Tema 01: "Partilha de Processos"
Presentes: Edgar, Juliana Monteiro, Mauro e Débora (aprendizes F11)
Edgar - Em maio, houve visitas entre as turmas, por uma hora por dia, durante uma semana. Mas o espaço, em algumas formações, serviu mais como um espaço de exposição do processo feita pelo mestre. A idéia é que o aprendiz reflita sobre o que tem vivenciado, que elabore essa reflexão e a relate. Que o aprendiz aprenda a se colocar. Como o aprendiz elabora o processo, como fala disso tudo?
Débora - Mas foi muito bom o Rogério ter falado a respeito. Então, a proposta tem que ficar mais clara.
Mauro - Foi um dia de trocas, de agrupamento, muito enriquecedor.
Edgar - Este espaço pode servir de espelho para o mestre refletir sobre o processo a partir do ponto de vista de quem o vivnecia. Não há necessidade de se preparar nada. A turma visitante pode entrar e ouvir o relato dos anfitriões sobre o que trabalharam até aquele momento. Ou os anfitriões mostram um exercício que tem sido feito com regularidade, ou uma cena.
Mauro - Baixar os melindres. : "só mostro o que está super acabado!"
Edgar - Ficar atento para não cair no "tenho que ter um desempemho", "a cena tem que ser a tal!"
Débora - Mas é importante saber o quê e com quem compartilhar...para que a platéia deixe de lado seus julgamentos...ela está no mesmo barco, talvez num mesmo momento de fragilidades....tem que ser generosa.....em vez de ficar cm comentários maudosos pel corredor.
Juliana - E mesmo as fragilidades, expostas, têm que estar cercadas de um campo que as embase, que as assegure. POis, no teatro, estamos dando a cara a tapa a todo momento. Que o olhar do "público" seja um olhar de aprendizagem. Tirar o "gosto, não gosto" e dar lugar a um olhar organizador, reflexivo: O que vejo aqui? Como vejo?
Deliberação
Programar outra partilha para outubro, no mesmo formato - uma hora por dia, durante uma semana.
Elaborar melhor a proposta e gerar possíveis formas da partilha acontecer: compartilhar as perguntas trazidas pelo processo; mostrar um jogo, mostrar um exercício, etc...
Relatora – Juliana Monteiro
Tema 02: “Qual a necessidade de agendamento adiantado “ao cubo” dos adereços e equipamentos da ELT?”
Presentes: Beth Del Conti, Mario e Rafael (F13s)
Falamos sobre a questão da necessidade do agendamento (mais que!) prévio dos materiais da Escola, cujo tema eu sugeri. Bom, antes eu não entendia bem essa necessidade. A Betona me ressaltou que, claro, nada impede que usemos algo do cenário, sem agendamento. Mas este é sim inteiramente necessário para a luz. Ela comentou que já hove "roubos" de materiais na Escola, por isso é que todos, quando forem pegar algo, devem ir para a sala em companhia da Dona Bete ou de algum outro funcionário da Escola, que se coloque responsável, além do aprendiz, pelo que foi retirado.. "Jogar chaves fora", honrar mesmo a liberdade prezada pela Escola Livre é um ideal, que a Betona queria muito seguir. Por isso que a autonomia total dos aprendizes não é o caminho certo a ser seguido. Afinal, há aqueles conscientes, que usam e devolvem no prazo estabelecido, sem nenhum estrago e tal. Porém, há também os inconscientes, que não devolvem, somem, não têm cuidado com o espaço... Betona até citou o dia em que encontrou uma vasilha e uma colher usados jogados pela Escola. Nós também falamos sobre o material básico que todos devem ter/levar para a Escola. Ninguém merece perder 10 tesouras, 25 canetas e 18 lápis por ano, não é mesmo? Enfim... todos deveriam ter sua tesoura, sua caneta, sua fita crepe. Claro que a Escola deve oferecer as coisas grandes, mais complicadas de se ter, mas é extremamente necessário que todos tenham a consciência de ter suas próprias coisas. Lembramos sobre nossos tempos de escola. É o que deveria acontecer hoje também. Mário ressaltou que o empréstimo de figurino não se estende para o lado de fora da Escola. Ou então, se for o caso de se emprestar para ser usado extra-escola (o que é muito difícil!!!), deve-se saber o "para quê" o figurino será usado. Falamos também sobre a transformação do figurino, que é algo não impedido pelos mestres/funcionários da Escola. Porém, deve-se haver uma relação de agradecimento do aprendiz para a instituição. Pegou o figurino e transformou? Tudo bem. No fim de seu ciclo na Escola, doe um novo figurino para o acervo da Escola. Esta é uma forma de agradecer a tudo que viveu na Escola. E também falamos sobre a questão de não ficar com o figurino, não guardá-lo como recordação pós temporada. Isto é muito importante ser dito. É a consciência que todos deveriam ter. Por fim, falamos sobre a questão das comissões. Acredito que este termo assusta um pouco. Daí sugeri que alguns trabalhos fossem feitos individualmente pelos aprendizes. Desta forma, talvez role mais. Por exemplo: informatizar o banco de dados da nossa biblioteca é um trabalho que seria interessante ser feito por apenas uma pessoa. É algo que poderíamos experimentar.
