Geração vem, geração vai e o teatro “engajado" parece não mudar.
Nekrópolis, montagem da turma de formação 2009 da ELT Santo Andre,com texto de Roberto Alvim e direção de Gustavo Kurlat, traz o tema, tantas vezes abordado nas artes, da rebelião dos cidadãos da polis contra o líder déspota.
Montada na forma de julgamento em algumas audiências de integrantes de uma milícia, a tal ESTIRPE, por órgão de um suposto estado ditatorial, ela tenta fazer um paralelo das ações do grupo acusado de terrorista com o ato da personagem grega que, sob pena de morte, enterra o irmão punido a não ter um enterro pelo tirano rei passando por cima da proibição e sendo presa no momento do ato.
A peça é alternada por números de dança e canto, e tem toda pinta de musical , nesse sentido não faz feio. Com boas performances e ótimas representações pelo numeroso grupo, mais ou menos vinte integrantes, o espetáculo enche os olhos. e faz notar um grande cuidado nas marcações cênicas, além de coreografias bem elaboradas.
Entre algumas das ações da milícia está o ato de desenterrar pessoas que foram mortas pelo estado por pertencerem ao grupo e exibi-las em um Shopping Center. Mesmo corpos de cidadãos comuns são violados expostos em praça - publica , como do caso de uma senhora de idade avançada que trabalhou por muitos anos em uma fabrica e morreu soterrada. Referencias criticas ao governo Lula e até diretamente as ex-secretaria de cultura do estado, Claudia Costin são feitas em tom arrogante de cobrança por terem “ traído” seus idéias socialistas e militantes.
Sendo assim, como analisar “Necrópoles”, uma peça que tenta trazer hoje a discussão do papel da população frente as injustiças do Estado.? . Por centenas de anos, indivíduos privados de erudição, ou que simplesmente não sabiam ler, tinham a oportunidade de ver toda a podridão do “cosmos” político representado no palco. Como temos visto muitas vezes, das tragédias gregas ao teatro Brechtiano, o tema da Polis desvirtuada tem tido uma grande importância estética e, é claro, social
Ninguém há de negar que essa foi uma das maiores contribuições do teatro e da arte ao que chamamos hoje de cidadania, termo um pouco gasto pelos populistas de plantão Mas Nekrópolis peca justamente por essa ânsia de pedagogia militante, esse proselitismo ideológico tão pernicioso a arte, em muitos momentos, parece chamar o publico de ignorante e desinformado.
A todo o momento somos lembrados de quem são os mocinhos e como eles vêm de profissões e atividades nobres como trabalho em projetos sociais. Suas falas sempre são fortes e diretas,como a verdade deve ser, enquanto isso, os representantes do estado e os juristas que acusam a Estirpe de terrorismo parecem candidatos eleitorais, empolados e ocos. Não parece haver duvida de que a milícia esteja fazendo a coisa certa, mesmo que isso choque outros cidadãos e a opinião publica. Em nenhum momento o grupo questiona suas convicções ideológicas.
Esquece-se de falar dos governos antidemocráticos e dos regimes totalitários como das ditaduras Latino Americanas no qual o grupo claramente se inspira e que ainda fazem a cabeça de muito jovem “alienado”.
Nekropolis perde uma grande oportunidade de falar de questões tão vitais como o nepotismo dos nosso políticos munidos de imunidade parlamentar e que “ se lixam” para o opinião publica.
2 comentários:
TIVE A OPORTUNIDADE DE ASSISTIR ESSA PEÇA E GOSTEI BATANTE...OS EFEITOS USADOS, E OS RECURSOS UTILIZADOS...
Geração vem, geração vai e o teatro “engajado" parece não mudar.
Nekrópolis, montagem da turma de formação 2009 da ELT Santo Andre,com texto de Roberto Alvim e direção de Gustavo Kurlat, traz o tema, tantas vezes abordado nas artes, da rebelião dos cidadãos da polis contra o líder déspota.
Montada na forma de julgamento em algumas audiências de integrantes de uma milícia, a tal ESTIRPE, por órgão de um suposto estado ditatorial, ela tenta fazer um paralelo das ações do grupo acusado de terrorista com o ato da personagem grega que, sob pena de morte, enterra o irmão punido a não ter um enterro pelo tirano rei passando por cima da proibição e sendo presa no momento do ato.
A peça é alternada por números de dança e canto, e tem toda pinta de musical , nesse sentido não faz feio.
Com boas performances e ótimas representações pelo numeroso grupo, mais ou menos vinte integrantes, o espetáculo enche os olhos. e faz notar um grande cuidado nas marcações cênicas, além de coreografias bem elaboradas.
Entre algumas das ações da milícia está o ato de desenterrar pessoas que foram mortas pelo estado por pertencerem ao grupo e exibi-las em um Shopping Center. Mesmo corpos de cidadãos comuns são violados expostos em praça - publica , como do caso de uma senhora de idade avançada que trabalhou por muitos anos em uma fabrica e morreu soterrada.
Referencias criticas ao governo Lula e até diretamente as ex-secretaria de cultura do estado, Claudia Costin são feitas em tom arrogante de cobrança por terem “ traído” seus idéias socialistas e militantes.
Sendo assim, como analisar “Necrópoles”, uma peça que tenta trazer hoje a discussão do papel da população frente as injustiças do Estado.?
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Por centenas de anos, indivíduos privados de erudição, ou que simplesmente não sabiam ler, tinham a oportunidade de ver toda a podridão do “cosmos” político representado no palco. Como temos visto muitas vezes, das tragédias gregas ao teatro Brechtiano, o tema da Polis desvirtuada tem tido uma grande importância estética e, é claro, social
Ninguém há de negar que essa foi uma das maiores contribuições do teatro e da arte ao que chamamos hoje de cidadania, termo um pouco gasto pelos populistas de plantão
Mas Nekrópolis peca justamente por essa ânsia de pedagogia militante, esse proselitismo ideológico tão pernicioso a arte, em muitos momentos, parece chamar o publico de ignorante e desinformado.
A todo o momento somos lembrados de quem são os mocinhos e como eles vêm de profissões e atividades nobres como trabalho em projetos sociais. Suas falas sempre são fortes e diretas,como a verdade deve ser, enquanto isso, os representantes do estado e os juristas que acusam a Estirpe de terrorismo parecem candidatos eleitorais, empolados e ocos.
Não parece haver duvida de que a milícia esteja fazendo a coisa certa, mesmo que isso choque outros cidadãos e a opinião publica. Em nenhum momento o grupo questiona suas convicções ideológicas.
Esquece-se de falar dos governos antidemocráticos e dos regimes totalitários como das ditaduras Latino Americanas no qual o grupo claramente se inspira e que ainda fazem a cabeça de muito jovem “alienado”.
Nekropolis perde uma grande oportunidade de falar de questões tão vitais como o nepotismo dos nosso políticos munidos de imunidade parlamentar e que “ se lixam” para o opinião publica.
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