todo um esforço coletivo de avaliar, discutir e oferecer soluções e caminhos.

Conclusão

O universo da criação é consideravelmente vasto e dentro dele cabem inúmeros processos que podem conduzir ao um número igual de resultados estéticos consistentes. O processo colaborativo é não é mais do que um entre eles, nem pior nem melhor, nem ao menos é um processo exclusivo.
Artistas há que transitam por vários processos de criação e grandes obras têm sido criadas de forma solitária por artistas, da mesma forma que resultados medíocres podem ser construídos de forma partilhada entre muitos participantes. Reiteramos que o processo colaborativo não é método de se criar um bom espetáculo. Para isso não existem fórmulas nem métodos e na criação só sabemos como entramos nela e não como dela vamos sair. O que não quer dizer,é evidente, que todos os processos são igualmente bons e igualmente válidos. Um processo está intimamente relacionado ao fim desejado.

É o fim vislumbrado que nos leva a planejar os meios de alcançá-lo. O processo colaborativo tem se revelado altamente eficiente na busca de um espetáculo que represente as vozes, idéias e desejos de todos que o constroem. Sem hierarquias desnecessárias, preservando a individualidade artística dos participantes, aprofundando a experiência de cada um, o processo colaborativo tem sido uma resposta consistente para as questões propostas pela criação coletiva dos anos 1970: uma obra que reflita o pensamento do coletivo criador.

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*Quaisquer criadores, de qualquer área, podem integrar o processo colaborativo. Tomamos como base de reflexão apenas a atuação de dramaturgos, atores e diretores nesse processo por serem os criadores que de forma mais constante e intensa têm-se envolvido nesse tipo de criação.

**Problemas da Poética de Dostoievski, Forense Universitária, 2° ed., 1997. trad. Paulo Bezerra.

*** É bom que se esclareça que o termo público, aqui, não significa unidade monetária, o mero pagante de ingresso, mas, sim, uma unidade cultural, um conjunto de indivíduos que pensa, partilha sonhos, expectativas e um mesmo imaginário.