sexta-feira, novembro 30, 2007

Mostra de Processos da Escola Livre de Teatro - Dezembro 2007

Segue a programação da Mostra de Fim de ano da ELT. e ao fim, um texto provocação para o fórum, de Luis Alberto de Abreu, compareçam!!!
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01 - SAB – 20h - Andarilhos.
Inspirado livremente na figura do andarilho dos poemas de Manoel de Barros, o trabalho em processo trata do encontro dos quatro intérpretes em torno da poesia que pode surgir do corpo, como ação, palavra e imagem. Coordenação da pesquisa: Thiago Antunes. Intérpretes: Aila Rodrigues, Ana Sharp, Marcos Reis e Natália Telles Ferreira, do Núcleo de Formação 11.
Histerróidas. Stand up comedy, com Cecília Mansur, da turma de formação 10.

02 – DOM – 16h Almanaque de Araque.
A sorte e o azar foram raptados. Para salvá-los o homem debaixo da escada tem de percorrer seis jogos e recolher as pistas que desvendam uma carta enigmática. No final, uma grande surpresa. Com a Cia Levante (aprendizes da turma de Formação 10) Texto de Antônio Rogério Toscano. Direção de Ana Roxo.

03 – SEG – 20h30 Como é que você acha que vai ser o futuro?
Turma de Formação 10 do Núcleo de Formação do Ator . As necessidades de uma época que tem pressa, em que as personagens vivenciam ansiedades e compulsões. O exercício é um passeio pela dramaturgia e pelo mundo contemporâneo. Orientação Denise Weinberg e Alex Tenório.

04 – TER – 16h Exercício cênico Núcleo de Montagem Circense.
abertura do processo de criação do espetáculo, livremente inspirado no livro A Lenda da Selva, de Rudyard Kipling, com previsão de estréia para meados de 2008. Orientação Marcelo Milan. Coordenação musical Moxé Ribeiro.
18h30 – FÓRUM ELT: Espaço Aberto: Identidade da Escola Livre de Teatro: O que você achava que era? O que você encontrou? O que você fez a respeito?

05 - QUA – 20h30 Como é que você acha que vai ser o futuro?

06 – QUI – 16h Leitura de cenas curtas.
Com o Núcleo de Estudos do Teatro Contemporâneo (Iniciação à dramaturgia). Orientação de Kil Abreu.
19h Abertura de processo do Núcleo de montagem em teatro de Rua.
O Núcleo apresenta a primeira tentativa de formalização cênica do processo de pesquisa iniciado em agosto, a partir do mito grego do Labirinto de Creta e de obras literárias nele baseadas, como A Casa de Astérion, de J.L. Borges e Os Reis, de J. Cortázar. Orientação de Ana Roxo.
20h30 – Cenas livres baseadas em Luz nas Trevas, de Brecht.
Turma de Formação 11 do Núcleo de Formação do Ator. Orientação de Mariana Senne e Luiz Mármora.


07 – SEX - 16h Título em branco.
Ensaio aberto do último exercício do Núcleo de Experimentação corporal, ainda em processo. Orientação de Juliana Monteiro.
20h30 - Exercício de Máscara Neutra.
Com o Núcleo de formação do ator 11. Orientação de Cuca Bolaffi.
Seres Imaginários.
Turma de Formação 10 do Núcleo de Formação do Ator. Baseados no “Livro dos Seres Imaginários”, de Jorge Luís Borges, os aprendizes criaram cenas a partir das ações físicas e do treinamento corporal para abordar o tema realidade e imaginação. Orientação de Thiago Antunes.

08 – SAB - 20h Memórias da Rua.
Espetáculo convidado com a Cia Barracão de Ofício. A pacata Rua do Valetão perde a tranquilidade depois da invasão de um exército. A rua é sitiada e passa por transformações. Pedro e Tuica, dois meninos, e Severina, a prostituta da rua, vivem nesta época em meio a confusões, sonhos e descobertas.
Público reduzido: 60 pessoas

09 – DOM – 16h Experimentos.
Com o Núcleo de Direção Teatral – Apresentação de fragmentos de cenas criados pelos diretores-aprendizes, inspiradas na estética do teatro épico. Orientação de Cláudia Schapira.
Público reduzido: 60 pessoas

10 – SEG – 20h30 Como é que você acha que vai ser o futuro?

11 – TER – 18h30 – Leitura de cenas curtas. Com o Núcleo de Estudos do Teatro Contemporâneo (Iniciação à dramaturgia), Turma de Formação 10 e convidados,. As cenas foram criadas pelos aprendizes do NETC. Orientação de Kil Abreu, Denise Weinberg e Alexandre Tenório
20h30 – Exposição do processo de trabalho do Núcleo de Narrativas de passagem. Uma ação artística e solidária desenvolvida em hospitais e asilos, com base na narração de histórias. Orientação Verônica Nóbili

12 – QUA – 20h30 - Como é que você acha que vai ser o futuro?

13 – QUI – 20h30 – Composição poética da realidade.
Exercício cênico do Núcleo de Teatro Laboratório. Crenças, caminhos de pedra, veículos de massa, cidade do sol. O que procuramos? Meu sangue é vermelho? São alguns dos questionamentos que permeiam o exercício. Orientação: Éder Lopes e Juliana Osmondes

14 – SEX – 20h30 – Voar.
Cena elaborada a partir de um exercício dramatúrgico de Thiago Nascimento (F11). Com Thiago Nascimento, Angela Maria Prestes (F11) e Edson Thiago Roni (F9)
Andarilhos. (repete)Sakala.
Espetáculo convidado com a Cia. Suco de Lótus. Sakala é um nome composto; sa significa "com"; kala "uma pequena parte de algo, um fragmento, um átomo, a medida de um dedo da lua"; SAKALA é a lua de posse de todos os seus dedos - "integral, inteira, completa" -, a lua cheia.Esta Mostra em Progresso é um tributo a Deusa da Prosperidade e Abundância, Lakshami. Coreografia e direção de Estelamare dos Santos


15 – SAB – 20h – Festas do fim.
Ensaio aberto do processo de montagem da Turma 9 do Núcleo de formação do ator, a partir do sagrado. Direção de Edgar Castro, Juliana Monteiro, Gustavo Kurlat, Newton Moreno e Alessandro Toller.

16 – DOM – 19h – Festas do fim.


Todas as atividades acontecem na Escola Livre de Teatro e Teatro Conchita de Moraes, com entrada franca.
Informações: escolalivre@ig.com.br/ Telefone: 4996-2164
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O futuro não nos traz nada, não nos dá nada; nós é que, para construí-lo, devemos dar-lhe tudo (...) Mas para dar é preciso ter e não temos outra seiva senão os tesouros herdados do passado e digeridos, assimilados, recriados por nós (Simone Weil).

Escola Livre: volume e profundidade de
uma experiência artística
Luis Alberto de Abreu

Minha experiência com a Escola livre de Teatro tem sido absolutamente fascinante. E posso dizer e testemunhar que minha atividade artística seria completamente outra senão partilhasse dessa experiência. Sim, porque a ELT não se reduz a uma escola de teatro como tantas outras. É muito mais. É uma “experiência artística” pela qual ninguém passa incólume. Mas sobre isso falarei mais adiante.
Por hora digo que participei ativamente da estruturação da ELT tanto na primeira fase (1990/1992) quanto na atual (1997/2000). E testemunhei a aridez que se tornou a produção teatral da cidade no intervalo entre as duas fases, quando a Escola foi desmantelada. Infelizmente o processo cultural no país continua seguindo aos sobressaltos e solavancos. Mas é melhor falar de ganhos.
A primeira fase da escola caracterizou-se pela implantação de uma nova mentalidade de ensino artístico: o artista transmite sua experiência, desvela seus processos de criação e reflete sobre a arte em geral e sobre seu trabalho artístico em particular com os alunos que são transformados em parceiros de criação. E, ao mesmo tempo em que faz avançar sua própria obra o artista transmite esses avanços a seus alunos. Tal proposta revelou-se um sistema de ganhos para o artista, para o aluno e para o público. E os resultados dessa experiência de investigação prática e teórica sobre os processos artísticos não demoraram a aparecer: no último ano de existência daquela primeira fase da ELT foram produzidos três espetáculos: Paranapiacaba, O brando e Travessias. Os dois primeiros permaneceram meses em cartaz e o último foi obrigado a encerrar carreira em razão da mudança na gestão municipal. Coisas da vida!
Mas o saldo, altamente favorável se for comparado a qualquer modelo de escola de teatro existente, não foi apenas esse. Além de demonstrar a eficiência e a credibilidade de um modelo que aliava processos regulares e conhecidos de formação teatral - presentes nas escolas de teatro tradicionais - com iniciativas e processos inovadores do “fazer teatral”, a Escola Livre de Teatro, em sua primeira fase, lançou elementos que puderam ser retomados e aprofundados em sua atual existência. O curso de dramaturgia, por exemplo, tornou-se, hoje, núcleo de dramaturgia, um espaço permanente de produção e pesquisa, além de fornecer assessoria dramatúrgica a grupos de teatro e desenvolver aprofundados estudos sobre dramaturgia contemporânea. Um deles é a investigação em torno do “Nô”, teatro clássico japonês que tem como objetivo o estabelecimento de uma forma teatral breve e intensa. Essa investigação tem como objetivo mais imediato a produção de seis textos teatrais que deverão ser montados pelo Núcleo de encenação.
Outro estudo é sobre o teatro narrativo que envolveu o “núcleo” na produção do texto do espetáculo Nossa cidade. A exploração de outros meios de expressão dramáticas, como o teatro radiofônico, também são objeto do interesse da ELT. O projeto pioneiro foi a produção de um CD com a produção de uma peça radiofônica a partir do texto teatral Nossa cidade.
No entanto, nem só da rica relação de alunos e professores/artistas vive a Escola Livre. A relação entre os professores e outros profissionais, quer em projetos conjuntos quer em palestras e reflexões, tem rendido excelentes frutos para os próprios profissionais envolvidos com a Escola. Minha parceria com o diretor Antonio Araújo para a encenação do premiado espetáculo O Livro de Jó, começou a nascer em conversas iniciadas nas dependências da Escola Livre. Da mesma forma, o projeto de Comédia Popular Brasileira, pesquisa sobre os fundamentos da comédia popular, também premiado, com seis espetáculos encenados pelo diretor Ednaldo Freire, igualmente nasceu na própria Escola a partir de uma investigação sobre a “Commedia Dell’Arte”, levada a efeito junto com Tiche Vianna. Da mesma forma, o projeto de teatro radiofônico surgiu da colaboração com Francisco Medeiros e Gustavo Kurlat, ambos professores. De outra vertente, a teórica, os cursos e discussões com alunos do núcleo de dramaturgia foram muito importantes para que eu desenvolvesse minha pesquisa sobre a estruturação de enredos e personagens a partir dos mitos e arquétipos, extenso e inédito estudo sobre dramaturgia que pretendo terminar nos próximos dois anos.
Outros projetos artísticos continuam sendo gestados dentro da Escola Livre que, agora, em sua segunda fase, ganha solidez como espaço não só de ensino e aprendizado, mas como local de reflexão, produção e geração de novas idéias e projetos para o teatro brasileiro.

