Movimento ELT Livre
Quem somos?
A ELT é um centro de formação em artes cênicas desde 1990, reconhecida nacional e internacionalmente. Sua importância reside na radicalidade com que experimenta a criação coletiva nas suas variadas formas, servindo de laboratório para a criação de grupos de teatro e para o desenvolvimento da pesquisa de linguagem. Desta forma, se tornou referência para o surgimento de outras escolas de teatro no Brasil, como a do Galpão Cine-Horto em Belo Horizonte, a Escola Livre de Teatro de Porto Alegre e, em parte, da SP Escola de Teatro, em São Paulo. Pensada como centro irradiador de cultura na região do ABC, a ELT tentou, desde sua origem, diferenciar-se do ensino curricular das artes cênicas, aproximando aprendizes e mestres em torno de projetos artísticos contundentes, pensados ano a ano de acordo com as necessidades específicas de cada turma. Artistas dos grupos mais influentes das últimas décadas em São Paulo e professores que também lecionam em universidades como USP, PUC e Unesp estiveram e estão ministrando aulas na ELT atualmente.
Sucateamento
Encontramo-nos em estado de total sucateamento após diversas gestões sem investimentos reais na estrutura física.
- As salas de aula e ensaio necessitam de reparos urgentes em sua rede elétrica e hidráulica;
- O teto do teatro Conchita de Morais aguarda por reforma aprovada em licitação publicada desde Janeiro de 2013;
- Animais como pombas, ratos, baratas, cupins são cotidianamente encontrados nos espaços de trabalho;
- Atraso constante no pagamento dos mestres;
- Suspensão das contas de telefone e internet;
- FECHAMENTO SEM AVISO PRÉVIO DO PRÉDIO DA ESCOLA
A realidade descrita compõe o quadro da política de sucateamento de espaços públicos exercida pelas últimas gestões da Prefeitura de Santo André, a qual a atual gestão, ao contrário das expectativas, tem aprofundado. Acreditando nos compromissos fechados em campanha com o atual prefeito Carlos Grana, aguardamos o momento em que a ELT possa ser considerada de fato um bem cultural valorizado e preservado no seu patrimônio material e imaterial pelo poder público.
Necessidade de diálogo
A ELT buscou de todas as formas dialogar com a Secretaria de Cultura durante este ano. A agenda de reuniões proposta pelo corpo pedagógico com a prefeitura foi bruscamente interrompida desde maio, sem justificativas. Acreditando no caráter participativo que a gestão do prefeito Carlos Grana anuncia desde sua eleição, estivemos em peso no Planejamento Plurianual e na Conferência Municipal de Cultura. No entanto, não há diretrizes no programa da Secretaria de Cultura que nos contemplem e tudo que propusemos pelos mecanismos oficiais de diálogo foi completamente ignorado.
Diante do profundo sucateamento da escola, com os telefones e a internet cortados, os pagamentos dos mestres em atraso e sem previsão de ser realizado, e das constantes retaliações que o projeto pedagógico vem sofrendo, procuramos tornar pública nossa indignação, iniciando no dia 26 de setembro de 2013 uma série de ações que chamamos de ELT Livre. Como símbolo do nosso desejo de romper com os mecanismos burocratizantes que tem sido implantados pela prefeitura, removemos uma parede divisória instalada na entrada da escola. Antes espaço de convivência, harmonicamente pensado pela comunidade da ELT, tornou-se uma saleta fechada para funcionários desde o início deste ano. Decorando o ambiente com flores, devolvemos a este espaço a sua vocação de espaço público e de uso coletivo. A funcionária Silvia Apati, ao chegar na escola e se dar conta de que seu gabinete havia sido transformado, chamou a guarda civil, acusando mestres e aprendizes de depredarem o espaço público. Os guardas não conseguiram verificaram qualquer dano e acabaram se solidarizando ao nosso movimento, diante do ridículo da situação.
Autonomia
Tendo nossas urgências ignoradas, após incessantes tentativas de diálogo, é nítido que o projeto da Escola Livre de Teatro está sendo minado de forma sistemática, sobretudo através das ações do Gerente de Formação Cultural, Ivan Augusto. Negando-se a receber-nos em reuniões e a visitar a escola para conhecer os aprendizes, tem atacado a autonomia que caracteriza a nossa pedagogia através de diversas formas:
- Interferências no calendário letivo sem consulta ao corpo pedagógico.
- Mudanças nos espaços físicos.
- Transferência de funcionários solidários ao projeto.
- Burocratização das relações entre o corpo pedagógico e os funcionários da prefeitura.
Pra onde vamos?
Nossas manifestações são mais um exemplo do tipo de formação que a ELT oferece, que se estende para além de um aprendizado técnico. A reflexão crítica é um dos elementos fundamentais do que esperamos do artista que passa pela escola, e é justamente este aspecto que acreditamos estar ameaçado, há tempos, por uma compreensão estreita dos agentes governamentais do que significa, de fato, uma formação cultural.
Reivindicamos:
- A garantia da autonomia dos processos pedagógicos em relação a expectativas eventistas e burocratizantes.
- Melhoras estruturais.
- A permanência das atividades da ELT em sua sede histórica, mesmo durante as reformas necessárias.
- Um corpo de funcionários colaborativo e engajado na realização das necessidades reais da escola.
- O fim das sabotagens do gerente de formação cultural, Ivan Augusto.
- Apoio e valorização institucional da ELT pela prefeitura.
Enquanto aguardamos uma resposta da atual gestão, realizaremos uma série de ações que serão amplamente documentadas e veiculadas pelos meios digitais.
Um comentário:
Este país é uma vergonha!!!!!!! Fechar a escola sem aviso prévio, falta de respeito com os alunos, professores e com A ARTE! O Brasil precisa de mais escolas livres de teatro como a ELT. Tem sido referência em seus trabalhos!
Luiz Campos
Postar um comentário