Relator – RafAuugsto (F13)
Tema 03: “Gestão Compartilhada” – O que é gestão? O que é compartilhar?
Participantes: (faltou informar)
Responsabilidade, cuidado, direção, administração, partilha, informação, cobrança, presença, ciência, e sempre, consciência. Alguns dos termos que circularam a discussão entre compartilhar uma gestão.
Questões:
Há hierarquia; gestor, subgestor (...) ?
Horizontalidade, até que ponto, se é que ele existe?
Como lidar com a possessividade e individualismo que sempre nos cerca, principalmente aqui quando somos entregue à autonomia. Bem se a tenho, é minha?
Como lidar com o estrangeirismo de uma autoridade pública nesta política da escola?
Mecanismos propostos:
Organização entre as turmas, e comprometimento dos funcionários:
- Eleger aprendiz para recolher as necessidades da turma e representá-las no pedido ao funcionário (figurino, iluminação, livros...).
- Que este seja eleito por um período determinado, de forma que haja rotatividade entre a turma.
- Efetividade da prestação de contas que foi sugerida em assembléia.
- Efetividade das comissões geradas pelas turmas para manutenção de figurino, cenário, memorial...
- Clareza na quantidade de funcionários da escola e suas respectivas funções.
Os mecanismos auxiliam e organizam as idéias na prática, mas não funcionam se não tivermos ciência da responsabilidade mútua em que nos impomos, ela não acontece só nas decisões. Parece de necessidade humana o sobre-carregamento seja de responsabilidade ou irresponsabilidades (bode expiatório), e assim o peso sempre sobra, e aqui ele também há de ser partilhado.
Talvez a consciência seja o ponto culminante, para que a gestão compartilhada aconteça.
Relator - Pedro (F13).
Tema 04: “Relacionamento Aprendizes-Funcionários”
Participantes: Rafaéis (F12 e F13), Gislaine, Josie, Leandro, Marcelo, Murilo, Ângela Maria, Fernando (F11) Suellen e outros polenizando ou borboleteando.
Esse relato não tem uma unidade textual, apenas busquei colocar em forma de texto os tópicos e opiniões levantadas durante o Fórum, sem ter chegado a um consenso entre todo o grupo.
Foi sentida certa dificuldade de relacionamento entre os aprendizes e os novos funcionários da ELT. Diz-se que há um conflito entre a pedagogia do ator-criador e as novas regras para utilização das salas, equipamentos e figurinos. Que a antecedência solicitada é muito grande, é incoerente com o processo dinâmico e libertário de criação artística da ELT.
Destacou-se que é necessária uma adaptação de ambas as partes, afinal são pessoas novas, com culturas diferentes, convivendo no mesmo espaço, que não há que se criar tensão, mas sim, integração. É preciso entender: o motivo e a pertinência das regras atuais, quais são as reais necessidades dos aprendizes e da Escola e quais são as funções dos novos funcionários.
Há uma relação natural de ambas as partes em se armar, em se proteger do novo, do diferente, mas é preciso amadurecer estas relações, não é o caso de se estimular a criação de mais couraças.
Foi colocada uma preocupação de que a ELT não pode se tornar um cabide de empregos públicos e que não há que ser um espaço de fortalecimento da verdadeira democracia participativa, onde as ingerências político-partidárias não sejam constantes e prejudiciais ao funcionamento da instituição, como ocorre, infelizmente, na maior parte dos órgãos públicos.
Relator: Alexandre Falcão
Tema 05: “O que eu vou ser enquanto eu crescer?”
Participantes: (não foi informado)
Foi com esta pergunta provocadora que este grupo começou a troca. O propositor dela, Marcelo da Formação 9, foi esclarecendo aos poucos, ao longo da discussão, a questão toda: Até que ponto os aprendizes são, ou podem ser, propositores de seu próprio processo? Propositores do tema que norteia o processo?
A provocação vai ao encontro das propostas de finalização de processos, que são feitas pelos mestres – ou pelo menos foi assim na Formação 9, já que cada formação tem um processo único, e o Marcelo, como não poderia deixar de ser, partiu de sua própria experiência. Bom, na verdade as propostas são, ainda feitas pelos mestres, mas os relatos mais recentes apontam para uma maior abertura em relação à aceitação – ou não – da proposta pelo coletivo, como colocaram alguns presentes da F11 em relação ao processo do Woyzék.