sexta-feira, agosto 17, 2007

CENA LIVRE EM SANTO ANDRÉ



“Cena Livre” promove Mostra de Teatro de Grupos em Santo André

Criar, pesquisar, descobrir, atuar. São estas as atividades em comum entre as companhias participantes do “Cena Livre”, Mostra de Teatro de Grupos que irá reunir diferentes companhias de teatro do ABC com três espetáculos infantis e um adulto no Teatro Conchita de Moraes, em Santo André, de agosto à outubro.

Depois de terem sido aprovados pelo Edital de Ocupação do Teatro promovido pela Secretaria de Cultura e Educação da cidade os grupos querem mais do que apresentar seus espetáculos. A Mostra quer abrir um novo espaço de troca entre atores e público.

Grande parte dos integrantes dos grupos são aprendizes ou ex-aprendizes de núcleos de formação e pesquisa da Escola Livre de Teatro, sediada dentro do próprio Conchita. Trazer para dentro deste espaço de criação as montagens feitas fora da sala de aula é poder compartilhar com a comunidade mais próxima os resultados práticos de uma formação que se desenvolveu ali.
Os espetáculos infantis são, Esperando Gordô, da Cia. Lona de Retalhos, Almanaque de Araque, da Cia. Levante, Brincando no Escuro, da Cia. Do Riso. Hamlet S.A., da Cia. Estrela D´Alva, é a montagem para o público adulto.

Esperando Gordô
Dias 24, 25 de agosto e 01 e 02 de setembro – 16h00
Num local aparentemente abandonado, duas personagens, Batatinha e Macaxeira esperam a chegada de uma terceira: o Gordo. Nessa espera, a platéia torna-se cúmplice de todas as brincadeiras, surpresas e confusões vivenciadas em cena. Com a Cia. Lona de Retalhos. Direção Marcelo Gianini. Ingressos: R$10,00/R$5,00 (estudantes e adultos acima de 65 anos)

Almanaque de Araque
Dias 08 e 09 de setembro (ensaios abertos) – 16h00
A sorte e o azar foram raptados. Para salvá-los o homem debaixo da escada tem de percorrer seis jogos e recolher as pistas que desvendam uma carta enigmática. No final, uma grande surpresa. Com a Cia. Levante. Texto de Antônio Rogério Toscano. Direção, Ana Roxo. Entrada Franca

Brincando no Escuro
15, 16, 22, 23, 29 e 30 de setembro – 16h00
Três crianças se vêem diante do desafio de brincar sem os recursos eletrônicos e tecnológicos atuais, embarcando numa lúdica viagem ao desconhecido mundo das brincadeiras, do imaginário, das canções e situações até então desconhecidas. Com a Cia. do Rido. Texto de Carlos Antonholi. Direção, Verônica Menezes. Ingressos: R$7,00.

Hamlet S. A.
06, 07, 13, 14, 20 e 21 de outubro – 20h00
Através de uma leitura do Hamlet, de William Shakespeare, o espetáculo nos coloca a todos, atores e espectadores, como Hamlets, isto é, não agimos, não sabemos como agir, somente reagir. Então, que resposta você daria a estes fantasmas que vêm do nosso passado cobrar nossas posições socialistas, nossos sonhos de fraternidade, igualdade e liberdade, fantasmas que lutaram por nós? Che Guevara, Chico Mendes, Marighela, Martin Luther King e tantos outros. Carregamos na carne a luta pela liberdade da qual estes homens participaram e pela qual morreram e ainda nos perguntamos “o que é que agente faz agora?”. Com a Cia. Estrela D´Alva de Teatro. Direção, Marcelo Gianini. Ingressos: R$20,00/ R$10,00 (meia).
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Acredito ser de grande importância participar e celebrar esta mostra, sendo que a maior parte dos artistas envolvidos são nossos amigos; além de ser um momento especial de levantar reflexões sobre os caminhos que tomamos após nos formarmos na ELT: sustentabilidade, manutenção da pesquisa continuada a partir dos processos da Escola, novos horizontes. E que todos ali nos inspirem a pensar um pouco mais sobre que retorno é a esta cidade que nos acolhe para desenvolvermos nosso estudo e nossa pesquisa sobre o fazer teatral, e qual o sentido cultural de investimento dela. Pois pra mim, a escola é o começo. O que vem depois é o grande desafio. E ser fiel ao pensamento livre que ela nos instiga é muito difícil, mas de repente é chave desta filosofia. Senão, que sentido teria ficar na ELT durante três ou mais anos exercitando este pensamento e após sair por aí negando esta escolha?
MERDA!
Marcio Castro
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Mostra??? É ótima a idéia de dar cara a essa temporada e usar o espaço também para a reflexão. Quando lançamos o edital pensando na atividade continuada como critério de seleção foi tentando valorizar a atividade dos grupos e a formação de público. Então, perfeito.Mas, deixa eu esclarecer uma coisa: os projetos foram apresentados ao edital individualmente, ok? Não como Mostra. De todo modo acho, pessoalmente, que é muito oportuno que se pense dessa Maneira, Márcio. E acho que podemos combinar algo em torno dos espetáculos, já que há esse alinhamento, anunciado aqui, entre os grupos. Pensem e nos digam.

Só para complementar: não vejo problema que se pense na temporada como Mostra, que se dê organicidade e eixo a ela. Pelo contrário, pessoalmente estou de acordo e acho a idéia muito bacana. O esclarecimento é só quanto ao edital: os projetos foram apresentados e julgados em separado, e não em bloco, certo?

Kil Abreu

terça-feira, agosto 07, 2007

Núcleo de Montagem Circence - seleção

Aprovados para início em 09 de agosto de 2007 – 14h

1. Adenilza dos Anjos Rezende
2. Ana Carolina Greco Brandimarte
3. Ana Paula Silva de Oliveira
4. Augusto Mathias
5. Bruna Amaro dos Santos
6. Bruno Loureiro Volcov
7. Caio Marcelo Donizeti Zanuto
8. Debora Almeida Melo
9. Erickson William de Almeida Freitas
10. Guilherme Carrasco Neto
11. Jonatã Puente Vieira
12. José Renato Noronha
13. Larissa Tymezka Lopes
14. Leandro Pereira
15. Letícia Ribas Finatti
16. Ligia Rodrigues de Vasconcelos
17. Marcelo Molina Gomes de Souza
18. Marina Figueiredo Silva Nascimento
19. Osmar Tonette Júnior
20. Pérola Benitez
21. Rafael Ramos Lucas
22. Robson Henrique Mello
23. Sheyna Teixeira Queiroz
24. Talita Cabral Costa
25. Verônica Cristina Gimenez

Rematrícula

1. Danielle Siqueira Vasconcelos
2. Evelyn Cristine Souza dos Santos
3. Luiz Augusto dos Santos
4. Patricia Maria da Conceição Nogueira

terça-feira, julho 31, 2007

Escola Livre de Teatro abre o semestre com espetáculo de Teatro-dança e novas vagas para núcleos de criação


Que formas você vê nas nuvens, Bete?

O espetáculo, resultado da pesquisa do Núcleo de Experimentação corporal da ELT, é uma livre criação baseada em três contos de Os sonhos de Einstein, de Allain Lightman. Composto de três cenas, a montagem passeia pela linguagem imagética e, predominantemente, não verbal, apontando para o entrecruzamento do teatro com a dança. Com dramaturgia cênica criada pelos intérpretes, seus dois primeiros quadros têm estrutura fixa, em contraponto ao último, que se configura como um roteiro improvisado.
“Que formas”... cumpriu pequena temporada recentemente em São Paulo, como convidado na Mostra de Experimentos Cênicos do Tusp.

Serviço

Que formas você vê nas nuvens, Bete?
04, 05, 11 e 12 de agosto – 20h30
Teatro Conchita de Moraes. Praça Rui Barbosa, s/n – Santa Terezinha
Contatos:
Juliana Monteiro – 9510-1610 e 3151-4731
Escola Livre/Teatro Conchita de Moraes: 4996 21 64. Praça Rui Barbosa, 12. Santa Terezinha
Duração :60 minutos aproximadamente – NÃO HÁ RESTRIÇOES DE IDADE


Vagas para atores interessados em participar do Núcleo de Direção Teatral

Neste semestre o Núcleo de Direção da ELT prossegue na pesquisa sobre a direção no Teatro épico, iniciada este ano. Para isso, SELECIONA ATORES interessados em participar dos processos de criação, sob orientação de Claudia Schapira, encenadora e dramaturga do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos.
Pede-se disponibilidade para dois dias de ensaios, às terças e quintas de manhã, em Santo André (ELT) e em São Paulo (Sede do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, Pompéia).
Seleção: Entrevista dia 16/08, às 09h da manhã, na Escola Livre de Teatro – Praça Rui Barbosa, 12. Santa Terezinha, Santo André.

