Devido à forte do dia 9/3, o espetáculo teve sua estreia marcada para hoje, domingo, 10/3. E fica em cartaz até 02 de junho, sempre aos sábados e domingos, às 19h30. São somente 30 lugares. Portanto, só é possível entrar quando se faz reserva com antecedência no telefone da ELT (4996-2164,com Sidnei Marcio de Oliveira).
O que é "Eu, Büchner"
A Formação 14 escolheu, em alguma das longas madrugadas de reuniões fora do horário de ensaio que viveu, estruturar seu projeto de cena para este terceiro ano de estudos na Escola Livre de Teatro de Santo André como um intenso processo experimental, em chave radicalmente autoral, impulsionado pela febril inquietação da obra do jovem dramaturgo alemão Georg Büchner, morto aos 23 anos, em 1837.
Um primeiro disparador foi a inevitável pergunta a respeito do anseio artístico de cada aprendiz, sua força-desejo: _qual é o teatro que você precisa fazer, hoje? A primeira série de respostas cênicas, seguidas de demorados procedimentos críticos, estabeleceu o horizonte de possibilidades para o trabalho e convocou o fazer teatral para o âmbito do comprometimento coletivo – de vigor estético provocado pelo mergulho ético.
Foram preâmbulos para que se chegasse, cuidadosamente, à obra de Büchner – em uma trajetória feita de leituras, atravessamentos dolorosos e atos criativos que resultaram, para cada uma das obras do poeta, uma série distinta de workshops preparados com autonomia e gestus interventor.
Da dimensão política contraditória, multifacetada e, até, fragmentária dos materiais – derivada de uma visão de mundo transitiva e sempre inacabada –, foi extraído o procedimento: formalizar um programa para uma ação (performance, intervenção urbana, ato/te-ato?) para travarmos contato com a cidade – para dar origem a um teatro nascido do confronto com a pólis contemporânea.
Da experiência – e sobretudo da reflexão advinda dela – emergiu a criação para O Mensageiro Rural de Hessen, panfleto que nos exasperou pela revelação de nossas fragilidades, desde a frustração de seu projeto, em 1834, até a percepção de nossos limites, no presente.
Seguiram-se bateladas de estudos cênicos e criações para A Morte de Danton, Lenz, para a comédia nihilista Leonce e Lena e, finalmente, para o fragmento Woyzeck. Do cruzamento de tantos materiais, emergiram protodramaturgias, verdadeiras costuras de pedaços soltos que instauraram as perguntas que trouxeram de volta as origens do projeto: como realizar, com Büchner, o que Büchner buscou fazer com a figura do pré-romântico Lenz? Como partir de Büchner para chegar à enunciação de nossas próprias questões? Como projetar, em cena, através de Büchner, o eu performativo – um procurado Eu, Büchner?
E, se tudo é autoral (e atoral), que a dramaturgia nascesse dentre nós: e por que não de um jovem dramaturgo do agora, do interior da própria turma? Da trajetória vivida por Büchner, um eixo narrativo organizador dos materiais foi então proposto como um caminho conceitual, entrelaçado pela dramaturgia, pelos atores-criadores e pela direção.
Da rua para o teatro, do teatro para os espaços não-convencionais internos, das salas de aula voltar às ruas: esta é uma travessia que está só começando, orientada por bibliografia intensa, que viajou de Fernando Peixoto e Anatol Rosenfeld até Carlos Drummond de Andrade e Peter Weiss, com as cartas de Büchner no subterrâneo dos nossos dias.
O que é "Eu, Büchner"
A Formação 14 escolheu, em alguma das longas madrugadas de reuniões fora do horário de ensaio que viveu, estruturar seu projeto de cena para este terceiro ano de estudos na Escola Livre de Teatro de Santo André como um intenso processo experimental, em chave radicalmente autoral, impulsionado pela febril inquietação da obra do jovem dramaturgo alemão Georg Büchner, morto aos 23 anos, em 1837.
Um primeiro disparador foi a inevitável pergunta a respeito do anseio artístico de cada aprendiz, sua força-desejo: _qual é o teatro que você precisa fazer, hoje? A primeira série de respostas cênicas, seguidas de demorados procedimentos críticos, estabeleceu o horizonte de possibilidades para o trabalho e convocou o fazer teatral para o âmbito do comprometimento coletivo – de vigor estético provocado pelo mergulho ético.
Foram preâmbulos para que se chegasse, cuidadosamente, à obra de Büchner – em uma trajetória feita de leituras, atravessamentos dolorosos e atos criativos que resultaram, para cada uma das obras do poeta, uma série distinta de workshops preparados com autonomia e gestus interventor.
Da dimensão política contraditória, multifacetada e, até, fragmentária dos materiais – derivada de uma visão de mundo transitiva e sempre inacabada –, foi extraído o procedimento: formalizar um programa para uma ação (performance, intervenção urbana, ato/te-ato?) para travarmos contato com a cidade – para dar origem a um teatro nascido do confronto com a pólis contemporânea.
Da experiência – e sobretudo da reflexão advinda dela – emergiu a criação para O Mensageiro Rural de Hessen, panfleto que nos exasperou pela revelação de nossas fragilidades, desde a frustração de seu projeto, em 1834, até a percepção de nossos limites, no presente.
Seguiram-se bateladas de estudos cênicos e criações para A Morte de Danton, Lenz, para a comédia nihilista Leonce e Lena e, finalmente, para o fragmento Woyzeck. Do cruzamento de tantos materiais, emergiram protodramaturgias, verdadeiras costuras de pedaços soltos que instauraram as perguntas que trouxeram de volta as origens do projeto: como realizar, com Büchner, o que Büchner buscou fazer com a figura do pré-romântico Lenz? Como partir de Büchner para chegar à enunciação de nossas próprias questões? Como projetar, em cena, através de Büchner, o eu performativo – um procurado Eu, Büchner?
E, se tudo é autoral (e atoral), que a dramaturgia nascesse dentre nós: e por que não de um jovem dramaturgo do agora, do interior da própria turma? Da trajetória vivida por Büchner, um eixo narrativo organizador dos materiais foi então proposto como um caminho conceitual, entrelaçado pela dramaturgia, pelos atores-criadores e pela direção.
Da rua para o teatro, do teatro para os espaços não-convencionais internos, das salas de aula voltar às ruas: esta é uma travessia que está só começando, orientada por bibliografia intensa, que viajou de Fernando Peixoto e Anatol Rosenfeld até Carlos Drummond de Andrade e Peter Weiss, com as cartas de Büchner no subterrâneo dos nossos dias.
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