A questão é: Se os aprendizes propõem uma coisa, esta proposta não é também, a certo modo, um reflexo do processo que aquela formação viveu até aquele momento? Então por que não aceitá-la?
Uma importante questão apontada, é a do embate, por vezes, das necessidades pedagógicas, com as necessidades artísticas do processo. Portanto, ao se fazer uma escolha, tem que se lidar com a frustração...
Outro possível apontamento para a questão, é que a técnica não deve vir antes da necessidade, ou seja, o trabalho vai dizer qual a linguagem necessária... Impor uma linguagem seria castrar o processo, de certa forma.
O mestre, com seu ponto de vista faz a proposta para o coletivo. O coletivo aceita ou não. Ambos devem ter a escuta aberta para as necessidades do trabalho... Às vezes fechados num ponto de vista, perde-se o diálogo, o conflito, que é o lugar mais criativo do processo.
Alguém disse assim, que não me lembro quem disse num outro encontro desses em que as pessoas trocam idéias, palavras e outras coisas bonitas, que o ator não é o centro do processo colaborativo e há, portanto, um erro nesse ponto de vista, que por si só já hierarquiza o lugar do trabalho. Esse mesmo desconhecido disse que não existe uma fórmula para o processo colaborativo... Não há!
“Caminante no hay camino, se hace camino al andar”
Foram apontadas muitas outras questões, e elas foram se desenrolando simultaneamente e interferindo uma na outra. Uma delas foi sobre enxergar no presente, o quanto o presente está influenciando no processo... Quer dizer: Como, por exemplo, todos os conflitos que a ELT enfrentou esse ano aparecem no processo? Será que somos capazes de identificar? Talvez não, mas eles estão em cada processo.
E é essa sensibilidade tão cara que devamos, talvez exercitar. A de saber qual caminho estamos trilhando, para melhor aproveitar os pedacinhos todos. Ou fechar os olhos e se jogar, sabendo que a transformação está acontecendo. E é por isso que estamos sempre remexendo as feridas abertas. Pois, outra coisa apontada, é que se um coletivo está pouco proponente, é porque não está sendo remexido no lugar certo.
Estar sempre aberto pra mudar o caminho, andar o caminho, construir o caminho.
Relatora – Stella (F13)
Tema 06: “Como se relacionar com a Sra. Eliana Gonçalves, coordenadora da ELT?”
Participantes: Leandro, Ale Falcão, Mário, Sabrina, Luciana Yumi, Naye, Thiago França e outros polenizando ou borboleteando.
Esse relato não tem uma unidade textual, apenas busquei colocar em forma de texto os tópicos e opiniões levantadas durante o Fórum, sem ter chegado a um consenso entre todo o grupo
Foi exposto que a postura da Sra. Eliana Gonçalves, coordenadora (administrativa? geral? não sabemos o cargo ao certo) incomoda muito a comunidade de aprendizes. A Sra. Eliana teve uma única conversa com os aprendizes, que foi realizada em fevereiro, antes do início das aulas e da publicação do resultado da seleção para a F13. A maioria dos aprendizes da F13 só foi conhecê-la de vista na semana da Mostra, sem, no entanto, ter sido apresentada à ela. A comunidade de aprendizes não sabe quem ela é, qual é a sua função na Escola, inclusive porque ela geralmente não está presente no período noturno, horário de aula dos núcleos de formação de ator, onde há maior número de aprendizes e maior carga horária.
Causou grande estranhamento o fato de ela não estar presente, participando ativamente do Fórum, principal espaço deliberativo da comunidade ELT. O Fórum iniciou-se às 19h30 e a Sra. Eliana passou algumas vezes ao fundo da platéia do Teatro Conchita e só veio participar (como ouvinte) do Fórum a partir das 21 horas.
Ela foi convidada publicamente para uma reunião com a comunidade (aprendizes, funcionários e mestres) a ser realizada no dia 07 de agosto, sexta-feira, às 18h30, reunião essa a ser coordenada pelos aprendizes.
O grupo discutiu ainda outros pontos de pauta, relacionados à memória da Escola. Foi formada uma comissão que vai organizar uma Exposição de fotos e imagens sobre a História da Escola para a primeira semana de aula. Participam da comissão: Nayê, Luciana Yumi e Mário Augusto, entre outros.
No mesmo sentido, Thiago França propôs um projeto em que ele e outros voluntários farão entrevistas com os integrantes do quadro profissional da ELT (mestres e funcionários) no sentido de também resgatar a história e as percepções de todos, novos e antigos sobre o funcionamento deste espaço.
Relator: Alexandre Falcão
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Até o momento não recebemos os relatos dos seguintes temas:
Tema 07: Ocupação do espaço
Tema 08: Esvaziamento
Tema 09: A ELT possui uma estética?
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