Vagas para o Núcleo de Narrativas de Passagem


“Narrativas de passagem” é um projeto de pesquisa e ação solidária que busca, através da criação de narrativas orais, a formação de narradores voluntários para a ação em asilos, hospitais, creches, escolas, em atividades de apoio às pessoas que estão envolvidas nas principais passagens ou mudanças fundamentais da vida (Infância, velhice, morte, etc).
Depois de uma primeira fase, em que foram criados os textos a serem narrados e feitas experimentalmente as primeiras atuações no trabalho de campo, o Núcleo abre vagas para pessoas interessadas em serem formadas como NARRADORES. Pré-requisito: maiores de 25 anos.
Seleção:entrevista dia 15 de agosto


TODAS AS ATIVIDADES SÃO GRATUITAS


PREFEITURA DE SANTO ANDRÉ.
SECRETARIA DE CULTURA, ESPORTE E LAZER
DEPARTAMENTO DE CULTURA
ESCOLA LIVRE DE TEATRO

terça-feira, julho 17, 2007

Sob o Signo da Liberdade



Quem teve a possibilidade de estar presente no último Fórum realizado na ELT dia 04 de julho, que tinha como tema A diversidade na formação do ator, pode conferir uma discussão que correu paralelamente, que era sobre a questão da escola não ser muito reconhecida no seu entorno, até chegarmos ao ponto de qual tinha sido a idéia inicial de formatação da escola na cidade.

Este texto abaixo é do Livro "Os caminhos da criação - Escola Livre de teatro, 10 anos", e acredito que ele nos ajuda a entender um pouco melhor quais foram os critérios e os desejos daqueles pioneiros que plantaram a semente da ELT, que neste ano completa suas 17 luas. Acredito ser uma leitura ríquíssima, simples e direta, e também importantíssima para saber de onde viemos e por que estamos aqui. E instigo a todos a comentarem seja aqui, seja na comunidade da ELT sobre as impressões dos textos. Abraços!

Marcio Castro

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Sob o Signo da Liberdade

O nome Escola Livre de Teatro já estava escolhido antes mesmo que o projeto estivesse estruturado no papel. Constava do programa político do então candidato a prefeito Celso Daniel e provinha de uma idéia do diretor de cultura, Celso Frateschi, segundo a qual a meta deveria ser "o embasamento, algo que permitisse passar para a comunidade os instrumentos necessários para se fazer teatro”. Neste sentido, a palavra "livre" parecia o elo essencial que uniria dois conceitos tão complexos e muitas vezes de difícil conjunção: o de escola (a práxis do ensino) e teatro (uma práxis da arte).

A opção por uma escola de teatro atendia a uma reivindicação dos núcleos de artistas da região, ao mesmo tempo ia ao encontro da forte tradição que a cidade possui na área desde fins da década de sessenta. Em Santo André surgiram grandes nomes do teatro nacional, muitos diretores passaram por aqui e um grupo de solidez e renome marcou época na década de setenta, o GTC.

A experiência do Grupo de Teatro da Cidade, além da importância política de suas posições, deu frutos de qualidade artística, cujo maior exemplo é o espetáculo Guerra do Cansa-cavalo, que inaugurava em 1971 o Teatro Municipal e viria a ser assistido por quase vinte e três mil pessoas. Até hoje, alguns de seus membros, como Antônio Petrin e Sônia Guedes atuam na vida artística brasileira. Curiosamente, o GTC nasceu da reunião de atores recém-­formados pela Escola de Arte Dramática.

Já era o momento da tradição ser retomada. A idéia de uma escola ganhava concretude na medida em que isso representava não um produto artístico acabado, mas o potencial para a realização de uma produção cultural independente. Um pouco de acordo com a velha sentença: "não dê o peixe, ensine a pescar".

Na primeira semana de maio de 1990 os jornais da cidade anunciavam: "Santo André cria escola de teatro". A notícia havia sido dada durante a apresentação da peça Quase Primeiro de Abril, em cujo processo de criação se reuniram mais de duzentas pessoas discutindo teatro por três meses.

A sorte estava lançada. Para estruturar e dirigir o empreendimento foi convidada a pesquisadora e diretora teatral Maria Thais Lima Santos, que em pouco tempo e intensa atividade, formulou a proposta da Escola livre de Teatro.


O Projeto Piloto

No texto do "Projeto Piloto" constavam apenas alguns dos princípios que deveriam nortear a futura escola. Nada de organogramas detalhados ou conteúdos programáticos de cursos. Na introdução podia-se ler: "Necessitamos criar novas opções de centros facilitadores, onde as pessoas interessadas na pesquisa de linguagem teatral disponham de um espaço onde o oficio possa ser estudado e aprofundado".

Basicamente, são duas as espécies de escolas teatrais encontráveis no Brasil: ou adotam o modelo acadêmico clássico, que equilibra formação teórica e prática segundo uma perspectiva mais histórica do que estética e mais passiva que ativa, onde os professores muito frequentemente não mais exercem atividades artísticas, ou visam apenas fornecer certificados profissionais e fabricar atores descartáveis, conquistados com a ilusão do trabalho na televisão.

O intuito básico da proposta da Escola livre era conseguir a mobilidade de uma oficina cultural sem perder de vista a perspectiva formacional do aluno. Cuidar de seu crescimento artístico e instrumentalizá-lo em termos de conhecimento teatral sem amarrá-lo a obrigações curriculares pré-fixadas.

A palavra "livre" do nome era novamente invocada. A escola é em primeiro lugar um espaço de formação do individuo. A dimensão humana deve anteceder a dimensão profissional. Para isso tornar-se realidade, foi preciso desvincular-se das exigências curriculares do Ministério da Educação e Cultura e desobrigar-se de conferir diplomas profissionais. A ELT afastava-se cada vez mais dos padrões normais de ensino teatral e se lançava na busca da experimentação.

Grupo Yaksharange (índia)
II Mostra Internacional de Teatro -Julho de 1990
Coleção PMSA / Acervo Museu de Santo André
Foto: David Rego Jr.




A Decolagem

O termo livre define o projeto da escola no sentido de uma concepção aberta, antenada com a produção teatral no Brasil e no mundo e de poder vir a ser um centro de pesquisa, incentivador do processo de experimentação artística.

Concebidos os princípios, era preciso colocá-los em movimento. Na realidade, a Escola livre era o eixo central de um projeto teatral mais amplo da Prefeitura, que incluía a revitalização do Teatro Municipal, a ocupação dos centros comunitários com o teatro, o incentivo às produções regionais e a realização das Mostras Internacionais.

Dado este quadro, era o momento de lançar a Escola. Ante a pergunta de como fazê-lo, a resposta parecia inequívoca. A Mostra Internacional seria uma forma de testar a receptividade da população à linguagem teatral.

E assim foi. O lançamento oficial da ELT deu-­se com a Primeira Mostra Internacional de Teatro de Santo André e São Bernardo do Campo, realizada entre 28 de junho e 08 de julho de 1990. Dela participaram grupos de Cuba, Estados Unidos, Índia, Rússia, Espanha, Canadá e Brasil.

Santo André entrava no circuito cultural do país e "antenava-se" com a produção teatral do mundo. O sucesso foi estrondoso. Pessoas vinham de São Paulo e outras cidades para disputar um ingresso nas grandes filas que se formavam frente à bilheteria. Durante treze dias, mais de dez mil pessoas lotaram o Teatro Municipal.

Como parte do evento, quatro dos grupos convidados promoveram workshops e paralelamente foi ministrada uma oficina de interpretação com a professora e diretora Maria Helena topes, do Grupo Tear de Porto Alegre. A ELT nascia num contexto de agitação criativa e efervescência cultural.

No dia 27 de julho de 1990, abriam­-se as inscrições para uma turma de Vinte e cinco alunos. A ELT oferecia seu primeiro curso regular. Apareceram cento e noventa candidatos, oitenta por cento dos quais eram moradores de Santo André.

terça-feira, junho 26, 2007

ESCOLA LIVRE DE TEATRO FAZ MOSTRA DE PROCESSOS, RECEBE CONVIDADOS E ABRE NOVAS VAGAS

A Escola Livre de Teatro de Santo André realiza, de 01 a 15 de Julho, a sua mostra semestral de processos. Trata-se de uma Mostra híbrida, com a apresentação de espetáculos, exercícios, aulas abertas e de trabalhos de artistas e grupos convidados.
Nesta edição, além dos trabalhos da própria escola a ELT recebe a Cia. Circo Mínimo e o encenador italiano Francesco Zigrino, que participa do debate (ilustrado com números artísticos) sobre a arte do Clown.
Além do teatro Conchita de Moraes a mostra tem extensão a dois outros espaços: o Parque Prefeito Celso Daniel (onde prolonga-se por mais um mês a temporada de A Paixão do Circo) e o TUSP, em São Paulo, onde o Núcleo de Experimentação corporal apresenta-se como convidado na Mostra de Experimentos cênicos, com “Que formas você vê nas nuvens, Bete?”.
O Núcleo de Técnicas circenses abre novas vagas, para o trabalho que se inicia no próximo semestre.
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JULHO
Mostra de processos da Escola Livre de Teatro


De 01 a 29 – sábados e domingos – 19h30
A Paixão do Circo
Trapezistas, malabaristas e acrobatas fazem uma releitura da vida, paixão, morte e ressurreição de Cristo. Com o Núcleo de Montagem Circense. Direção de Marcelo Milan
Parque Prefeito Celso Daniel (picadeiro montado a céu aberto)

Dia 03 - 20h30
Núcleo de direção
Cenas montadas a partir de estudo sobre o teatro épico
Orientação de Claudia Schapira

Dia 04 - 18h30
Fórum da ELT “A diversidade na formação do ator”

Dia 05 - 20h30
Núcleo de direção
Cenas montadas a partir de estudo sobre o teatro épico
Orientação de Claudia Schapira

Dia 06 - 20h30
“Seres Imaginários – experimento aberto”
Turma F10 de formação do ator
Orientação de Thiago Antunes

Dias 07 e 08 – 19 h
Que formas você vê nas nuvens, Bete?
Livre criação baseada em três contos de Os sonhos de Einstein, de Alain Lightman. Composto de três cenas, o exercício passeia pela linguagem imagética e, predominantemente, não verbal, apontando para o entrecruzamento do teatro com a dança.
Núcleo de experimentação corporal. Orientação de Juliana Monteiro.
TUSP

Dias 07 e 08 – 16h e 20h30
Circo Máximo – espetáculo convidado
Vinte anos depois de Circo Mínimo, Alexandre Roit e Rodrigo Matheus apresentam Circo Máximo. Malabares, teatro e humor num desafio à imaginação.


