sexta-feira, novembro 30, 2007

Mostra de Processos da Escola Livre de Teatro - Dezembro 2007

Segue a programação da Mostra de Fim de ano da ELT. e ao fim, um texto provocação para o fórum, de Luis Alberto de Abreu, compareçam!!!
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01 - SAB – 20h - Andarilhos.
Inspirado livremente na figura do andarilho dos poemas de Manoel de Barros, o trabalho em processo trata do encontro dos quatro intérpretes em torno da poesia que pode surgir do corpo, como ação, palavra e imagem. Coordenação da pesquisa: Thiago Antunes. Intérpretes: Aila Rodrigues, Ana Sharp, Marcos Reis e Natália Telles Ferreira, do Núcleo de Formação 11.
Histerróidas. Stand up comedy, com Cecília Mansur, da turma de formação 10.

02 – DOM – 16h Almanaque de Araque.
A sorte e o azar foram raptados. Para salvá-los o homem debaixo da escada tem de percorrer seis jogos e recolher as pistas que desvendam uma carta enigmática. No final, uma grande surpresa. Com a Cia Levante (aprendizes da turma de Formação 10) Texto de Antônio Rogério Toscano. Direção de Ana Roxo.

03 – SEG – 20h30 Como é que você acha que vai ser o futuro?
Turma de Formação 10 do Núcleo de Formação do Ator . As necessidades de uma época que tem pressa, em que as personagens vivenciam ansiedades e compulsões. O exercício é um passeio pela dramaturgia e pelo mundo contemporâneo. Orientação Denise Weinberg e Alex Tenório.

04 – TER – 16h Exercício cênico Núcleo de Montagem Circense.
abertura do processo de criação do espetáculo, livremente inspirado no livro A Lenda da Selva, de Rudyard Kipling, com previsão de estréia para meados de 2008. Orientação Marcelo Milan. Coordenação musical Moxé Ribeiro.
18h30 – FÓRUM ELT: Espaço Aberto: Identidade da Escola Livre de Teatro: O que você achava que era? O que você encontrou? O que você fez a respeito?

05 - QUA – 20h30 Como é que você acha que vai ser o futuro?

06 – QUI – 16h Leitura de cenas curtas.
Com o Núcleo de Estudos do Teatro Contemporâneo (Iniciação à dramaturgia). Orientação de Kil Abreu.
19h Abertura de processo do Núcleo de montagem em teatro de Rua.
O Núcleo apresenta a primeira tentativa de formalização cênica do processo de pesquisa iniciado em agosto, a partir do mito grego do Labirinto de Creta e de obras literárias nele baseadas, como A Casa de Astérion, de J.L. Borges e Os Reis, de J. Cortázar. Orientação de Ana Roxo.
20h30 – Cenas livres baseadas em Luz nas Trevas, de Brecht.
Turma de Formação 11 do Núcleo de Formação do Ator. Orientação de Mariana Senne e Luiz Mármora.


07 – SEX - 16h Título em branco.
Ensaio aberto do último exercício do Núcleo de Experimentação corporal, ainda em processo. Orientação de Juliana Monteiro.
20h30 - Exercício de Máscara Neutra.
Com o Núcleo de formação do ator 11. Orientação de Cuca Bolaffi.
Seres Imaginários.
Turma de Formação 10 do Núcleo de Formação do Ator. Baseados no “Livro dos Seres Imaginários”, de Jorge Luís Borges, os aprendizes criaram cenas a partir das ações físicas e do treinamento corporal para abordar o tema realidade e imaginação. Orientação de Thiago Antunes.

08 – SAB - 20h Memórias da Rua.
Espetáculo convidado com a Cia Barracão de Ofício. A pacata Rua do Valetão perde a tranquilidade depois da invasão de um exército. A rua é sitiada e passa por transformações. Pedro e Tuica, dois meninos, e Severina, a prostituta da rua, vivem nesta época em meio a confusões, sonhos e descobertas.
Público reduzido: 60 pessoas

09 – DOM – 16h Experimentos.
Com o Núcleo de Direção Teatral – Apresentação de fragmentos de cenas criados pelos diretores-aprendizes, inspiradas na estética do teatro épico. Orientação de Cláudia Schapira.
Público reduzido: 60 pessoas

10 – SEG – 20h30 Como é que você acha que vai ser o futuro?

11 – TER – 18h30 – Leitura de cenas curtas. Com o Núcleo de Estudos do Teatro Contemporâneo (Iniciação à dramaturgia), Turma de Formação 10 e convidados,. As cenas foram criadas pelos aprendizes do NETC. Orientação de Kil Abreu, Denise Weinberg e Alexandre Tenório
20h30 – Exposição do processo de trabalho do Núcleo de Narrativas de passagem. Uma ação artística e solidária desenvolvida em hospitais e asilos, com base na narração de histórias. Orientação Verônica Nóbili

12 – QUA – 20h30 - Como é que você acha que vai ser o futuro?

13 – QUI – 20h30 – Composição poética da realidade.
Exercício cênico do Núcleo de Teatro Laboratório. Crenças, caminhos de pedra, veículos de massa, cidade do sol. O que procuramos? Meu sangue é vermelho? São alguns dos questionamentos que permeiam o exercício. Orientação: Éder Lopes e Juliana Osmondes

14 – SEX – 20h30 – Voar.
Cena elaborada a partir de um exercício dramatúrgico de Thiago Nascimento (F11). Com Thiago Nascimento, Angela Maria Prestes (F11) e Edson Thiago Roni (F9)
Andarilhos. (repete)Sakala.
Espetáculo convidado com a Cia. Suco de Lótus. Sakala é um nome composto; sa significa "com"; kala "uma pequena parte de algo, um fragmento, um átomo, a medida de um dedo da lua"; SAKALA é a lua de posse de todos os seus dedos - "integral, inteira, completa" -, a lua cheia.Esta Mostra em Progresso é um tributo a Deusa da Prosperidade e Abundância, Lakshami. Coreografia e direção de Estelamare dos Santos


15 – SAB – 20h – Festas do fim.
Ensaio aberto do processo de montagem da Turma 9 do Núcleo de formação do ator, a partir do sagrado. Direção de Edgar Castro, Juliana Monteiro, Gustavo Kurlat, Newton Moreno e Alessandro Toller.