Dia 09 - 20h30
Teatro Laboratório – exercício
Turma de iniciação teatral. Orientação de Éder do Carmo e Juliana Osmondes

Dia 09 – 20h30
Mesa “O corpo criador”
Debatedores: Juliana Monteiro, Luciana Lyra e Núcleo de experimentação corporal da ELT
TUSP

Dia 10 – 20h30
Onde fica o fim do mundo?
Work in progress da Cia Olho Mágico (Grupo do Projeto Ensaio da ELT)


Dia 11 – 20h30
Exercícios cênicos de interpretação
Com a turma F9 de formação do ator.
Orientação de Edgar Castro e Juliana Monteiro

Dia 12 – 20h30
Núcleo 11 de formação do ator
Processos do trabalho corporal. Orientação de Cuca Bolaffi
Exercícios cênicos de interpretação. Orientação de Mariana Senne e Luis Mármora

Dia 13 – 18h30
Mesa redonda - O clown como treinamento para o ator.
Debatedores: Cida Almeida (comédia popular), Francesco Zigrino (encenador italiano), Marcos Pavanelli, (palhaço tradicional), Soraya Saide (Doutores da Alegria), Silvia Leblon (atriz, diretora e pesquisadora). Mediação: Carlos Biagiolli (Teatro de Rocokoz)
Apresentações de esquetes entremeando o debate

Dia 14 -18h30
Título em branco
Com estímulo às instalações da linguagem da performance e à improvisação, o exercício é dividido em três partes: instalações e coletivos para uma única coreografia.
Núcleo de Experimentação Corporal. Orientação de Juliana Monteiro

Dia 14 – 20h30
Que formas você vê nas nuvens, Bete?
Núcleo de Experimentação Corporal. Orientação de Juliana Monteiro

Dia 15 -18h30
Título em branco

Dia 15 – 20h30
Que formas você vê nas nuvens, Bete?

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02 a 27 de julho – das 14h às 18h
Inscrições para o Núcleo de montagem circense
Para maiores de 18 anos
Documentos necessários: cópia do RG e uma foto 3x4

quarta-feira, junho 13, 2007

ELT na Folha

Confiram a matéria que saiu no jornal Folha de SãoPaulo* nesta quarta-feira.

E vamos prestigiar o trabalho de Juliana Monteiro e do nosso Núcleo de Experimentação Corporal. É na semana que vem. Além das apresentações do experimento ela, Juliana, estará participando de uma mesa (com a Luciana Lira) e Kil Abreu de uma outra, sobre formação...

*Link apenas para assinantes. mas a matéria na íntegra está publicada aqui.

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São Paulo, quarta-feira, 13 de junho de 2007 - Folha Ilustrada

Tusp recebe experimentos cênicos em construção
DA REPORTAGEM LOCAL

Público em geral e estudantes e artistas em particular têm guarida na Mostra de Teatro Experimentos, de hoje a final de julho, no Teatro da Universidade de São Paulo (Tusp). Os encontros são gratuitos e ocorrem à noite, de segunda a sábado (demonstrações de processos, debates, vídeos etc).
Experimentos rebatiza a mostra Novíssimos Diretores e Atores e ganha novos rumos a partir desta terceira edição. Os trabalhos apresentados não constituem ainda espetáculos teatrais. São exercícios cênicos em construção, inacabados. Ao serem compartilhados, se acrescentam do olhar do público e dialogam entre si. Pelo menos é a perspectiva que a nova diretora do Tusp, Maria Thaís, quer imprimir. Ela é encenadora da Cia. Teatro Balagan e professora da USP. As pesquisas em formação teatral provêem do departamento de artes cênicas (CAC) e da Escola de Arte Dramática (EAD).
A partir deste ano, a mostra dialoga com outras instituições de ensino, como o departamento de artes cênicas da Unicamp e a Escola Livre de Teatro de Santo André. Experimentos conta ainda com a presença de dois grupos: o Teatro da Vertigem, com a leitura cênica "História De Amor (Últimos Capítulos)", dirigida por Antônio Araújo (hoje e amanhã), e Os Argonautas, que apresenta o trabalho em progresso "Terra sem Lei", por Francisco Medeiros (5/7).
MOSTRA EXPERIMENTOS
Quando: de hoje a 30/7
Onde: Tusp (r. Maria Antonia, 294, tel. 0/xx/11/3255-7182, r. 40 a 43)
Quanto: entrada franca
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As apresentações do Núcleo na Mostra acontecem dias 7, 8 e 9 de JULHO.

Na terça, dia 19 de junho, Kil Abreu participa da mesa "A Escola de teatro: espaço de formação?", na companhia da Quito, da Beth Lopes e do Roberto Mallet.
No dia 09 de julho, segunda, a Juliana fala, com a Luciana Lyra, sobre "O Corpo Criador".

segunda-feira, junho 11, 2007

Cadernos da ELT nº 0 - Núcleo de Processo Colaborativo

Dando continuidade à publicação dos textos do Cadernos da ELT nº 0, postamos agora um texto de Alessandro Toller, dramaturgo do trabalho que vem sendo recentemente apresentado pelo núcleo de artes Circenses da ELT , a Paixão do Circo. Na época, Alessandro era aprendiz do núcleo de dramaturgia e participante do projeto do Núcleo de Processo Colaborativo, que deu origem ao ano seguinte o espetáculo Crime e Castigo, que, além de temporada na ELT, também teve este trabalho apresentado No Centro Cultural São Paulo.


Boa leitura a todos, convido a comentarem aqui as impressões sobre.

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Memórias do Subsolo do Conchita
Alessandro Toller*



Alessandro Toller (à esquerda) em cena de Crime e Castigo.
Núcleo de Processo Colaborativo
Foto: Beto Garavello



“Eu precisava saber de outra coisa, outra coisa me impelia: naquela ocasião eu precisava saber, e saber o quanto antes: eu sou um piolho como todos, ou sou um homem? Eu posso ultrapassar o limite ou não! Eu ouso inclinar-me e tomar o poder ou não! Sou uma Bestya trêmula ou tenho o direito de matar...”

A dúvida hedionda que acomete Raskólnikov, personagem central de CRIME E CASTIGO, talvez tenha sido a fagu­lha incendiária que levou os coordena­dores dos núcleos de direção e dramaturgia da ELT a propor o trabalho realizado ao longo do ano passado. Aliada, creio eu, ao desafio de lidar tea­tralmente com um clássico da literatura de quase 600 páginas.

Escrito em 1866 pelo russo Fiodor M. Dostoiévski (1821-1881), o romance foi posto à mesa para um gru­po de 12 diretores, coordenados por Antônio Araújo, 12 dramaturgos, por Luis Alberto de Abreu e algumas dezenas de atores sob a orientação de Lucienne Guedes, convidada a participar do projeto de forma a assegurar a assegurar na mesma medida o trinônio fundamental para o desenvolvimento de um trabalho colaborativo.

Do Prefácio ao Epílogo

Logo ao primeiro encontro defi­niu-se a etapa inicial de nossa obra-de-­fôlego: faríamos em conjunto a varre­dura analítica do catatau, capítulo por capítulo. As partes se uniram - através de sorteio - e criaram-se 12 núcleos constituídos de um diretor, um dramaturgo e dois ou três - às vezes quatro - atores cada. Todos os núcleos iriam apresentar de forma expositora a quantidade de capítulos, cronologicamente, que Ihes couberam, com as seguintes responsabilidades: dramaturgo traria o enredo; o diretor os temas e idéias centrais do capítulo; e os atores encarregados de revelar as personagens principais. Ao término da exposição seguiam-se discussões - muitas! - e pequenas improvisações sobre aquilo que nos parecia mais importante.

Dessa forma foi ocupado o teatro Conchita de Moraes durante as primeiras tardes de quartas do ano findo, À noite, numa dupla jornada, os dramaturgos se reuniam para mais uma seara de discussões, onde o Abreu insistia para que vasculhássemos o imaginário e universo russos do século 19, com autores como Púchkin, Gógol, Korolenko, Tólstoi e outras obras do próprio Dostoievski, além da pesquisa de narrativa teatral, com subsídios de textos de Walter Benjamin.

Ao lado do entusiasmo e neurastenia pelo "generoso" material dostoiévskiano e suas possíveis tradu­ções ou transcriações cênicas, as facili­dades e dificuldades - sobretudo as van­tagens - do processo colaborativo tam­bém ganharam momentos de exame, avivados em praticamente todo o decorrer do curso. As experiências imedi­atamente anteriores a "Crime e Castigo" foram sui generis: o núcleo de direção havia montado "Beijo no Asfalto", de Nelson Rodrigues, com a concepção das cenas distribuída entre os componentes. Já o núcleo de dramaturgia, em outro processo colaborativo de trabalho, aca­bara de escrever a muitas mãos "Odis­séia", uma recriação contemporânea e particular da obra de Homero, interpre­tada pelos alunos do curso de forma­ção de atores 3 e dirigida pelos mes­tres-artistas Francisco Medeiros, Lucienne Guedes e Gustavo Kurlat. Ou seja, foi com o pilar russo que cada di­retor teve a seu lado um dramaturgo único (e vivo!), cada dramaturgo desen­volveu texto próprio junto a um diretor r atores, e cada ator trabalhou com dra­maturgo e diretor específicos para a sua cena.

Os doze trabalhos de Dostoievski

Antes que nos lançássemos à segunda fase da jornada polifônica (alcunha que os teóricos forjaram para designar seu tipo de construção literária),eminentemente trabalho de palco, a dramaturgia pensou e elegeu os 12 momentos que lhe pareciam mais fun­damentais dentro do romance, além de elencar as personagens mais significati­vas. O critério: aquilo que mais nos to­cava. Com uma eleição democrática realizada pelo Abreu através de voto aber­to, sem segundo turno, extraiu-se 12 pontos-chave de toda história que fo­ram para o quadro-negro como suges­tão aos atores e diretores. Com um ajus­te aqui e acolá a proposta foi ratificada e passamos a um breve momento deli­cado de formação definitiva dos grupos que iriam levar o desenvolvimento artís­tico de seu tema até o final - os partici­pantes juntaram-se pela escolha pesso­al de um dos 12 momentos. Todos satisfeitos - alguns conformados -, inici­am-se as improvisações.

Paralelo ao trabalho prático, como não poderia deixar de ser, na agenda Crime e Castigo havia espaço dedicado a palestras e qualquer outro evento artístico que soprasse ventos siberianos em nossas nucas. A exposi­ção "500 Anos de Arte-Russa", no Par­que Ibirapuera, foi visitada em comboio. Paulo Bezerra, responsável pela primeira tradução de "Crime e Castigo" do origi­nal russo para o português - edição, aliás, adotada em nosso lavor - veio es­pecialmente à ELT para falar sobre Dostoiévski e.. .Crime e Castigo. O pro­fessor de pós-graduação em ciências da religião da PUC de São Paulo, Luís Felipe Pondé, igualmente convidado a dividir suas reflexões porta adentro do Conchita, jogou novas luzes ao debate e nos encantou com seus estudos sobre a concepção de Dostoiévski de homem, através da qual produz uma sacralização da psicologia. Pondé, a propósito, lan­çou recentemente um livro em que tra­ça sua análise em cima de cinco obras de Dostoiévski, intitulado "Crítica Religi­osa a um Humanismo Ridículo", pela editora 34 (a mesma do tradutor). Tam­bém foi de extrema importância a leitu­ra de um livro-referência traduzido pelo mesmo Paulo Bezerra: "Problemas da Poética de Dostoiévski", do lingüista e também russo Mikhail Bakhtin. O pró­prio título denuncia sua relevância.
De volta às improvisações, cada grupo - ou pequeno núcleo - arriscava seu estudo cênico de forma distinta. Uns trabalhando diretamente com o cerne da cena, outros explorando momentos adjacentes. Alguns já com textosincipientes, outros investigando possibi­lidades formais. Todos tateando a plataforma com a qual a cena se desenro­laria. Ao término das improvisações do dia, e este procedimento foi praxe até a última semana, Tó (Antônio Araújo), Abreu e Lucienne teciam comentários e análises gerais e particulares dos resul­tados, gerando reações entusiasmadas ou macambúzias por parte dos alunos.

Noites brancas

Além dos períodos de encontro regular com todos os integrantes do projeto, tanto Lucienne quanto Tó e Abreu descolaram tempo reservado para discussão apenas com seus res­pectivos aprendizes. Assim os coorde­nadores puderam assessorar e malhar questões específicas à interpretação, di­reção e dramaturgia das cenas. Lucienne reunia-se com os atores no início das tardes de quarta. Tó por vezes segura­va os diretores após término dos en­contros. Já às noites de quarta, os dramaturgos estabeleceram uma dinâmica de trabalho que começou da seguinte maneira: o responsável por cada momento-chave expunha sua proposta da configuração dramática que imaginava e isso era amplamente discutido e enri­quecido pelos demais, até que, ao lon­go das semanas, todos fossem sabati­nados. Depois, com as improvisações definindo-se em cenas mais ou menos estruturadas, os primeiros textos foram chegando, e, a partir de então até o final, era leitura e reflexão sobre o papel, novamente com todos sugerindo possibilidades e apontando as lacunas.

Em determinado momento, se me recordo, no segundo semestre, reduzimos os tentáculos da investigação pelos improvisos e afunilamos os esforços no dimensionamento da cena que pretendíamos "fixa", apenas reelaborando, retrabalhando há toda semana. É claro que em maior ou menor grau elas se modificavam constantemente. Uma das principais deficuldades nesse período, a meu ver, era configurar a cena independente do romance. A linguagem própria do teatro exigia sín­teses e escolhas, abrir mão de trechos que adorávamos e pareciam fundamentais. Não eram. Os coordenadores ori­entaram para que as cenas tivessem unidade em si, estrutura própria, sem a dependência da cena ao lado - além da visão pessoal de cada um. Aos poucos ganharam expressão e salto qualitativo.

Por esses tempos o pessoal do núcleo de iluminação da ELT veio juntar-­se a nós. Em outra hora, por coincidên­cia, ou nem tanto, os textos dos drama­turgos foram apresentados mais ou menos simultaneamente, com leituras dramáticas para o coletivo.

Crime e Castigo - Núcleo de processo Colaborativo.
Foto: Beto Garavello
Peça polifônica

Das 12 restaram 10. Houve en­tre os percalços fusões de capítulos es­colhidos e abandonos de alguns inte­grantes. Certas cenas ficaram sem dra­maturgo. O próprio grupo desfalcado articulava a dramaturgia com o núcleo do Abreu, caso não houvesse disponibi­lidade de um dramaturgo desdobrar­se para arcar com duas. Atores foram substituídos e muitos atuaram em ou­tras cenas além da sua. Ao que me pa­rece, no entanto, as 10 cenas engolfaram e encaminharam os objetivos, com personagens definidas e ações de alta carga dramática, além da mão artística dos participantes socavando e massageando a matéria prima romanesca do século retrazado ao seu critério de prazer, crueldade e respeito.

Que se diga, por todo processo e seus resultados, naturalmente ficou às claras a importância de atuação nas di­ferentes "funções" (direção, dramaturgia, interpretação) num trabalho colaborativo, onde se promova sim a imisção generosa de cada um entre áre­as - base deste tipo de processo -, mas se vele pela participação de fato e responsável nos três âmbitos, com o risco de déficit para a cena, caso tanto não ocorra, evidenciado no palco entre nós nos momentos em que o tripé esteve aleijado.

A junção de todas as cenas num espetáculo uno foi deixada para provavelmente uma terceira fase. É preciso que fique claro que ainda se trata de um trabalho em realização. Esta problemá­tica se mostra como nova e desafiadora enxaqueca. Será possível construir uma unidade? Como juntar tudo? Haverá no­vas cenas? Que dramaturgia vai ser ne­cessária? Quais serão as medidas de in­terpretação? Como contracenariam os estilos de direção? Não sabemos, espe­ro que por enquanto...

E a frase de Sônia, principal heroína de "Crime e Castigo" convocando a si própria a tomar partido dos tor­mentos e possível remissão de Raskólnikov, ecoa de forma metafórica a todos os envolvidos neste projeto desde sua concepção até quando dermo-lo por encerrado:
“ ...É quer vamos sofrer juntos, e juntos vamos carregar a cruz!...”




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Alessandro Toller é dramaturgo, responsavel pela dramaturgia de A Paixão do Circo, do Núcleo de Artes Circenses da ELT, que cumpriu recentemente temporada na praça do Teatro Conchita de Moraes. Atualmente o espetáculo está sediado no parque Celso Daniel, no centro da Cidade de Santo André.


quinta-feira, maio 31, 2007

Escola Livre de Teatro está na Rua!

Temporadas em Santo André, em São Paulo e no interior do Estado.

Três dos núcleos de criação e pesquisa da ELT fazem apresentações na cidade, em São Paulo e pelo interior, em movimento de extensão das atividades da Escola.

A Paixão do Circo
Trapezistas, malabaristas e acrobatas fazem uma releitura da vida, paixão, morte e ressurreição de Cristo. Com o Núcleo de Montagem Circense da ELT. Dramaturgia de Alessandro Toller. Direção de Marcelo Milan.
De 02 de junho a 1º de julho
Sábados e domingos às 19h30
Parque Prefeito Celso Daniel

AVAROS - um estudo barato sobre a mão de vaquice
Conta a trajetória de três velhos muquiranas que têm como projeto de vida o acúmulo de riquezas. O espetáculo tem direção cênica de Georgette Fadel e direção musical de Gustavo Kurlat, com canções originais compostas pelo elenco - a oitava turma do Núcleo de Formação do Ator da ELT.

09 de junho - Circo Chico Sá - São Francisco Xavier
16 e 17 de junho - Teatro Adamastor Pimenta - Guarulhos
23 de junho - local à confirmar - Votorantim
30 de junho - Centro Cultural Monte Azul - São Paulo


Marragoni (quase) ópera brasileira (de rua)
Releitura de Ascensão e Queda da Cidade de Mahagony, de Berthold Brecht, que canta e narra a fundação e destruição de uma cidade. Direção de Ana Roxo e direção musical de Cristiano Gouveia, com o Núcleo de Teatro de Rua da ELT.
Dias 10, 17 e 24 de junho às 15 hrs - Casa das Rosas - São Paulo
Dia 16 de junho às 16 hrs- CESA Vila Palmares - Santo André

Realização:
Prefeitura de Santo André
Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer
Escola Livre de Teatro

quarta-feira, maio 09, 2007

Numero 0 - Cadernos da ELT

A edição do nº 0 do Cadernos da ELT é praticamente esgotada. Devido a este fato , vamos publicar aqui paulatinamente textos e artigos que considera-se importantíssimos (tanto para a trajetória da ELT, seus aprendizes e mestres, como também registro artístico e teatral de um tempo).