16 – DOM – 19h – Festas do fim.


Todas as atividades acontecem na Escola Livre de Teatro e Teatro Conchita de Moraes, com entrada franca.
Informações: escolalivre@ig.com.br/ Telefone: 4996-2164
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O futuro não nos traz nada, não nos dá nada; nós é que, para construí-lo, devemos dar-lhe tudo (...) Mas para dar é preciso ter e não temos outra seiva senão os tesouros herdados do passado e digeridos, assimilados, recriados por nós (Simone Weil).

Escola Livre: volume e profundidade de
uma experiência artística
Luis Alberto de Abreu

Minha experiência com a Escola livre de Teatro tem sido absolutamente fascinante. E posso dizer e testemunhar que minha atividade artística seria completamente outra senão partilhasse dessa experiência. Sim, porque a ELT não se reduz a uma escola de teatro como tantas outras. É muito mais. É uma “experiência artística” pela qual ninguém passa incólume. Mas sobre isso falarei mais adiante.
Por hora digo que participei ativamente da estruturação da ELT tanto na primeira fase (1990/1992) quanto na atual (1997/2000). E testemunhei a aridez que se tornou a produção teatral da cidade no intervalo entre as duas fases, quando a Escola foi desmantelada. Infelizmente o processo cultural no país continua seguindo aos sobressaltos e solavancos. Mas é melhor falar de ganhos.
A primeira fase da escola caracterizou-se pela implantação de uma nova mentalidade de ensino artístico: o artista transmite sua experiência, desvela seus processos de criação e reflete sobre a arte em geral e sobre seu trabalho artístico em particular com os alunos que são transformados em parceiros de criação. E, ao mesmo tempo em que faz avançar sua própria obra o artista transmite esses avanços a seus alunos. Tal proposta revelou-se um sistema de ganhos para o artista, para o aluno e para o público. E os resultados dessa experiência de investigação prática e teórica sobre os processos artísticos não demoraram a aparecer: no último ano de existência daquela primeira fase da ELT foram produzidos três espetáculos: Paranapiacaba, O brando e Travessias. Os dois primeiros permaneceram meses em cartaz e o último foi obrigado a encerrar carreira em razão da mudança na gestão municipal. Coisas da vida!
Mas o saldo, altamente favorável se for comparado a qualquer modelo de escola de teatro existente, não foi apenas esse. Além de demonstrar a eficiência e a credibilidade de um modelo que aliava processos regulares e conhecidos de formação teatral - presentes nas escolas de teatro tradicionais - com iniciativas e processos inovadores do “fazer teatral”, a Escola Livre de Teatro, em sua primeira fase, lançou elementos que puderam ser retomados e aprofundados em sua atual existência. O curso de dramaturgia, por exemplo, tornou-se, hoje, núcleo de dramaturgia, um espaço permanente de produção e pesquisa, além de fornecer assessoria dramatúrgica a grupos de teatro e desenvolver aprofundados estudos sobre dramaturgia contemporânea. Um deles é a investigação em torno do “Nô”, teatro clássico japonês que tem como objetivo o estabelecimento de uma forma teatral breve e intensa. Essa investigação tem como objetivo mais imediato a produção de seis textos teatrais que deverão ser montados pelo Núcleo de encenação.
Outro estudo é sobre o teatro narrativo que envolveu o “núcleo” na produção do texto do espetáculo Nossa cidade. A exploração de outros meios de expressão dramáticas, como o teatro radiofônico, também são objeto do interesse da ELT. O projeto pioneiro foi a produção de um CD com a produção de uma peça radiofônica a partir do texto teatral Nossa cidade.
No entanto, nem só da rica relação de alunos e professores/artistas vive a Escola Livre. A relação entre os professores e outros profissionais, quer em projetos conjuntos quer em palestras e reflexões, tem rendido excelentes frutos para os próprios profissionais envolvidos com a Escola. Minha parceria com o diretor Antonio Araújo para a encenação do premiado espetáculo O Livro de Jó, começou a nascer em conversas iniciadas nas dependências da Escola Livre. Da mesma forma, o projeto de Comédia Popular Brasileira, pesquisa sobre os fundamentos da comédia popular, também premiado, com seis espetáculos encenados pelo diretor Ednaldo Freire, igualmente nasceu na própria Escola a partir de uma investigação sobre a “Commedia Dell’Arte”, levada a efeito junto com Tiche Vianna. Da mesma forma, o projeto de teatro radiofônico surgiu da colaboração com Francisco Medeiros e Gustavo Kurlat, ambos professores. De outra vertente, a teórica, os cursos e discussões com alunos do núcleo de dramaturgia foram muito importantes para que eu desenvolvesse minha pesquisa sobre a estruturação de enredos e personagens a partir dos mitos e arquétipos, extenso e inédito estudo sobre dramaturgia que pretendo terminar nos próximos dois anos.
Outros projetos artísticos continuam sendo gestados dentro da Escola Livre que, agora, em sua segunda fase, ganha solidez como espaço não só de ensino e aprendizado, mas como local de reflexão, produção e geração de novas idéias e projetos para o teatro brasileiro.

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