Esta primeira postagem na verdade se trata de um texto já publicado no blog, no mês de janeiro de 2006.

em breve teremos outros. abraços e boa leitura.
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Processo colaborativo - Relato e Reflexão sobre uma experiência de criação

Por Luis Alberto de Abreu.
Texto extraído do Cadernos da ELT nº 0 – março de 2003

Pode-se dizer que o processo colaborativo é um processo de criação que busca a horizontalidade nas relações entre os criadores do espetáculo teatral.
Isso significa que busca prescindir de qualquer hierarquia pré-estabelecida e que feudos e espaços exclusivos no processo de criação são eliminados. Em outras palavras, o palco não é reinado do ator, nem o texto é a arquitetura do espetáculo, nem a geometria cênica é exclusividade do diretor. Todos esses criadores e todos os outros mais* colocam experiência, conhecimento e talento a serviço da construção do espetáculo de tal forma que se tornam imprecisos os limites e o alcance da atuação de cada um deles.
Esse processo desenvolveu-se ao longo do tempo, a partir das necessidades da cena e de problemas práticos percebidos em seu processo de construção, revelando-se uma forma de criação eficiente, rica e satisfatória do ponto de vista dos resultados artísticos alcançados. E esse sistema de criação polifônico, para utilizar o conceito fundamental de Bakhtin em seu estudo sobre a obra de Dostoievski** (Bezerra,97), passa, agora, a exigir maior atenção, experiências mais aprofundadas e uma reflexão sistemática que possa servir como base e objeto de estudo para outros grupos e pessoas interessadas não só na análise, mas também na prática da criação teatral... É isso o que propõe esta reflexão.

Preferimos denominar essa experiência criativa e coletiva, que tem sido objeto de estudo e desenvolvimento na Escola Livre de Teatro de Santo André, com o nome de processo colaborativo (e não método colaborativo) não só para preservar o caráter vasto e intuitivo da criação, como pelo cuidado, nunca desnecessário, de não objetivar excessivamente o fim pretendido. Não era, e nem é, nossa pretensão estabelecer um conjunto de regras para levar a bom termo a criação de um espetáculo teatral. Sabemos por experiência que a criação artística, embora seja uma geometria racional possui elementos imponderáveis, e não queríamos proceder como se estivéssemos diante de um objeto de estudo apenas científico. Isso não significa que o processo colaborativo abra mão alguns princípios norteadores, sem os quais os riscos do processo de criação cair num subjetivismo vazio são por demais evidentes. O que pretendemos com este artigo é balizar o caminho percorrido e abrir uma reflexão teórica sobre uma prática já consagrada como bastante eficiente em nosso trabalho.

Nossa cidade - temporada julho/outubro de 1999 - foto: Gilberto Garavello

Breve histórico

O processo colaborativo provém em linhagem direta da chamada criação coletiva, proposta de construção do espetáculo teatral que ganhou destaque na década de 70, do século 20, e que se caracterizava por uma participação ampla de todos os integrantes do grupo na criação do espetáculo. Todos traziam propostas 34 cênicas, escreviam, improvisavam figurinos, discutiam idéias de luz e cenário, enfim, todos pensavam coletivamente a construção do espetáculo dentro de um regime de liberdade irrestrita e mútua interferência.

Era um processo de criação totalmente experimental, muitas vezes sem controle, cujos resultados, quando havia, iam do canhestro ao razoável, com algumas boas, vigorosas e estimulantes exceções de praxe. Esses bons resultados estimulavam a continuação da busca de um novo processo de trabalho criativo, principalmente porque resultados canhestros apareciam também no processo tradicional - o teatrão, como era chamado -e que se caracterizava por forte obediência ao texto teatral e por uma divisão de trabalho comandada pelo diretor.

A criação coletiva possuía, no entanto, alguns problemas de método.Um deles era a talvez excessiva informalidade do próprio processo. Não havia prazos, muitas vezes os objetivos eram nebulosos e se a experimentação criativa era vigorosa, não havia uma experiência acumulada que pudesse fixar a própria trajetória do processo. Era ainda, uma abordagem da criação totalmente empírica que se resumia, muitas vezes, em experimentação sobre a experimentação. Por outro lado, a ausência de alguém que pudesse organizar idéias, ações e personagens todo material proveniente das improvisações num texto prévio - dramaturgos eram escassos na época - fez com que o diretor comumente concentrasse em suas mãos e em sua ótica, o resultado, a "amarração final", como se costumava dizer. Isso fazia com que o processo perdesse, em determinado momento, seu caráter coletivo, assumindo a visão, ou a proposta de seu diretor. Nesse caso, se anteriormente o grupo dependia totalmente de como o dramaturgo pré-organizava o espetáculo através do texto - o que acontecia no processo tradicional -, agora o coletivo também corria o risco de ter um outro criador que, isoladamente, cumpria essa função, o que fazia com que o ideal de um coletivo criador não se cumprisse integralmente.

Questão igualmente importante era que a criação coletiva, em sua proposta de dar voz e direitos a todos os criadores, muitas vezes conduzia o resultado artístico a uma somatória das criações dos indivíduos, muitas vezes sem síntese e clareza. A ferocidade da crítica da época convencionou comparar alguns desses espetáculos a festas escolares de final de ano.

Durante os anos 80, a aventura de chegar a uma criação coletiva que se pudesse contrapor ao sistema funcionalista vigente pareceu esqotar-se dentro de suas próprias contr adiçôes. Por sua vez o diretor , assumiu de vez o papel de condutor processo da criação teatral, substituindo, muitas vezes, o dramaturgo como geômetra das ações e pensador do corpo de valores éticos e estéticos do espetáculo. Ao contrário do que possa parecer, este foi um momento bastante rico para a cena brasileira. O diretor não se resumia mais a simples montador de textos. Libertos da servidão à escrita do dramaturgo, os encenadores tornaram-se os verdadeiros criadores do espetáculo, fazendo avançar a pesquisa cênica a limites até então inexplorados.

Quando não criavam os próprios textos onde se assentavam os espetáculos, apropriavam-se da dramaturgia de autores clássicos ou contemporâneos como suporte para sua criação, remodelando, cortando, fundindo cenas, muitas vezes dando outra configuração ao trabalho original do dramaturgo. Resultados belíssimos, originais e contundentes foram criados a partir da arquitetura cênica. No entanto, um processo coletivo de criação continuava solicitando reflexão e aprofundamento. Se o processo de criação convencional havia encontrado seu equilíbrio baseado na hierarquia representada pelo texto e na especialização das funções, a busca de um processo coletivo eficiente continuou seu percurso a procura de respostas aos problemas que sua ausência de método apresentava.

O que chamamos hoje de processo colaborativo começou a se aprofundar no começo dos anos 1990, o Teatro da Vertigem, de São Paulo, dirigido por Antonio Araújo, e a Escola Livre de Teatro de Santo André, são referências na busca da horizontalidade de relações artísticas entre seus integrantes. Experiências foram desenvolvidas, dentro do âmbito da Escola Livre, por criadores como Tiche Vianna, Cacá Carvalho, Antonio Araújo, Luis Fernando Ramos, Luís Alberto de Abreu, Francisco Medeiros e outros, na busca de refletir e desvendar alguns princípios que pudessem ordenar um trabalho de intensa criação e ao mesmo tempo sem hierarquias fixas e desnecessárias.

Um novo olhar

O processo da construção do espetáculo de forma partilhada por vários criadores levou, logo de início, à necessidade da revisão de uma série de conceitos relacionados à arte teatral. Percebeu-se, logo a princípio, que esse novo processo de criação não poderia conviver com o subjetivismo exacerbado que comumente acompanha o trabalho artístico. Num processo de criação partilhada não há muito espaço para "minha cena", "meu texto", "minha idéia". Tudo é jogado numa arena comum e examinado, confrontado e debatido até o estabelecimento de um "acordo" entre os criadores. É claro que esse acordo não significa reduzir a criação ao senso comum, nem transformar o vigor da criação artística num acordo de cavalheiros. É um acordo tenso, precário, sujeito, muitas vezes, a constantes reavaliações durante o percurso. Confrontação (de idéias e material criativo) e acordo são pedras angulares no processo colaborativo.

O principal conceito a se fazer revisão diz respeito ao próprio entendimento do fenômeno teatral. O princípio norteador do processo colaborativo é o conceito de que teatro é uma arte efêmera que se estabelece na relação do espetáculo com o público. A concepção de que o fenômeno teatral só existe enquanto relação espetáculo / público foi o primeiro passo para conduzir uma série de conflitos subjetivos para um campo objetivo. Teorias, visões estéticas, impressões, sentimentos, informações, todas esses elementos que são trazidas por atores, diretores, dramaturgos, cenógrafos, figurinistas e outros criadores, para a arena do processo de criação tinham agora referenciais concretos: o espetáculo e o público.

Aparentemente situar o fenômeno teatral na relação efêmera do espetáculo com o público é uma obviedade. No entanto, essa obviedade produz profundas mudanças. De um lado recoloca o público como elemento importante a ser levado em conta no processo de criação. De outro, afasta a ilusão narcisista de que toda complexidade do fenômeno teatral possa ser reduzida um único artista (seja ele dramaturgo, diretor, ator ou outro qualquer). Arte teatral, dentro desse conceito, não é apenas expressão do artista (qualquer que seja ela), mas uma complexa relação entre a expressão do artista e o publico***. A essa concepção parecem estranhas tanto as definições do teatro como a arte do ator quanto texto dramatúrgico ou geometria cênica. É claro que o eixo principal de um espetáculo pode ser o dramaturgo, o diretor, o ator, o cenógrafo ou outro criador, mas nenhum deles, isoladamente, define a totalidade do fenômeno teatral, que permanece por sua própria história e maneira de ser uma arte coletiva feita para ser partilhada por um outro coletivo, o público.

A re-introdução do público como valor a ser considerado num processo de criação artística é assunto complexo e que pede reflexão maior que não cabe no momento. Por ora, basta levantar que o público, em geral, não tem sido incluído como elemento fundamental nas discussões estéticas. É considerado, em geral, apenas, como destinatário passivo das formulações estéticas estabelecidas nas salas de ensaio, reduzido a mero observador da expressão do artista ou simples "pagante" de um entretenimento. No entanto, o público é o elemento que traz ao artista não só o pulso da contemporaneidade como é o fio que o conduz ao universo de sua própria cultura. A cultura, o tempo e o espaço histórico tornam-se lastro do fazer artístico, o que contribui para evitar o mero formalismo, comum em processos artísticos afastados do contexto cultural. Mas nosso objeto de reflexão é a gênese e os princípios norteadores do processo colaborativo. A ele voltamos.

O processo colaborativo se propõe basicamente a romper as fronteiras, quebrar os espaços privativos de criação na construção do espetáculo. Isso é proposto não por razões morais, por mera opção por um discurso igualitário, mas por razões práticas: o processo colaborativo tem-se mostrado eficiente como resultado artístico.

Situar o foco da criação na relação do espetáculo com o público pode ser uma decisão benéfica, mas por si só não garante o resultado pretendido. São necessários outros elementos norteadores para a condução do processo. Dado que o objetivo em vista é algo concreto - a construção do espetáculo - é óbvio que o primeiro elemento norteador deve ser também algo concreto: a cena. Antes de se chegar à cena, porém, existe todo um trabalho de definição de tema, mote ou assunto do espetáculo, pesquisa teórica ou de campo e, mesmo, discussões das primeiras imagens, idéias, improvisações dos atores ou de textos da dramaturgia.

Após esse período exploratório, onde todo material de pesquisa é tornado comum a todo o grupo, cabe à dramaturgia propor uma estruturação básica das ações de ações e personagens. Damos a essa estruturação o nome de canovaccio, termo que, na Commedia dell'Arte, indicava o roteiro de ações do espetáculo, além de indicações de entrada e saída de atores, jogos de cena, etc. Embora o canovaccio seja responsabilidade da dramaturgia ele não se constitui em mera "costura" das propostas do coletivo, nem uma visão particular do dramaturgo. É a resultante de todo o trabalho preparatório organizado em propostas de cenas. No canovaccio as improvisações, propostas de cena, imagens e conceitos do espetáculo, todo o trabalho anterior já aparece estruturado. O canovaccio contém, de forma embrionária, uma visão possível do espetáculo. E, como nada é permanente no processo colaborativo o canovaccio vai à discussão para aperfeiçoamento e possível reformulação.

Odisséia - temporada julho/outubro de 2002 - foto: gilberto garavello

A cena


A trajetória do processo colaborativo, como de resto em qualquer processo criativo, vai do abstrato ao concreto e do subjetivo ao objetivo, da intuição e do material informe presente no criador até o material objetivo e comunicável. Isso significa que uma idéia clara tem um peso significativamente maior do que uma sensação difusa e que uma imagem nítida, perfeitamente comunicável, tem valor maior do que do que uma idéia ou uma sensação. É importante essa trajetória em busca do concreto e do objetivo para que o processo não se dilua no perigoso prazer da discussão intelectual ou na confrontação de impressões e sensações imprecisas. Todo material criativo (idéias, imagens, sensações, conceitos) devem ter expressão na cena. A cena, como unidade concreta do espetáculo, ganha importância fundamental no processo colaborativo. Ela é o fiel da balança (, como algo concreto e objetivo, é hierarquicamente superior à idéia, à imagem, ao projeto, às visões subjetivas"

Esse dado é importante para que um simples argumento bem conduzido ou uma idéia bem engendrada não possam destruir a organização de uma cena que, mesmo ruim, custou trabalho e esforço dos criadores. A idéia bem engendrada ou o argumento bem conduzido devem transformar-se em cena. Só uma nova cena tem o poder de refutar a cena anterior. Essa é uma regra geral no processo colaborativo: tudo deve ser testado em cena, sejam idéias, propostas ou simples sugestões.

É importante ressaltar que consideramos cena não a unidade acabada mas qualquer organização de ações proposta por atores, diretores ou dramaturgos (A cena escrita tem o mesmo valor da cena interpretada!) e qualquer uma delas deve ser testada no palco ou sala de ensaio antes de ser refutada ou modificada por acréscimos ou cortes.

Se idéias, propostas verbais e avaliações não têm o poder de inviabilizar uma cena construída no papel ou no palco, esta, ao contrário, tem o poder de modificar o canovaccio, aprofundar o tema ou até provocar uma revisão na abordagem do assunto escolhido. Canovaccio, embora seja um ganho importante no processo de organização do trabalho criativo, não é lei a ser cumprida à risca. É uma proposta que visa insuflar ainda mais a criação e só esta, expressa na cena, tem o poder de efetuar mudanças.

A crítica

O processo colaborativo é dialógico, por definição. Isso significa que a confrontação e o surgimento de novas idéias, sugestões e críticas não só fazem parte de seu modus operandi como são os motores de seu desenvolvimento. Isso faz do processo colaborativo uma relação criativa baseada em múltiplas interferências.

E aqui começamos a pisar em terreno minado porque esse processo de criação busca também preservar o terreno da criação individual. Como conciliar, então, o aparente paradoxo de fomentar o impulso criativo dos indivíduos dentro do grupo e ao mesmo tempo preservar a permeabilidade das idéias? Como promover o livre trânsito da criação entre os participantes sem eliminar a demarcação dos territórios de criação? Até que lim ite o ator pode interferir na dramaturgia, o dramaturgo pode interferir no conceito da encenação e assim por diante? Não é possível demarcar os limites dessa interferência. Mais: acreditamos que essas fronteiras não podem nem devem ser delimitadas.

A maneira como essa interferência se dá vai depender do grau de amadurecimento do grupo e da confiança entre os envolvidos no processo.Dentro do processo colaborativo a interferência na criação alheia é um momento extremamente delicado, pois se na fase de confrontação de idéias o trabalho corre normalmente o mesmo pode não acontecer quando existe interferência no material criativo do companheiro. Talvez este seja o principal foco de tensão no processo colaborativo, porém, sem a liberdade dessa interferência o processo colaborativo não se estabelece.

Para superar e transitar com mais desenvoltura nesse momento fundamental do processo é necessário que se preserve as funções de cada artista. De um lado existe total liberdade de criação e interferência, mas de outro é vedado a um criador assumir as funções do outro. Ou seja, um ator pode discutir, sugerir mudanças, propor diálogos ou até mesmo escrever uma cena, no entanto é o dramaturgo que deverá fazer a organização desse material. Da mesma forma é vedado ao dramaturgo assumir funções da direção ou da interpretação embora se preserve a liberdade de mútuas interferências. Nesse sentido, a responsabilidade de cada um alcança não só sua área específica de criação, mas também colabora na área do parceiro.

A interferência é algo bastante delicado e requer um certo método não só para não ferir suscetibilidades, mas, principalmente, para que essa interferência se torne ferramenta eficiente e construtora na criação. Dentro do processo colaborativo a interferência mais aguda e necessária é a crítica. E ela deve se dar de forma especial.

O desenvolvimento de um olhar crítico sobre o próprio trabalho e sobre o trabalho do companheiro é condição fundamental para o desenvolvimento do processo. No entanto, olhar crítico não significa, em absoluto, uma simples avaliação estética sobre o trabalho alheio. É muitíssimo mais que isso, é um olhar criativo sobre a criação alheia.

Em primeiro lugar, o direito à crítica poderá ser exercido somente pelos criadores envolvidos. Os resultados têm sido desastrosos quando pessoas afastadas do processo de criação, por mais competentes que sejam, são chamadas para opinar. Afastadas do processo, desconhecendo os objetivos pretendidos ou o esforço empreendido pelos criadores, essas pessoas tendem, naturalmente, a analisar o que vêem como resultados e não como "algo em perspectiva", como imagens, formas e cenas em progresso, sujeitas, muitas vezes, a radicais transformações. O olhar de pessoas alheias ao processo é evidentemente útil e necessário quando o trabalho já se encontra em sua fase final, mais sólido, e os criadores menos inseguros.

Essa talvez seja a primeira característica necessária da crítica no processo colaborativo: ela tem de ser feita em "perspectiva", ou seja, conhecer e levar em consideração o objetivo que o criador procura alcançar, afastando se da simples avaliação de resultados.

Outra característica da crítica é sua objetividade. Comentários vagos, impressões difusas ou subjetivas, enfim, todo um conjunto de expressões imprecisas ou metafóricas devem ser banidas por serem inúteis e não contribuírem em nada para a compreensão dos problemas existentes no material criado. A crítica, como o olhar racional sobre o material criado, deve ser ampla, completa, profunda e objetiva. Mas, dentro do processo, colaborativo isso ainda não é o bastante. Se não é fácil identificar de forma objetiva o problema existente na cena ou não improvisação e, após isso, discuti-lo e aprofundá-lo, ao cabo de tudo, é imprescindível que o crítico traga propostas para solucionar o problema. É somente neste momento que a crítica transcende a mera avaliação e se insere no caudal criativo do grupo, tornando se um dos fundamentos da criação. A crítica, nesse sentido, agrega ao seu conteúdo racional, um esforço de criação, um valor sensível e intuitivo. Isso faz com que o momento da crítica, no processo colaborativo, seja ansiosamente esperado, pois é o momento quando há todo um esforço coletivo de avaliar, discutir e oferecer soluções e caminhos.

Conclusão

O universo da criação é consideravelmente vasto e dentro dele cabem inúmeros processos que podem conduzir ao um número igual de resultados estéticos consistentes. O processo colaborativo é não é mais do que um entre eles, nem pior nem melhor, nem ao menos é um processo exclusivo.Artistas há que transitam por vários processos de criação e grandes obras têm sido criadas de forma solitária por artistas, da mesma forma que resultados medíocres podem ser construídos de forma partilhada entre muitos participantes. Reiteramos que o processo colaborativo não é método de se criar um bom espetáculo. Para isso não existem fórmulas nem métodos e na criação só sabemos como entramos nela e não como dela vamos sair. O que não quer dizer,é evidente, que todos os processos são igualmente bons e igualmente válidos. Um processo está intimamente relacionado ao fim desejado.

É o fim vislumbrado que nos leva a planejar os meios de alcançá-lo. O processo colaborativo tem se revelado altamente eficiente na busca de um espetáculo que represente as vozes, idéias e desejos de todos que o constroem. Sem hierarquias desnecessárias, preservando a individualidade artística dos participantes, aprofundando a experiência de cada um, o processo colaborativo tem sido uma resposta consistente para as questões propostas pela criação coletiva dos anos 1970: uma obra que reflita o pensamento do coletivo criador.

______________________________________________

*Quaisquer criadores, de qualquer área, podem integrar o processo colaborativo. Tomamos como base de reflexão apenas a atuação de dramaturgos, atores e diretores nesse processo por serem os criadores que de forma mais constante e intensa têm-se envolvido nesse tipo de criação.

**Problemas da Poética de Dostoievski, Forense Universitária, 2° ed., 1997. trad. Paulo Bezerra.

*** É bom que se esclareça que o termo público, aqui, não significa unidade monetária, o mero pagante de ingresso, mas, sim, uma unidade cultural, um conjunto de indivíduos que pensa, partilha sonhos, expectativas e um mesmo imaginário.

sexta-feira, abril 13, 2007

AVAROS - Um estudo barato sobre a mão de vaquice


AVAROS conta a trajetória de três velhos muquiranas que têm como projeto de vida o acúmulo de riquezas.
O espetáculo tem direção de Georgette Fadel e direção musical de Gustavo Kurlat, com canções originais compostas pelo elenco - a oitava turma do Núcleo de formação do ator da ELT. A adaptação, feita por Newton Moreno e pelo grupo, mistura diversas fontes que tratam do tema da avareza, do teatro grego à comédia popular brasileira, passando por Moliére. O espetáculo é resultado de um ano de pesquisa e criação.
  • Onde: Teatro Conchita de Moraes - Praça Rui Barbosa, s/n Bairro Santa Terezinha, Santo André. Fone 4996-2164
  • Quando: de 17 de março a 27 de maio. Sábados e Domingos, às 21h. Retirar ingressos com uma hora de antecedência.
  • Quanto: entrada franca. Sugere-se a doação de um kg de alimento não perecível.

quarta-feira, abril 04, 2007

Próximas apresentações do Marragoni

Aí vão a todos as próximas apresentações do MARRAGONI - (quase) Ópera (brasileira de rua), do Núcleo de Teatro de Rua da ELT:


15 de abril (domingo), às 16hs, na Casa das Rosas, na Av. Paulista (próximo ao metrô brigadeiro).

22 de abril (domingo), às 16hs, no Cesa jd sto alberto, em Santo André.




06 de maio (domingo), às 16hs, Cesa pq novo oratório, em Sto André

26 de maio (sábado), às 16hs, no Cesa humaitá, em Sto André

27 de maio (domigo), às 16hs, no cesa vila floresta, em Sto André.



ESPERAMOS POR VCS!!!

segunda-feira, março 19, 2007

ELT NA FOLHA DE SP


Veja a matéria que saiu na edição eletrônica do jornal Folha de São Paulo * hoje, dia 19 de março de 2007.

E reinterando: esperamos todos no lançamento do caderno nesta terça feira, dia 22 de março, as 20hrs

Até!

Escola Livre de Teatro lança caderno e peças
DA REPORTAGEM LOCAL


A Escola Livre de Teatro de Santo André lança amanhã a quarta edição do "Cadernos da ELT". A publicação registra os processos artísticos e pedagógicos de 2005/2006.Caso dos espetáculos que estrearam no último sábado:


"Avaros - Um Estudo Barato sobre a Mão de Vaquice", de Newton Moreno, com direção de Georgette Fadel; e "Marragoni (Quase) Ópera (Brasileira) (de Rua)", releitura de "Ascensão e Queda da Cidade de Mahagony", de Brecht, com direção de Ana Roxo."Avaros" está em cartaz, com entrada franca, aos sábados e domingos, às 21h, no teatro Conchita de Moraes (pça. Rui Barbosa, s/ n, tel. 0/ xx/11/4996-2164). "Marragoni" percorre espaços públicos e centros educacionais.


Nos "Cadernos", o capítulo "Fóruns" transcreve encontros com o filósofo Luiz Fuganti, que relaciona poder e criação artística; com o ator Ney Piacentini (Cia. do Latão) e com o diretor Luiz Carlos Moreira (Engenho Teatral), que discutem a sobrevivência do teatro de grupo.O livro, editado pela Prefeitura de Santo André, é distribuído gratuitamente a escolas e entidades voltadas para artes cênicas (tel. 0/xx/11/4996-2164).

quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Reinício das atividades na ELT

Semanão de Integração dos Corpos (Para as três turmas de Formação e Teatro Laboratório)
Horário normal (18:30 às 22:30h)

Segunda, 05
Recepção de todos e aula conjunta com mestres de interpretação.

Terça, 06
Aula conjunta com os mestres de Corpo (só para as turmas da Formação).

Quarta, 07
Aula conjunta de música (Só para as turmas da Formação).

Quinta, 08
16h - Pré-estréia de Marragoni - (quase) ópera (brasileira de rua). Com o Núcleo de Montagem em teatro de Rua. Na Praça Rui Barbosa
18:30 às 20:30: Aulas por turma. No segundo horário, apresentação de Exercício Cênico da F10
Sexta, 09
Recepção da Formação 11 pela Formação 10
Sábado, 10
Ensaio aberto de "Avaros - um estudo barato sobre a mão de vaquice"

Bem vindos os novos e antigos. Vamos juntos.

Integrantes do Núcleo de Pedagoga Teatral – 2007


Aprovados / Estágios

Alba Brito – Alexandre Matte/Formação 11


Anderson Cosme da Silva – Antônio Rogério Toscano/Formação 10


Carlos Cosmai – Marcelo Milan/Formação 11


Ciléia da Silva Biagiolli – Claúdia Schapira/Núcleo Direção


Daniela Evelise – Newton Moreno/Formação 09


Daniela Ramos – Georgette-Luís Mármora-Mariana Senne/Formação 11


Dígima das Neves – A confirmar estágio


Eduardo Aparecido de Souza – Juliana/Núcleo experimentação corporal


Edwuard Borges de Carvalho – Cuca Bolaffi/Formação 11


Janne C. Barros Cordeiro – Marcelo Milan/Formação 10


Leonardo Rogério Mussi de Souza – Denise Weinberg-Alex Tenório/Formação 10


Marcio Rui Padoim – Juliana/Formação 09


Neimar Bonifácio de Almeida – Thiago Antunes/Formação 10

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Selecionados para o Núcleo de Estudos do Teatro Contemporâneo (Iniciação à dramaturgia)

Início das aulas – 06 de março, Terça feira

André Horácio de Lima
Antonio Luiz Gonçalves Junior
Carmem Pinheiro da Silva
Caroline Severiano
César Felipe Fernandes Guimarães
Eliana A dos Santos Filinto
Jaci Palma
Luciene Magda Ribeiro
Marcelo Adriano da Silva
Marcelo Nascimento
Marcus Wesley Guimarães Rosa
Patrícia Franconere Nogueira
Roberta Silva Nunes de Oliveira
Silvia Maria H. A. Campos
Telma Dias
Virgílio Gonçalves da Costa
Vivian Helen Darini
William Costa Lima

sábado, fevereiro 17, 2007

Selecionados para o Núcleo de Teatro Laboratório - 2007

Início das Aulas: 05 de março às 18:30hrs

Alessandra Cosme da Silva – 71
Allan Denis Castañeda Pereira – 59
Bruna Amaro dos Santos – 61
Carla Marco de Carvalho – 13
Cinira da Silva Augusto – 41
Cristiane Miyajima dos Reis – 113
Daniele Farias Pimentel – 62
Débora Matenhauer Cursino – 132
Elkjaer Barbosa – 122
Erickson Willian Almeida Freitas – 39
Eudes de Souza Santos – 105
Geralda Canuto Duarte – 29
Ícaro Henrique Gimenes Lopes – 128
Jade Stella Martins – 101
Julian Melo da Silva – 30
Karine Beatriz Cardoso – 73
Leonardo Monteiro – 92
Lilian Cardoso – 99
Luiz Augusto dos Santos – 95
Maira Cristina Lopes – 46
Maria Ivone Pinheiro – 129
Maria José Marcondes do Amaral – 07
Mariana Pires de Oliveira – 53
Mayara de Souza Molina Gomes – 86
Osmar Tonette Junior – 141
Osmeir dos Santos Pinto – 93
Paulo Roberto Yonamine – 36
Rogério Marinho Guimarães – 56
Suzana Lodi Ros – 125
Thiago Rodrigues Batista – 123
Tiago Rocha dos Santos – 47
Vanessa Ferreira da Silva – 32
Vivian Aparecida Debei – 64